O Brasil chega, neste final de semana, a cerca de 229 mil vítimas da Covid-19. O número de casos acumulados desde o início da pandemia está prestes a atingir o número de 10 milhões de pessoas. Considerando que a maioria das pessoas que contrai o vírus apresenta as versões assintomáticas ou fracas da doença, é provável que este último número seja muito maior que o registrado pelas autoridades.
É de fato uma doença que se alastra em alta velocidade pelo planeta, e aqui no nosso país não seria diferente. Ainda mais considerando o grau de politização que atingiu o trato desse problema.
É um evento completamente novo para todos nós, e somente lá pra frente que vai dar para julgar com certeza tudo o que aconteceu, mas, em português bem claro, uma coisa é “batata”: estamos pagando o preço da irresponsabilidade.
Aqui a carapuça veste em muita gente. Desde as pessoas que se negam a acreditar na gravidade da pandemia, passando por aquelas outras que falam muito em máscaras e isolamento social, mas esquecem de usar as luvas de plástico no bufê do restaurante, e chegando nas autoridades. Ah, as autoridades!
As mesmas autoridades que desviam verbas da saúde, da educação, e depois ficam falando “fique em casa” na internet; que tornam obsoleta qualquer estrutura de saúde quando constata que a torneirinha secou; que travam uma pré-campanha presidencial em meio a uma pandemia com centenas de milhares de mortes no país. Isso é insano…
Passado um mês do estouro da crise de oxigênio em Manaus, será que já estamos prontos para o próximo flagrante de irresponsabilidade? É, pois na semana que passou já tivemos o flagrante de insensibilidade na comemoração, em alto estilo, de centenas de políticos festejando com champanhe importada o resultado da eleição das presidências da Câmara e do Senado.
Estamos nos sentindo desamparados no meio desse tiroteio sórdido no campo de guerra da política. Dá para arriscar a dizer que ficaríamos felizes se pelo menos demonstrassem alguma tristeza com o que estamos vivendo.
Sabemos, obviamente, que seriam lágrimas de crocodilo. Mas já é melhor que nos forçar a ver seus brindes com Chandon.