Reunidos há quase três horas com a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), governadores de 12 estados interessados em importar a vacina russa Sputnik V subiram o tom das cobranças pela liberação da compra.
A avaliação geral dos governadores é de que a agência está muito apegada a questões burocráticas e travando a compra dos imunizantes em um momento de recordes diários de mortes pela covid-19.
Eles defendem que a Anvisa libere a importação com base na Lei 14.124/2021, que dispensa de aprovação pelo órgão sanitário as vacinas que já tiverem passado pelo aval de outras agências, entre as quais a russa.
"520 pessoas morreram no Brasil enquanto estamos aqui debatendo", afirmou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), que manifestou o interesse em adquirir pouco mais de 4,5 milhões de doses da Sputnik V.
Maior comprador do grupo, com quase 10 milhões de doses, o governador da Bahia, Rui Costa, se disse "perplexo" com a falta de consideração da Anvisa para com "a vida humana". "São milhões de doses aplicadas da vacina Sputnik em 50 países, sem qualquer noticia de problemas ou adversidades", afirmou.
Os diretores da Anvisa fizeram uma longa apresentação técnica para explicar que muitas informações não foram encaminhadas pelos representantes da Sputnik V no Brasil. Os argumentos, contudo, não sensibilizaram os governadores. A reunião ainda está em andamento.
O consórcio de governadores das regiões Norte e Nordeste anunciou no mês passado a intenção de comprar 37 milhões de doses da vacina russa. O Ministério da Saúde informou um acordo para a aquisição de outras 10 milhões de doses.