Em menos de 24 horas, após ter autorizado o retorno das aulas em colégios e faculdades particulares, o governo de Rondônia, Marcos Rocha (sem partido), assinou um decreto autorizando o retorno das aulas nas escolas estaduais. Desde o ano passado, a decisão vinha sendo questionada por conta do aumento de contaminação entre os estudantes, servidores e seus familiares pelo novo coronavírus (SarsCoV-2).
No dia em que o estado de Rondônia registrou mais 22 mortes e 1.154 casos do novo coronavírus, o governo estadual tomou uma medida que para a Organização Mundial da Saúde (OMS) é vista como “desumana e desesperadora”, vista sobre um contexto que foge a realidade atual do cenário de pandemia em Rondônia.
Coube ao secretário chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves, divulgar a decisão do governo sobre o retorno das aulas nas escolas estaduais, até então vista como preocupante e complexa dada a realidade em que o estado tem passado com a explosão de casos do novo coronavírus.
A Seduc deverá anunciar nos próximos dias o que o secretário chamou de “plano de segurança” para a volta das aulas, em plena pandemia. O estado tem apresentado mortes diárias na casa de 12 a 20 pessoas, com o número de infectados passando dos 1 mil casos.
Nas redes sociais, a determinação não agradou a população. O morador Ivondernilson dias criticou a posição do governo. “Tem que fazer igual a Manaus, liberar tudo. Preparar milhares de covas. Equipar todos os hospitais e cemitérios com câmaras frias. Em síntese, salve-se quem puder”, lamenta.
Eliane Barros também comentou. “Eu não sei qual dos dois é mais irresponsável. Sinceramente, nós estamos passando por caos, mortes todos os dias e tu acha que eu vou colocar em risco a vida dos meus filhos. Jamais sr. governador e esse secretário aí, eu tive uma perda na família e não quero passar mais por isso. Então sejamos sensatos em pensarmos na dor do outro”, comenta.
O governo prevê o retorno das aulas de maneira escalonada e pelas ultimas séries, divididas entre as escolas estaduais e as municipais. Estão dentro desse contexto, alunos do 9º ano e 3ª série do ensino médio. Na decisão, fica a cargo dos prefeitos autorizarem a volta das aulas do ensino fundamental. No decreto 25.784, o governo de Rondônia já havia regulamentado as aulas nas faculdades e escolas privadas, em qualquer uma das fases do plano de distanciamento social.
Para servidores públicos, acometidos por comorbidades, a decisão do governo é algo fora do contexto. “Não tem fundamento. Não tem necessidade o retorno das aulas, não neste momento em que estamos vivendo. Veja só, o estado não consegue garantir para população o mínimo de leitos de UTI, leitos clínicos, não tem médicos, como o governo assina um decreto autorizando o retorno das aulas”, questiona uma professora que prefere não se identificar.
Mas não é o que o titular de Estado da Saúde, Fernando Máximo afirma. Em coletiva na terça-feira (02), ele declarou que o “estado já tinha leitos suficientes para atender os seus pacientes”. Segundo o secretário, seriam 214 leitos de UTI, 40 adquiridos nos últimos dias. O secretário só esclarece, se esses 214 leitos englobam as UTIs que já são usadas pelos pacientes em tratamento contra a covid-19, ou se são novas unidades.