Carlos Lupi (PDT) anunciou nesta sexta-feira (2) sua saída do comando do Ministério da Previdência Social, em meio a uma crise provocada por investigações de fraudes envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Lupi ocupava o cargo desde o início do atual governo, há pouco mais de dois anos.
Em publicação nas redes sociais, Lupi afirmou que entrega o ministério ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e agradeceu pela confiança. Ele declarou ainda que não foi citado nas investigações em curso e negou qualquer envolvimento em atos ilícitos.
“Minha decisão é tomada com a consciência tranquila de que meu nome não aparece nas investigações sobre possíveis fraudes no INSS. Desde o começo, tanto eu quanto os órgãos da Previdência colaboramos integralmente com os procedimentos de apuração”, disse o ex-ministro.
O substituto de Lupi será Wolney Queiroz, seu então secretário-executivo. A troca no comando já vinha sendo articulada pelo governo com o PDT após o agravamento do escândalo.
Fraudes e reação do governo
A saída de Lupi ocorre após operação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União revelar um esquema de descontos indevidos aplicados a aposentados. Associações cadastravam beneficiários sem consentimento para cobrar mensalidades dos valores pagos pelo INSS.
Segundo a PF, o esquema começou em 2019 e teria causado prejuízos de até R$ 6,3 bilhões. As investigações indicam que o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, é o principal articulador da rede. Ele é sócio de mais de 20 empresas, todas com sede em Taguatinga (DF), e acumulava bens como joias, veículos de luxo e até uma Ferrari.
Lula comentou o caso no pronunciamento do Dia do Trabalhador e determinou que a Advocacia-Geral da União (AGU) processe as entidades envolvidas para que haja ressarcimento às vítimas.
Histórico e desgaste
Lupi é um nome influente dentro do PDT e aliado histórico dos governos petistas. Esta não é a primeira vez que ele deixa um ministério em meio a escândalos — sua saída do governo Dilma Rousseff também ocorreu após acusações de irregularidades.
Dentro do governo atual, sua gestão já enfrentava críticas, especialmente pelo não cumprimento da promessa de zerar a fila das perícias do INSS. O desgaste aumentou quando documentos internos revelaram que ele foi alertado sobre irregularidades meses antes de tomar providências.
Na semana passada, o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, foi exonerado. Lula nomeou o procurador federal Gilberto Waller Júnior para assumir o comando do instituto.
Apesar da pressão, Lupi tentou manter Stefanutto no cargo e minimizar o impacto político da crise, mas acabou não resistindo à repercussão do escândalo.