Aos 74 anos de idade, o senador Confúcio Moura (MDB) fez um relato emocionante sobre como viveu o período do “Golpe Militar de 1964”, que resultou na deposição do presidente brasileiro João Goulart entre 31 de março a 1.º de abril daquele mesmo ano. No blog do Confúcio, de domingo (31), o senador resumiu sobre esse período: “Não tenho saudades”.
Na época do Golpe Militar, Confúcio tinha 16 anos de idade e morava no Tocantins. Aos 19 anos, se mudou para a capital de Goiás, Goiânia, quando transcorria o primeiro governo do ditador brasileiro, Castelo Branco.
“Na escola, no ensino médio, nas faculdades, nos diretórios acadêmicos, na vida, combatia-se a ditadura; havia um subterrâneo de manifestações. Eu mesmo tive vários colegas presos naquela ocasião, jovens, mulheres e homens; e assim foi feito”, descreveu.
Moura segue o relato dizendo que “Fui amadurecendo, 18, 20 anos, me graduei. Fui militar por 10 anos, sargento da Polícia Militar de Goiás, durante a efetivação da ditadura militar. Vim para Rondônia em 1976, janeiro. Enquanto isso, perdíamos todos os políticos da centro-esquerda brasileira; todos os intelectuais, professores das universidades, artistas, estudantes secundaristas e universitários. Houve muita tortura, muita violência”.
“A ditadura se especializou na tortura, se especializou nos seus sistemas de informação. Ela se especializou, justamente, na arte de toda a ignomínia política brasileira, e se esqueceu de governar. O governo militar tinha um plano de soberania nacional, um plano ultranacionalista, um plano ultradireitista, e tudo isso foi acontecendo nos seus 21 anos de exercício de exceção. Praticamente nada de bom aconteceu”, enfatizou.
Ponto alto do relato do senador ficou para a afirmativa: “Posso dizer a vocês, de cátedra e experiência pessoal, que eu vivi esse tempo, e não tenho nenhuma saudade; não tenho nenhum orgulho. Quando vejo, hoje, o povo brasileiro polarizado, exaltando princípios que foram as bases da ditadura de 64, eu fico muito triste. Talvez esse pessoal de hoje não queira ler a história, não queira ver tudo isso”.
Continuando a sua manifestação sobre o assunto, o senador fez um comparativo com os dias atuais. “Agora, estamos nós aqui, em pleno 2024, ainda amargando uma polarização brasileira, muita gente pedindo a ditadura militar. Há pouco tempo muita gente foi para a frente dos quarteis pedirem intervenção, querendo uma nova ditadura, querendo um novo. Acho que o pessoal não tem memória histórica, ou estão brincando de repetir o passado nefasto”, escreveu.
Por fim, Confúcio Moura diz que não comemora o dia 31 de março com glória. “Nós precisamos encontrar modelos para realmente combater a miséria, a desigualdade brasileira, promover o crescimento justo, equilibrado. Chamar quem está de fora para dentro do Brasil; isso é fundamental (…) Eu não comemoro este dia 31 de março com glória. Eu repugno completamente esses princípios. Eu vou convivendo, vou trabalhando, no meio termo, sem fazer críticas frontais a ninguém, mas, aqui dentro do meu coração, eu repudio veementemente, eu não concordo, de maneira nenhuma, com uma nova ditadura”, concluiu.