A dinâmica das vendas no setor automotivo brasileiro apresentou alterações relevantes ao longo do primeiro semestre de 2025. De janeiro a junho, o país registrou 1.129.004 veículos emplacados, número 4,9% superior ao mesmo período de 2024. A expansão é atribuída, em grande parte, ao aumento da venda direta, que representou 46,3% do total acumulado — consolidando uma mudança no perfil comercial do setor.
Os dados são da consultoria Bright Consulting, que também revelou que, apesar da retração de 5,7% nas vendas de junho em relação a maio, o desempenho permaneceu estável em comparação ao mesmo mês do ano anterior, com variação de apenas –0,2%. Foram emplacadas 201.740 unidades no último mês analisado. O principal vetor de sustentação do mercado foi a venda direta a locadoras e frotistas, que respondeu por metade dos emplacamentos de junho.
A análise da participação por estado revela uma inflexão inédita. Minas Gerais liderou os emplacamentos com 25,4% do total em junho, superando São Paulo, tradicional líder do setor, que ficou com 24,3%. Segundo especialistas, o avanço mineiro está diretamente ligado à concentração de vendas diretas, favorecendo grandes volumes de aquisição corporativa.
As montadoras também registraram movimentações. A Fiat manteve a liderança no acumulado da primeira quinzena de junho com 41.804 unidades, seguida por Volkswagen (37.053), Chevrolet (21.920), Hyundai (16.199) e Toyota (14.908). No comparativo mensal, destaque para os crescimentos de VW (+1 p.p.), GM (+0,8 p.p.) e Ford (+0,4 p.p.), enquanto Fiat, Hyundai e BYD perderam participação de mercado.
Ao mesmo tempo, o segmento de veículos eletrificados aumentou sua presença no mercado. Junho encerrou com 20.590 unidades emplacadas, volume 44,7% acima de junho de 2024. A participação dos eletrificados no mês foi de 10,2% das vendas totais, com BEVs e PHEVs correspondendo a mais de 61% desse total. No acumulado do ano, o crescimento já alcança 41,9%, com 111.095 unidades.
A retração do canal showroom também foi observada. Em junho, as vendas nesse segmento caíram 10% em relação ao ano anterior, totalizando 100.867 unidades. No semestre, a redução foi de 2,1%. A queda sugere uma alteração estrutural no comportamento de consumo, com o crescimento de modelos de aquisição por assinatura e foco em compras corporativas.
Com a reorganização dos canais de venda, alterações na liderança regional e consolidação dos eletrificados, o mercado automotivo brasileiro atravessa uma etapa de recomposição estratégica. A configuração observada nos primeiros seis meses pode influenciar as decisões comerciais e industriais para o restante do ano.