O livro Geografia Histórica de Carauari do Juruá: 130 anos de mudança socioeconômica, territorial e ambiental, fruto de 25 anos de pesquisa do autor, inicia-se a partir do primeiro Ciclo das Drogas do Sertão — produtos extraídos pelos indígenas e comercializados com os negociantes de Cametá, no atual estado do Pará — passando pelo Primeiro Ciclo da Borracha (1880–1912) até os dias atuais, com a formação territorial, econômica, social e política dos seringais na Amazônia. Esse período marcou a substituição das canoas a vela e remo por embarcações a vapor, encomendadas em estaleiros na Grã-Bretanha, impulsionadas pela grande demanda da borracha natural, matéria-prima essencial para a Segunda Revolução Industrial na Inglaterra.
A economia gomífera, oriunda da seringueira (Hevea brasiliensis), proporcionou riqueza, opulência e prestígio aos seringalistas — como eram chamados os patrões e barões da borracha. Ao longo dos rios, vilas (como eram chamadas as futuras cidades) foram se urbanizando, com destaque para Belém (capital do Pará) e Manaus (capital do Amazonas), que se tornaram conhecidas como a “Paris dos Trópicos” e hoje são consideradas metrópoles da Amazônia. As vilas principais, situadas em locais estratégicos, tornaram-se sedes de municípios.
Nesse contexto, surgem os seringalistas, a seringueira e o seringueiro, compondo a tríade do desenvolvimento econômico, ambiental, social e político, em meio à miscigenação entre sertanejos, indígenas e negros com árabes, portugueses, peruanos, italianos, espanhóis, sírio-libaneses, entre outros — formando um verdadeiro caldo cultural em matizes de raça, cor, costumes, hábitos, vestimentas e outras expressões.
Durante a pesquisa, o autor encontrou um fato histórico inédito: a criação do município de Carauari, bem como a nomeação do primeiro superintendente e dos cinco primeiros intendentes, episódio nunca antes citado na literatura histórica do município.
Outro ponto relevante é a mudança no curso do rio Juruá, que deu origem a um meandro abandonado, ou seja, um sacado, trazendo consequências socioeconômicas e geopolíticas para a cidade. Quando o rio seca, é necessário um deslocamento por estrada desde o curso principal até o Porto Gavião, a 9 km da cidade.
Como resultado dessa miscigenação, surge o caboclo — personagem fundamental da vida amazônica —, homem da floresta, fruto da interação entre homem e natureza, detentor de conhecimentos e habilidades diversas que lhe permitem povoar e sobreviver nessa vida amazônica majestosa, rica e desafiadora.
Para o pesquisador e escritor Enoch, compartilhar esta pesquisa é também compartilhar conhecimento com as futuras gerações, sobre os seringais da Amazônia, como era a vida dos seringueiros, suas memórias e as transformações ocorridas até os dias atuais.
Radicado em Rondônia há mais de 30 anos, o escritor lançará sua obra na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, em parceria com a AJEB-RO. Ele também foi convidado para participar com palestras e lançamento oficial na COP 30, promovendo a geografia e a historicidade dos seringais da Amazônia.
Recentemente, o autor visitou a Biblioteca Municipal Francisco Meireles, onde se reuniu com o diretor Carlos Augusto, falou sobre sua obra e fez a doação oficial para o acervo. Na ocasião, conheceu a equipe de colaboradoras da BMFM e destacou a importância da divulgação de seu trabalho para professores e pesquisadores.
A obra está disponível no site da Amazon e pela Editora CRV, e pretende ser uma inspiração para os leitores interessados na riqueza da nossa Amazônia.