O Atlas da Violência 2025 trouxe um dado que exige atenção das autoridades brasileiras. O suicídio, um problema de saúde pública, tem colocado a Região Norte em estado de alerta, principalmente entre a população indígena. O Atlas explica que “o suicídio é uma das questões epidemiológicas de maior expressão entre os povos indígenas. Podem ser destacadas como causas as pressões constantes sobre as condições de vida e reprodução material dessas populações. Desigualdades econômicas, fatores sociais e históricos contribuem para o fenômeno”.
Na edição deste ano, divulgada em maio, o documento revelou o cenário entre as pessoas indígenas. O levantamento mostra um “incremento nas taxas de suicídio no Brasil, tanto para a população nacional quanto para a população indígena. A taxa geral passou de 5 em 2013 para 7,8 em 2023. Ao final do período, o crescimento foi de cerca de 56%”.
De 2013 a 2023, a taxa de automutilação entre indígenas apresentou um salto de 13,4 para 18,6. Para o Atlas, é preciso verificar os fatores que podem ter levado a essa oscilação decorrente da “doença” nesse período. Por se tratar de um evento de múltiplos fatores, alguns até desconhecidos, o documento chama a atenção para um cenário que varia bastante ao longo dos anos. “Os eventos que atingem as comunidades indígenas podem ser únicos e de grande impacto, a exemplo de construções de megaempreendimentos, invasões territoriais, crises sanitárias, endemias e epidemias. Além disso, questões metodológicas podem fazer com que os dados relativos às populações indígenas sejam mais voláteis, devido ao menor tamanho populacional, tornando as taxas mais sensíveis aos números absolutos. Considerando que a população indígena é menor, cada suicídio tem um impacto maior na taxa; portanto, as flutuações podem ser mais pronunciadas.”
O documento também informa que “as taxas e o número de suicídios de indígenas variaram significativamente ao longo dos anos, com um pico de 38,3 por 100 mil indígenas em 2014 e um mínimo de 16,1 em 2022, tendo aumentado para 18,6 em 2023”.
Dos sete estados da região Norte, Amazonas, Roraima, Tocantins e Acre se destacam em número de ocorrências. Em seguida vêm Pará, Rondônia e Amapá. O Atlas chama atenção para as taxas de mortes por 100 mil habitantes verificadas em 2023, destacando: Amapá (226,3); Roraima (75,8); Tocantins (46,4); Amazonas (43,2); e Acre (8,5). Fora do eixo Norte, mas com comportamento semelhante, o Mato Grosso do Sul apresentou, em 2017, uma taxa elevadíssima de suicídio: 360,1 por 100 mil habitantes.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece suporte emocional e atua na prevenção do suicídio. Se você está em crise e sente que não tem a quem recorrer, entre em contato com o CVV. O atendimento funciona 24 horas por dia, gratuitamente, pelo telefone 188 ou pelo chat no site oficial.