Os produtores rurais de Capixaba, interior do Acre, enfrentam um cenário desesperador: toneladas de maracujá e polpas da fruta podem se perder por falta de compradores. A crise, que se arrasta desde setembro, atingiu um ponto crítico, e agricultores recorreram à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) nesta terça-feira (18) para pedir socorro.

A presidente da Cooperativa Agroextrativista Santa Fé (Copace), Nilva da Cunha de Lima, expôs o drama vivido por mais de 100 famílias que dependem da venda da fruta. “Nós viemos reivindicar o nosso direito de trabalhar, produzir e escoar. Não é justo você trabalhar e não ter para quem vender. O governo não compra e estamos desde setembro sem conseguir vender nada para a Secretaria de Educação”, desabafou.
De acordo com Nilva, seis câmaras frias já estão abarrotadas e não há mais espaço para armazenar a produção. “Nossa saída foi sair correndo nos mercados pedindo para comprarem, para aliviar um pouco o estoque. Só que isso não resolve, porque o volume é muito grande. Estamos puxando 21 mil quilos de maracujá por semana. Teve dia que puxamos 17 mil quilos só em uma segunda-feira. E o pior: a safra grande ainda nem começou. Em abril, a produção vai aumentar, e nós simplesmente não sabemos o que fazer”, lamentou.
Além da incerteza sobre o destino da safra, os produtores também enfrentam dificuldades financeiras. Muitos investiram em maquinário e implementos agrícolas e agora precisam pagar as dívidas sem nenhuma garantia de retorno. “Tem produtor com 3 a 5 toneladas de maracujá para vender e sem ninguém para comprar. É revoltante, porque antes nos chamavam de preguiçosos, diziam que a gente não produzia. Agora que produzimos, não temos mercado para escoar”, criticou Nilva.
A principal preocupação dos agricultores é com o desperdício iminente. Sem compradores, toneladas de maracujá e polpa da fruta podem estragar, enquanto centenas de famílias ficam sem renda. O setor clama por uma solução urgente do governo estadual para evitar um colapso ainda maior na produção agrícola do Acre.