No mês dedicado aos artesãos, o destaque vai para Fernanda Viccoli, artista que há dez anos transforma materiais, cores e texturas em adereços cheios de identidade — especialmente durante o Carnaval. O que começou como um hobby inspirado pelas mulheres da família, tornou-se uma paixão que hoje movimenta a economia criativa em Porto Velho.
Apaixonada por arte desde cedo, Fernanda viu na tradição familiar um ponto de partida: cresceu observando a mãe, avó e tias confeccionarem peças manuais, principalmente na costura. Embora não seja natural de Porto Velho, ela se considera rondoniense de coração. Foi aqui que concluiu sua faculdade e mergulhou nas manifestações culturais da cidade — em especial o carnaval de rua, que ela define como mais livre e cheio de expressividade.
Foi nesse cenário que Fernanda enxergou uma oportunidade: “Via que as pessoas queriam se fantasiar com algo diferente, mas não encontravam nas lojas locais”, conta. A solução? Começou produzindo para amigas e, com o tempo, o que era apenas diversão virou negócio.
A cada novo Carnaval, ela se reinventa. Suas criações são guiadas pelas tendências do ano, pela mistura de estilos de diferentes estados e até influências internacionais. Um dos seus trabalhos preferidos foi um acessório feito com conchas — “apesar do esforço, foi especial” — e também uma gargantilha com ombreira e pedrarias, marcada pelo desafio e criatividade.
Neste ano de 2025, Fernanda sentiu uma queda na procura por adereços, diferente do cenário pós-pandemia, quando as vendas surpreenderam. Ainda assim, peças como headpieces com pedrarias, metalizadas e florais ganharam destaque.
Um reconhecimento especial veio com o convite do Boticário para produzir adereços carnavalescos como ombreiras e acessórios para ações promocionais — prova de que seu trabalho vem conquistando visibilidade.
Mesmo sem ter participado de editais de incentivo cultural, Fernanda construiu sua trajetória com base na experiência e na escuta sensível do público — formado, em sua maioria, por mulheres cis e pessoas LGBTQIAPN+. Ela segue apostando em arte, afeto e inovação, celebrando o artesanato como forma de expressão, resistência e beleza.
Curiosidades
O hábito de usar fantasias em celebrações remonta à Antiguidade, com registros entre os povos gregos, que já utilizavam adereços em festas e rituais. Durante a Idade Média e Moderna, as fantasias eram comuns nas festividades carnavalescas, mesmo com as tentativas da Igreja Católica de reprimir a prática. No Brasil, o costume de se fantasiar no Carnaval se popularizou apenas no final do século XIX, tornando-se uma das expressões mais vibrantes da nossa cultura popular até os dias de hoje.