Um despacho do delegado da Polícia Civil de Natal (RN) Aldo Lopes de Araújo repercutiu nas redes sociais nesta semana. No documento, o delegado é objetivo ao citar a “cagalança geral” dos poderes públicos.
O despacho serviu para liberar um morador de rua que foi preso pela Guarda Municipal depois de ter sido flagrado defecando em uma repartição pública, no último domingo (5/8).
O delegado fez seu relato indignado e teve a sensibilidade de não revelar o nome do morador de rua. “Trata-se de um brasileiro em típico estado de necessidade”, escreveu Araújo no documento oficial.
“Trata a presente ocorrência de uma cagalança geral: do prefeito ao secretário, passando pelo diretor do órgão, pelo vigilante de faz-de-conta, pelos membros da Guarda Municipal”, diz trecho do despacho.
Ao jornal Tribuna do Norte, o delegado explicou: “Ele não havia levado nada. Entrou lá só para fazer as necessidades e pronto. E só entrou porque, como em vários prédios públicos, os vigias não vigiam nada”.
O prédio em que o morador defecou foi um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), que estava fechado. “O conduzido é morador de rua, e não achou lugar melhor para dar de corpo, cagar, como se diz no idioma espontâneo do povo. Trata-se de um brasileiro em típico estado de necessidade. Ele não tem casa nem privada onde “arriar o barro”, como se diz lá em nós”.
Ao portal G1, o delegado Aldo Lopes explicou que fez uso de um vocabulário mais popular por ter se sentido inconformado com o fato “de um homem simples, abandonado pelo poder público”, ter sido levado para a delegacia por ter usado, “justamente um espaço público e que também não tem recebido os cuidados necessários”, para aliviar suas necessidades fisiológicas.
“Não admito injustiças. As coisas precisam ser melhor apuradas, melhor investigadas. É inadmissível que eu, em um plantão de fim de semana, tenha que perder tempo com uma coisa dessas. Por que ninguém pula o muro da sua casa para cagar? Porque você toma conta, zela pela sua residência, pela higiene e segurança dela. E deveria ser assim também com a coisa pública, que ninguém zela, que ninguém cuida”, desabafou.