Em maio de 2025, os brasileiros resgataram R$ 315 milhões em valores esquecidos no sistema financeiro, conforme dados divulgados nesta terça-feira (8) pelo Banco Central (BC). Ao todo, o Sistema de Valores a Receber (SVR) já devolveu R$ 10,7 bilhões aos clientes bancários. Contudo, ainda há um montante significativo de R$ 10,1 bilhões disponível para saque.
O SVR é um serviço gratuito do BC que permite a qualquer cidadão consultar se ele, sua empresa ou uma pessoa falecida possui dinheiro esquecido em bancos, consórcios ou outras instituições. Para a consulta, basta informar o CPF e data de nascimento (para pessoa física) ou CNPJ e data de abertura (para pessoa jurídica). Para o resgate dos valores, é necessário ter uma conta Gov.Br nos níveis prata ou ouro, com verificação em duas etapas habilitada.
Como Resgatar e Quais Valores Podem Ser Recuperados
O dinheiro pode ser resgatado de duas formas: entrando em contato diretamente com a instituição financeira responsável pelo valor ou fazendo a solicitação pelo próprio Sistema de Valores a Receber. Para herdeiros, testamentários, inventariantes ou representantes legais de pessoas falecidas, e também para empresas encerradas, o representante pode acessar o SVR com sua conta Gov.br pessoal e assinar um termo de responsabilidade para resgatar os valores.
Em maio, o Banco Central lançou uma nova funcionalidade: a solicitação automática de resgate de valores. Com ela, o cidadão não precisa consultar o sistema periodicamente ou registrar manualmente cada solicitação. Se algum recurso for disponibilizado por instituições financeiras, o crédito é feito diretamente na conta do cidadão. Esta funcionalidade é exclusiva para pessoas físicas e exige uma chave Pix do tipo CPF. A adesão é opcional.
O SVR permite recuperar diversos tipos de recursos, incluindo:
Valores em contas-correntes ou poupanças encerradas;
Cotas de capital e rateio de sobras líquidas de ex-participantes de cooperativas de crédito;
Recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados;
Tarifas cobradas indevidamente;
Parcelas ou despesas de operações de crédito cobradas indevidamente;
Contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas;
Contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas;
E outros recursos disponíveis nas instituições para devolução.
Mais de 48 Milhões de Brasileiros Ainda Têm Dinheiro a Receber
As estatísticas do SVR são divulgadas com dois meses de defasagem. Até o fim de maio, 31.304.956 correntistas já haviam resgatado valores, sendo 28.458.524 pessoas físicas e 2.846.432 pessoas jurídicas. No entanto, um número ainda maior — 48.135.963 beneficiários — ainda não sacou seus recursos, com 43.926.928 sendo pessoas físicas e 4.209.035, pessoas jurídicas.
A maior parte das pessoas e empresas que ainda não fizeram o saque tem direito a pequenas quantias. Os valores a receber de até R$ 10 concentram 62,84% dos beneficiários. Aqueles entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 25,06% dos correntistas, enquanto quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 10,21%. Apenas 1,89% tem direito a receber mais de R$ 1 mil.
O Banco Central alerta para golpes de estelionatários que prometem intermediação para resgates. O BC reforça que todos os serviços do SVR são totalmente gratuitos, não envia links nem entra em contato para tratar sobre valores a receber ou confirmar dados pessoais. Apenas a instituição financeira que aparece na consulta do SVR pode contatar o cidadão, e o banco pede que ninguém forneça senhas, pois nenhuma autoridade está autorizada a fazer esse tipo de pedido.