A mais recente edição da revista britânica The Economist, publicada no último dia 29 de junho, traz uma análise dura sobre o atual momento político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sob o título “Brazil’s president is losing clout abroad and unpopular at home” (“O presidente do Brasil está perdendo influência no exterior e é impopular em casa”), a matéria afirma que Lula não se adaptou ao novo cenário geopolítico mundial e que sua atuação, tanto internacional quanto interna, tem se tornado cada vez mais incoerente e ineficaz.
Segundo a publicação, o Brasil tem se distanciado das democracias ocidentais e se aproximado de regimes autoritários, como China, Rússia, Irã e Venezuela, o que tem gerado preocupação entre líderes internacionais. Um dos pontos destacados foi a nota oficial do Itamaraty condenando os ataques dos Estados Unidos a instalações nucleares iranianas, contrariando a postura de todas as demais democracias ocidentais. Para a The Economist, essa atitude evidenciou o isolamento diplomático do Brasil em relação aos seus antigos aliados.
A reportagem também ressalta o papel do Brasil na presidência do BRICS, bloco de países emergentes que tem ampliado sua composição com nações de regimes autoritários. O encontro anual do grupo, que ocorrerá em julho no Rio de Janeiro, contará com a participação do Irã — e os diplomatas brasileiros já estariam trabalhando para conter danos e evitar discursos que possam agravar ainda mais a imagem do país no cenário internacional.
Outro ponto crítico levantado pela revista é o fato de Lula não ter sequer se encontrado com o presidente americano Donald Trump desde o início de seu terceiro mandato, contrastando com as visitas frequentes à China e a participação em eventos ao lado de líderes como Vladimir Putin. A tentativa de posicionar o Brasil como mediador em conflitos globais, como a guerra na Ucrânia, é descrita como grandiosa e inócua: “Nem Putin e nem ninguém ouviu”, afirma o texto.
No plano doméstico, a situação tampouco é confortável. A The Economist afirma que Lula enfrenta rejeição crescente entre os brasileiros. Dados citados indicam que apenas 28% da população aprova seu governo, e que a sua popularidade pessoal está em torno de 40%, o pior índice em seus três mandatos. A derrota política no Congresso, que derrubou um decreto presidencial de aumento de impostos no final de junho, também é apontada como sinal do enfraquecimento do governo e da dificuldade de articulação com o Legislativo.
A revista britânica ainda destaca que o Brasil mudou: tornou-se um país mais conservador, com crescimento do evangelismo, da informalidade e de uma nova direita que, mesmo com Jair Bolsonaro sob risco de prisão, segue forte e articulada. O silêncio de Trump sobre o Brasil, segundo a matéria, seria um indicativo de que o país perdeu relevância estratégica no atual xadrez global.
A conclusão da análise é direta: Lula deveria parar de agir como se o Brasil ainda fosse peça central nas grandes decisões internacionais e focar nas urgências internas. Uma crítica que, vinda de uma das mais respeitadas publicações políticas do mundo, ressoa com força nos corredores do Planalto e pode influenciar tanto investidores quanto observadores internacionais.
Enquanto o presidente tenta reposicionar o Brasil no tabuleiro geopolítico, o cenário apontado pela The Economist serve de alerta: sem consistência interna e sem coerência externa, até mesmo um líder com trajetória histórica pode ver sua influência se esvaziar — como um balão prestes a estourar.