O Banco Central (BC) do Brasil anunciou, nesta sexta-feira, 11 de julho de 2025, em Brasília, que só voltará a publicar uma carta aberta no início de abril de 2026. Isso ocorrerá apenas se a inflação oficial acumulada em 12 meses, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), encerrar o mês de março acima do teto da meta, que é de 4,5%. Com isso, a autoridade monetária esclareceu o prazo de divulgação de seu documento justificativo.
A decisão segue a publicação, no fim da tarde de quinta-feira, 10 de julho, de uma carta aberta para justificar o fato de o IPCA ter fechado o primeiro semestre de 2025 em 5,35% no acumulado de 12 meses, superando o teto da meta de 4,5%. Segundo o BC, o aquecimento da economia, o preço do café e a bandeira vermelha de energia foram os principais fatores que impulsionaram a inflação na primeira metade de 2025.
A meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) no sistema de metas contínuas, é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Na prática, isso significa que o IPCA em 12 meses pode variar de 1,5% a 4,5% até o fim do prazo determinado pelo Banco Central.
Esclarecimento sobre os Prazos da Carta
Inicialmente, havia a expectativa de que o BC teria que explicar o descumprimento do intervalo da meta de inflação a cada seis meses. No entanto, o BC esclareceu nesta sexta-feira que essa obrigação de divulgação semestral vale apenas para a primeira carta após a instituição do modelo de metas contínuas. As demais cartas só serão divulgadas após o prazo determinado pela própria autoridade monetária.
“Como a carta divulgada em 10/07/2025 indicou o primeiro trimestre de 2026 como prazo para o retorno da inflação ao intervalo de tolerância (1,5% a 4,5%), será necessário publicar nova nota e carta caso esse retorno não se concretize nesse horizonte, ou se o Banco Central considerar necessário atualizar as medidas ou o prazo estipulado”, informou o BC em nota.
Dessa forma, uma eventual nova carta só será divulgada no início de abril de 2026, caso a inflação oficial feche o primeiro trimestre (março) acima de 4,5% no acumulado de 12 meses. O documento poderá ser antecipado ou adiado caso o Conselho Monetário Nacional fixe uma nova meta ou o BC decida mudar o prazo estabelecido.
Expectativas para a Convergência da Inflação
Na carta publicada na quinta-feira, o BC não informou quando espera que a inflação retorne ao centro da meta, de 3%. Na nota divulgada nesta sexta, a autoridade monetária esclareceu que a previsão é que a convergência para o centro da meta ocorra no quarto trimestre de 2026, o que corresponde ao horizonte relevante da política monetária, de 18 meses.
As projeções do boletim Focus, uma pesquisa semanal com instituições financeiras que serve como cenário de referência para o Banco Central, indicam que o IPCA deve permanecer acima de 3% no final do próximo ano. Apesar disso, o BC esclareceu que as trajetórias de juros utilizadas pela autarquia ao definir a Taxa Selic (juros básicos da economia) não necessariamente seguem o cenário-base determinado pelo Focus.
“Conforme mencionado no parágrafo 22 da carta, se espera que a inflação convirja para a meta de 3% em 2026T4 [quarto trimestre de 2026]. O BC mantém postura monetária que coloque a inflação na meta no horizonte relevante: as trajetórias de juros utilizadas internamente pelo Copom nas decisões de política monetária (que visam garantir a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante) não coincidem, necessariamente, com a trajetória da Selic do cenário de referência, que é extraída da pesquisa Focus”, explicou o BC na nota.