Com ações desencadeadas, por órgãos como a Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal (RF) e Procuradoria Geral da República (PGR), ocorrendo desde o final de 2021, a vida do governador do Acre, Gladson Cameli (PP) tem ido por um rumo que nem ele imaginava. Na verdade, os caminhos do engenheiro e amante da aviação, levam quase todos para o gabinete da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Nanci Andrighi.

Gladson, almeja viajar para a China na próxima semana, mas com o passaporte confiscado, a vontade ele tem, mas fica cada vez mais distante decolar para o oriente. Com a deliberação, o titular da pasta apelou para os advogados da Procuradoria Geral do Estado (PGE/AC) que foram bater na porta do Supremo Tribunal Federal (STF), justamente a instituição mais “Caxias” da justiça.

A viagem teria como foco a “Brazil China Meeting”. O evento é organizado por João Doria, ex-governador do estado de São Paulo. O pedido, segundo informações, será analisado pelo presidente do STF, Luiz Roberto Barroso. Ao defender a viagem do governador, a PGE apontou que a decisão de Andrighi mostra “ilações”. É como se a ministra não confiasse nas “boas intenções” do acreano, tendo em vista que ele poderia, nesse intervalo, ter relações com pessoas que continuam sob investigação.

Até então, seguia proibido de aproximar dos familiares de primeiro grau. Apesar de não demonstrar, a vida do sorridente e colecionador de “memes” na internet, Gladson Cameli, tem revelado um inferno astral.
Até março de 2023, o sobrinho do ex-governador, Orleir Cameli, sofria uma devassa pela Polícia Federal. Com base em provas detectadas pelos investigadores, o chefe do Executivo, foi apontado como o cabeça de uma Orcrim instalada no próprio governo.

A organização criminosa funcionava por meio de uma rede de tentáculos, inclusive ajudada por servidores, empresários e até irmãos do governador. A organização, segundo as investigações, fraudava contratos para facilitar a usurpação de dinheiro desviado do erário público.
A fase I e II da Operação Ptolomeu ocorreu em meados de 2021. Do rescaldo, surgiu o episódio III, em março de 2023. Foi uma das mais comprometedoras fases para o populista Gladson Cameli. Na época, a Polícia Federal, relatou o processo da operação da seguinte forma. “A investigação tramita no Superior Tribunal de Justiça e constitui desdobramento das fases I e II, deflagradas no ano de 2021, quando foi identificada organização criminosa, controlada por agentes políticos e empresários ligados ao Poder Executivo estadual acreano, que atuavam no desvio de recursos públicos, bem como na realização de atos de ocultação da origem e destino dos valores subtraídos, através da lavagem de capitais”, diz um trecho do texto.

Diante das provas comprometedoras, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) pediu ainda, na fase III, o bloqueio de R$ 120 milhões de bens ligados aos investigados. Houve o sequestro aeronaves, casas, apartamentos de luxo, que de acordo com a ação, foi tudo comprado com dinheiro desviado dos cofres públicos.
Caso consiga à autorização, Gladson pretende partir rumo à China no dia 8 retornando em 15 de janeiro. Em novembro de 2023, a PGR pediu ao STJ que o ‘acreano’ fosse prontamente afastado do cargo de governador. A resposta ainda tramita no gabinete da ministra Nanci.

A Secretaria de Estado da Comunicação acreana, informou que solicitações de viagens do governador para a justiça, vem sendo comum. “O governador planeja fazer uma viagem à China para participar, entre os dias 10 e 13 deste mês, de importantes encontros com outros líderes políticos e empresariais. Viagens dessa natureza são intrínsecas ao exercício do cargo de governador e tem por objetivo estimular o crescimento econômico, levando o nome do Acre ao exterior e trazendo investimentos para o estado”, finaliza.