"Eu quero que tu fique bem longe dele. Tu nunca mais procura o Nunes porque, se eu sonhar, eu vou te buscar na sua cidade. Eu sei onde tu mora. Eu te mato". Assim, uma integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) ameaçou e torturou uma jovem de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, por cerca de 40 minutos após descobrir uma traição. Nesta quinta-feira (10), a Polícia Civil de Minas Gerais informou que os participantes da agressão, ao todo quatro, já foram identificados, mas não foram localizados.
O caso foi descoberto no dia 24 de setembro, quando a mãe da vítima, de 21 anos, compareceu à delegacia de Betim, contando que havia recebido informações que a filha estava sendo torturada na cidade paulista de Campinas, onde residia há alguns meses trabalhando. A profissão dela não foi divulgada.
"Ela também recebeu vídeos mostrando que a filha teve o cabelo raspado. Descobrimos que a vítima estava em Campinas, mas não tínhamos a localização exata. Uma amiga dele em São Paulo que nos deu informação de onde a jovem residia. Nossa equipe avisou a Polícia Civil de São Paulo e quando chegamos lá, ela já havia sido resgatada", detalhou o delegado Renan Gutierrez.
À polícia, a jovem contou que foi retirada do apartamento em que vivia e levada para um outro imóvel. Lá, a mandante do crime e outras duas mulheres iniciaram as agressões. O homem que estava junto ficou como "segurança" para que a mulher não fugisse.
Facebook da vítima
Nas gravações, a mulher traída ameaça a vítima. Não satisfeita, a bandida ainda postou o vídeo da tortura e fotos com legendas ofensivas no Facebook da vítima. Em uma das poucas vezes que falou na filmagem, a jovem de Betim disse: 'eu já estou longe dele, idiota'.
A vítima contou aos policiais que não sabia do envolvimento do homem com a organização criminosa. "Ele, a princípio, não participou das agressões. Não podemos afirmar, mas acreditamos que eles poderiam matá-la ou que a obrigassem a fazer algum tipo de trabalho para pagar o que tinha feito. Inclusive, a mandante chegou a pegar uma lâmina para cortar o rosto da vítima, mas desistiu", detalhou o policial.
Envergonhada
A jovem ficou um dia em poder dos criminosos. Ao ser resgatada pelos policiais paulistas, ela estava sozinha no imóvel onde ocorreram a tortura, mas, em estado de choque e ameaçada de morte caso saísse da casa, não pediu ajuda.
"Ela estava muito envergonhada. Durante o trajeto de volta para Minas, a vítima não quis sair da viatura para se alimentar e beber água. Após se encontrar com os parentes em Betim, a jovem já não se encontra mais na cidade. Ela está em outro Estado", afirmou o delegado.
Os autores, que não tiveram os nomes divulgados, poderão responder por cárcere privado e tortura.