CANUTAMA, Sul do AM – Um ex-servidor da Empresa brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), na Capital Manaus, vêm sendo apontado por nativos e habitantes de comunidades locais como a pessoa que viria financiando a chegada de estrangeiros interessados em comprar terras na mesorregião do Rio Purus e BR-319,a partir da vizinha Humaitá.
Segundo habitantes do Vilarejo de Belo Monte, a 2,5 horas de lancha da sede administrativa desse município’, essa suspeita começou quando ‘nossa cidade passou a receber estrangeiros em barcos de longo alcance, lanchas rápidas e sobrevoos de aeronaves sobre as regiões, supostamente, oferecidas pela Internet e com aquisição de imóveis na cidade por esse ex-servidor da ECT-AM’.
Há indícios de que missionários irlandeses viajaram nos anos 2019 a 2021 para Canutama e Lábrea duas e/ou três vezes, em média, a esses municípios amazonenses através desse ex-servidor federal. Da mesma forma, a suspeição aumentara, ainda anda mais, com o aumento das postagens do mesmo nas redes sociais de uma mansão dele em Goiânia, pôsteres de viagens dele e da família à Europa a partir da Zona Franca de Manaus (ZFM).
De acordo com fontes ligadas à Prefeitura de Canutama ‘o visitante anônimo, cheio de vontade de investir em nosso município, através de outras pessoas, já teria solicitado ao Prefeito Zé Roberto, licenciamento ambiental para abrir estradas ligando Belo Monte ao distrito de Realidade, em Humaitá, com áreas divisoras entre as BRs 319 e Transamazônica’.
Desde que o ex-servidor da Agência dos Correios e Telégrafos, na Capital Manaus, ele teria sido visto em companhia de estrangeiros interessados em comprar terras nas cidades de Canutama, Lábrea e Humaitá. Alguns deles, disseram moradores, ‘insistiam em obter endereços entre amigos canutamenses’. Isso, lembraram, ‘a tensão mais que dobrou entre migrantes e nativos no entorno do Bioma da Bacia do Rio Purus, Reservas Mapinguari e Balata-Tufari, esses nos rios Assuã e Mucuim’.
O medo de terem suas terras invadidas para estrangeiros (?) através de processo fraudulento como, supostamente, viria ocorrendo em três décadas no Sul do Estado (o principal conflito na BR-319 foi o da ex-Fazenda Shalom, onde três sem terras foram assassinados), com grandes perdas de direitos previstos pela Constituição, ‘essa é a motivação principal do recrudescimento dos conflitos agrários sob o suposto envolvimento e patrocínio de madeireiros, fazendeiros e grileiros, em sua maioria, advindos do lado rondoniense e acreano’, afirma fonte religiosa em Humaitá.
QUEM É O EX-SERVIDOR – O Jornalismo do NEWS RONDÔNIA obteve na Capital Manaus o nome dele. Porém, como não foi possível contato com ele e/ou a Igreja ao qual pertenceria, soube-se que, ‘o mesmo viveria na Irlanda e, teria domicílio, em Goiânia. Por transitar com desenvoltura no meio político regional, ‘encontraria facilidades para tocar negócios e documentações ambientais e agrárias’, atesta fontes ligadas a movimentos indígenas e ambientais.
Populações tradicionais das áreas afetadas com queimadas e desmatamentos nesta da região, ‘sem fiscalização e políticas públicas de proteção, ‘só tem atraído grupos econômicos rondonienses, acreanos, sulistas e sudesinos em busca de terras baratas em áreas de ocupação ilegal, e no entorno dos Campos Amazônicos e da Flona Mapinguari’, ressaltam lideranças locais.
Sobre o assunto, uma situação de grande preocupação das populações tradicionais já foi relatada ao Chefe da Fiscalização do Instituto de Proteção do Meio Ambiente do Estado do Amazonas (IPAAM), Raimundo Chuvas. Segundo ele, ‘na região há duas bases de monitoramento do Estado, como parte da Operação TamoioTatá, atuando já com resultados positivos’.
A autoridade amazonense em meio ambiente listou serrarias que funcionavam ilegalmente e foram fechadas, os ativos arrestados em madeiras nos pátios arrestados e os proprietários multados em territórios dos municípios de Apuí e Humaitá. As ocorrências constam no relatório da Operação Tamoiotatá e do órgão de controle ambiental. Porém, o NEWS RONDÔNIA ainda não teve acesso ao documento.
No Sul de Canutama e Lábrea, Raimundo Chuvas assegurou que, ‘o IPAM não deixará de fazê-lo em cumprimento à legislação’. Enfim, apelou para que as comunidades não se intimidem e denunciem crimes ambientais (queimadas, desmatamentos e outros) às autoridades governamentais.
O QUÊ DÁ COBIÇA – Com ricas terras e potencial madeireiro gigante, o vilarejo Belo Monte, situado entre o Rio Purus e a Foz do rio Tapauá, no município de Canutama, desde que missionários irlandeses passaram a ser vistos na região, ‘além de suas belas terras e madeireiras nobres, também, seria cobiçada por guardar reservas minerais’, revelam lideranças já afetadas por desmatamentos ilegais.
Desde que este site levantou a questão, ainda nos anos 2017, em meio à chacina de três líderes rurais na ex-Fazenda Shalom, entre os quilômetros 42 e 58, da BR-319, o Sul de Canutama e Lábrea estão sujeitos, ‘as incursões de pecuaristas e madeireiros’.
Esses setores, nos últimos tempos, aumentaram a busca por documentos de terras e pessoas junto ao Departamento Fundiário e de Assentamento da Unidade do INCRA, em Humaitá’. Segundo ex-servidores ligados a ex-titular do órgão, Terezinha Barbosa, ‘a motivação é buscar documentos antigos ou propostas de ocupação por registro em Cartório de Imóveis e até por compor terras entre particulares e beneficiários da Reforma Agrária ao longo dos biomas dos rios Azul, Mucuim, Ipixuna, Assuã e da Bacia do Rio Purus’.