O som do beat. A rima improvisada. O grito da plateia. Toda sexta-feira, a Praça Céu, em Porto Velho, se transforma em um palco aberto onde a juventude periférica encontra na palavra sua forma mais potente de resistência e expressão. É ali que acontece a Batalha do JK, um dos maiores símbolos da cultura hip hop em Rondônia e referência estadual nas batalhas de rima.
Fundada há oito anos pelos irmãos Lustosa e Klisman, a batalha começou de forma simples, mas carregada de propósito: criar um espaço onde jovens pudessem se reunir, se expressar e transformar a realidade ao redor por meio da arte. Com o tempo, o projeto ganhou força e se tornou ponto de encontro fixo para MCs, DJs, poetas urbanos e amantes da cultura de rua.
Ao longo de sua história, a Batalha do JK passou por diferentes mãos. Vários MCs, com sua paixão e esforço voluntário, assumiram o compromisso de manter o microfone ligado e o movimento vivo. Mas foi a partir de 2020 que a trajetória da batalha tomou novos rumos, ganhando estrutura e visibilidade com a chegada de Carla Letícia e Caene Roberto.
Os dois, que também são fundadores da Liga de MC’s de Rondônia, assumiram a organização do evento de forma voluntária. Com dedicação e sensibilidade, transformaram a batalha em uma verdadeira potência cultural. Desde então, o espaço tem promovido edições especiais, seletivas estaduais, e o emblemático evento “Rei do JK”, que destaca talentos e fortalece ainda mais a cena do rap local.
Mais do que um evento de rimas, a Batalha do JK é um movimento social. É escola, onde jovens aprendem a usar a palavra como arma de transformação. É trincheira cultural, onde se resiste ao esquecimento e à marginalização das vozes periféricas. E é também um celeiro de talentos, de onde já saíram nomes promissores que hoje circulam em eventos de nível nacional.
Além de ser pioneira em Rondônia, a batalha inspirou outras iniciativas semelhantes, espalhando o desejo de ocupar espaços públicos com arte, cultura e consciência. Cada verso lançado na praça carrega não só criatividade, mas também denúncia, protesto e identidade.
E o mais importante: a Batalha do JK segue viva. Ativa. Pulsante. Porque enquanto houver microfone, praça e vontade de rimar, a cultura seguirá respirando — livre e forte.
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