Médicos em Sydney, na Austrália, alcançaram um marco histórico na medicina cardiovascular. Um paciente australiano de 40 anos recebeu alta hospitalar após viver por mais de 100 dias com um coração de titânio, um dispositivo inovador que promete revolucionar o tratamento de doenças cardíacas graves.
A cirurgia de implante foi um sucesso, e o paciente continua se recuperando bem, segundo a equipe médica responsável pelo procedimento. Esse é um feito sem precedentes, pois, até então, nenhum outro paciente com esse dispositivo havia recebido alta hospitalar.
Como funciona o coração artificial
O BiVACOR é um coração mecânico de titânio que substitui a função do órgão humano ao bombear sangue pelo corpo. O dispositivo usa um motor com um sistema magnético para suspender seu rotor, reduzindo o desgaste mecânico e aumentando sua durabilidade.
Compacto e leve, o BiVACOR pesa cerca de 650 gramas e pode ser implantado até mesmo em crianças a partir de 12 anos. Seu funcionamento depende de uma bateria externa recarregável conectada por um fio ao peito do paciente. A bateria tem uma autonomia de quatro horas e emite um alerta quando precisa ser substituída. No futuro, espera-se que o sistema se torne ainda mais autônomo, eliminando a necessidade de baterias externas.
Expectativas e impacto no futuro dos transplantes
A sobrevida prolongada do paciente com o BiVACOR renova as esperanças da comunidade científica quanto à viabilidade de corações artificiais como alternativa à doação de órgãos. Com a escassez de corações disponíveis para transplante, esse avanço representa um potencial divisor de águas no tratamento de doenças cardíacas.
A cirurgia foi realizada no Hospital St. Vincent, em Sydney, sob coordenação do cirurgião cardiotorácico e especialista em transplantes Paul Jansz. Segundo ele, a equipe sentiu uma grande tensão no momento em que Daniel Timms, inventor do BiVACOR, acionou o dispositivo pela primeira vez.
A história do inventor
Daniel Timms idealizou o BiVACOR inspirado por sua paixão por inovação e engenharia. Desde a infância, ele passava horas ao lado do pai, que era encanador, estudando e experimentando o funcionamento de bombas d’água. Seu interesse levou ao desenvolvimento de um dos dispositivos médicos mais promissores da atualidade.
A cirurgia para implantar o coração artificial durou seis horas e foi realizada em um paciente com insuficiência cardíaca grave. Embora, por enquanto, o dispositivo tenha sido utilizado como solução temporária, a expectativa é que, no futuro, o BiVACOR possa substituir permanentemente corações comprometidos por doenças. Esse avanço pode transformar a cardiologia e salvar inúmeras vidas ao redor do mundo.