Autor: Emerson Barbosa
Desde o lançamento, “O Território” (The Territory), do diretor norte-americano Alex Pritz tem protagonizado uma enxurrada de indicações a prêmios internacionais. É talvez, hoje a obra com maior número de estatuetas conquistadas fora do Brasil.
A película narra em fatos a guerra de ‘facções da terra’ contra os indígenas Uru-eu-Wau-Wau, de Rondônia que se uniram para defender seu território de invasões dos grileiros, madeireiros e desmatadores. “A defesa do meio ambiente não depende apenas dos indígenas, mas também dos órgãos de comando e controle, de políticas públicas claras na questão do etnoambiental, do desenvolvimento, do fortalecimento da cultura. Isso não apenas para indígenas, mas os quilombolas. As reservas extrativistas pedem socorro e estão numa situação pior que as reservas indígenas”, aponta Ivaneide Cardozo.
Com produção de Darren Aronnofsky, Sidrig Dyekjaer, Will N. Miller, Gabriel Uchida,Lizzie Gillett, imagens, Tangãi Uru-eu-wau-wau, edição, Carlos Rojas Felice, música, Kátia Mihailova e direção executiva de Txai Suruí, “O Território” revelou ao mundo o cenário de destruição provocado pela política ambiental desastrosa do governo de Jair Bolsonaro (PL) que tem ampliado os números do desmate, segundo os órgãos de fiscalização ambiental.
Ativista e coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé, Ivaneide Bandeira Cardozo, protagonista na obra, juntamente com Bitaté Uru-eu-Wau-Wau, explica que o filme tem parte dele gravado pelos próprios indígenas. São imagens que denunciam a ‘normalidade’ de um problema gravíssimo ocorrido em plena Amazônia rondoniense.
Questionada do poder dos indígenas que hoje usando recursos midiáticos conseguem mostrar a própria realidade, Cardozo explicou que isso é um avanço, mas não pode esquecer do papel da ‘imprensa’ que consegue ir além, inclusive promovendo discursões. “A imprensa ela bem colocada consegue pressionar os políticos, os órgãos públicos para agirem a favor da proteção. Hoje com uma câmera e um celular você consegue complementar as ações da imprensa do que fazer e o que estar acontecendo em relação aos crimes ambientais”.
Lançado oficialmente, em agosto de 2022, “O Território” já foi apresentado em diversos teatros, salas de cinemas e festivais dos Estados Unidos, Europa e por último no Brasil. A obra conta com 1h26m e no currículo 30 prêmios e nomeações de festivais e cerimónias em todo o mundo.
O Território tornou-se, segundo o detentor dos direitos visuais, o canal NetGeo, “um dos documentários mais condecorados de 2022”.