Uma lagarta de aparência incomum chamou atenção no quintal de uma casa em Piracicaba (SP). A administradora Marisa Gonzales encontrou o inseto em uma folha de mangueira e, surpresa com o visual do animal, chegou a compará-lo a uma estrela-do-mar.
O inseto foi identificado como Phobetron hipparchia, espécie nativa de regiões úmidas da América do Sul e Central, que vai do sul do México até a Argentina e Uruguai. No Brasil, pertence à família Limacodidae, que conta com pouco mais de 100 espécies catalogadas.
De acordo com o biólogo e especialista em mariposas Guilherme Fischer, a lagarta possui estruturas chamadas tubérculos nas laterais do corpo, parecidas com tentáculos. Elas se destacam do corpo quando o animal é atacado, distraindo predadores — uma defesa semelhante à cauda de lagartixas.
Durante o estágio larval, a Phobetron se alimenta de folhas variadas. Após a metamorfose, torna-se uma mariposa adulta que não se alimenta, pois não possui aparelho bucal funcional. Vive, em média, de uma a duas semanas usando energia acumulada.
Os adultos também apresentam camuflagem eficiente: o macho é escuro com asas translúcidas, e a fêmea tem coloração mais alaranjada. Ambos imitam fezes de aves quando pousam em folhas ou troncos — estratégia que os ajuda a escapar de predadores.
Apesar da aparência exótica e até assustadora, a espécie é totalmente inofensiva ao ser humano em todas as fases da vida. O caso reforça como encontros com animais desconhecidos podem ser uma oportunidade para aprender mais sobre a biodiversidade brasileira.