Conduzido em um barco pelo Rio Madeira, a imagem de São Pedro é aguardada por devotos no Porto Cai N’Água. Ao longe, o soar da sirene vaza por entre o rio e a floresta pedindo passagem para o primeiro papa da Igreja Católica instituído por Jesus Cristo.

As margens do velho Madeira, devotos aproveitam para rezar, enquanto aguardam a chegada do santo em terra. “Além de rezar pela nossa saúde, pelos nossos familiares, aproveitamos este momento para rever conhecidos, afinal essa consagração vem de família”, explica o servidor público aposentado, João Afonso que aos 77 anos fez questão de participar da marcha solene.

Já em terra, a imagem de São Pedro é carreada por pescadores em cortejo a céu aberto. Enquanto isso, mais e mais romeiros vão chegando. Muitos preferem seguir o rito a pé como o aposentado João Afonso. “Tem que ir, afinal fé é sacrifício”, pontua.

Fé e animosidade fazem a procissão de São Pedro resistir ao tempo. “Sim, fiz questão de sair de casa para colocar minha fé em dia, e não apenas, ver de perto uma cerimônia centenária realizada na capital”.

Pela avenida Percival Farquhar, o cortejo pedia passagem. Diante do pôr do Sol, a expectativa de atingir o final só aumentava a vontade dos romeiros que rezavam e cantavam durante todo o percurso. “Há um barco esquecido na praia, já não leva ninguém a pescar. É o barco de André e de Pedro que partiram para não mais voltar”.
Por volta das 18h, São Pedro, finalmente chega ao seu templo. E assim, seguindo o rito, Pedro é recebida com alegria pelos fiéis que em seguida participaram de uma missa em sua homenagem.