Ataques aéreos israelenses atingiram Gaza nesta terça-feira (18), matando mais de 400 pessoas, conforme informaram as autoridades de saúde palestinas. Esse novo ataque ameaça o colapso de uma trégua de dois meses, enquanto Israel prometeu intensificar a força militar para libertar os reféns mantidos pelo Hamas.
O grupo militante palestino, que ainda detém 59 dos cerca de 250 reféns capturados durante o ataque a Israel em outubro de 2023, acusou Israel de violar o cessar-fogo, dificultando os esforços dos mediadores para garantir uma trégua permanente.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou que instruiu os militares a tomarem “medidas enérgicas” contra o Hamas em resposta à recusa do grupo em liberar os reféns e ao seu posicionamento contra as propostas de cessar-fogo.
O Egito, um dos mediadores do cessar-fogo, pediu moderação e instou todas as partes a trabalharem por um acordo duradouro.
Os ataques aéreos atingiram casas e acampamentos de refugiados em Gaza, e tanques israelenses bombardearam áreas ao longo da linha de fronteira no leste e sul do enclave.
“Foi uma noite de inferno. Parecia os primeiros dias da guerra”, relatou Rabiha Jamal, mãe de cinco filhos da Cidade de Gaza. Ela descreveu o momento em que um prédio tremeu e explosões começaram, deixando a sensação de que a guerra havia retornado.
Nos hospitais, que já estavam sobrecarregados após 15 meses de bombardeios, pilhas de corpos cobertos com lonas plásticas manchadas de sangue eram visíveis à medida que as vítimas eram levadas para atendimento. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que 404 pessoas morreram, muitas delas crianças, e 562 ficaram feridas.
As autoridades militares israelenses afirmaram que atingiram dezenas de alvos e que continuarão os ataques conforme necessário, aumentando a possibilidade de que o conflito se intensifique com a retomada de combates terrestres.
Volker Turk, chefe de direitos humanos da ONU, expressou indignação com os bombardeios israelenses, dizendo que a ação só pioraria a situação humanitária, já catastrófica, em Gaza.
Israel suspendeu a entrega de ajuda humanitária à região por mais de duas semanas, agravando a crise. Além disso, a mídia israelense informou que o país estaria preparando abrigos em Tel Aviv devido ao risco de retaliação do Hamas ou do Iémen.
A pressão renovada de Israel sobre o Hamas ocorre enquanto o conflito se espalha para outros países do Oriente Médio, como Líbano, Iémen e Iraque.
Expansão dos ataques
Esses ataques foram mais amplos do que os ataques regulares com drones que Israel havia realizado recentemente contra militantes. Eles aconteceram após semanas de tentativas frustradas de negociar a extensão do cessar-fogo iniciado em janeiro.
Testemunhas em Gaza disseram que os bombardeios israelenses atingiram áreas em Rafah, no sul de Gaza, forçando muitas famílias a deixarem suas casas e se deslocarem para o norte, para Khan Younis.
Entre as vítimas, estava Mohammad Al-Jmasi, um líder do Hamas, e sua família, incluindo netos, que morreram quando sua casa foi atingida por um ataque aéreo.
Em Washington, um porta-voz da Casa Branca afirmou que Israel consultou os EUA antes de realizar os ataques, ressaltando que o Hamas poderia ter libertado os reféns para estender o cessar-fogo, mas optou por continuar o conflito.
O Kremlin também expressou preocupação com os altos números de vítimas civis.
A situação continua a se deteriorar, com a guerra se estendendo além das fronteiras de Gaza, e a população local enfrentando enormes dificuldades devido ao aumento dos ataques e da escassez de recursos.