Você sabe o que é Engenharia Pública? Embora não exista uma definição formal e explícita de “Engenharia Pública”, é possível compreender esse conceito como um conjunto de ações promovidas por profissionais, empresas públicas e privadas, entidades de classe, sindicatos e Conselhos Regionais de Engenharia (CREAs). De forma isolada ou em parceria com o poder público, essas entidades têm o objetivo de facilitar o acesso das populações em situação de vulnerabilidade a políticas públicas nas diversas áreas da Engenharia.
O Programa Engenharia Pública do Crea-RO, por exemplo, visa trazer benefícios à sociedade por meio de projetos e serviços relacionados à Engenharia, promovendo impactos positivos para o bem-estar coletivo. Com o apoio de quatro grupos de trabalho voluntários compostos por profissionais do sistema, as áreas de Infraestrutura, Meio Ambiente, Saúde Pública e Tecnologia têm ganhado destaque. O foco está em desenvolver soluções que atendam às necessidades das comunidades, com ênfase na sustentabilidade e no fortalecimento das políticas públicas.
BIODIGESTORES: uma inovação tecnológica a serviço da sustentabilidade
Dentro desse contexto, destaca-se o trabalho do Eng. Sérgio Novo, que aplicou uma tecnologia inovadora para o tratamento de resíduos sólidos: o biodigestor. Este sistema é essencial para evitar que resíduos sejam descartados de maneira inadequada, como nos lixões, rios, igarapés, igapós, lagos, locais que poderiam sofrer contaminação do solo e lençol freático. Segundo o engenheiro, o biodigestor tem um impacto importante tanto no aspecto social quanto na economia. “Além da questão social, temos a questão de economicidade. O gás produzido pelo biodigestor já está sendo utilizado para a cocção de alimentos e os fertilizantes gerados são doados a pequenas famílias agricultoras”, de modo a substituir o fertilizante químico pelo orgânico produzidos pelo biodigestor, explica.
De acordo com o presidente do Crea-RO, Eng. Edison Rigoli, a implementação de biodigestores no estado é uma das iniciativas que fortalece a sustentabilidade em Rondônia. “É mais uma solução que contribui para a transformação dos resíduos orgânicos em recursos valiosos, alinhada ao Programa Engenharia Pública do Crea-RO”, afirmou Rigoli.
O uso do biodigestor no SESC ESPLANADA
Em Porto Velho, o SESC Esplanada e as unidades do SESC-RO, também aderiram à implementação do biodigestor, uma medida que promete trazer significativas vantagens, como a economia de biogás para cozinhar e a produção de biofertilizante líquido natural para preparo do solo. Raniery Araujo Coelho Presidente da FECOMERCIO, destacou a importância de unir inovação e educação ambiental no processo, no caso o SENAC. “Queremos envolver nossos alunos da escola em trabalhos de educação ambiental relacionados ao uso do biodigestor”, afirmou.
O que é um biodigestor? Como ele funciona na prática?
O biodigestor é um equipamento que acelera o processo de decomposição da matéria orgânica, através da fermentação transformando-a em biogás e biofertilizante. Essa decomposição ocorre na ausência de oxigênio, processo conhecido como biodigestão. O resultado é a produção de biogás, que pode ser utilizado como energia, e biofertilizantes, que têm grande valor para a agricultura.
Impactos ambientais e sociais
Os benefícios do uso de biodigestores para a sociedade e para o desenvolvimento sustentável são claros. Eles não só ajudam na redução da quantidade de resíduos orgânicos descartados de maneira inadequada, como também não contribuem para a mitigação de gases do efeito estufa, como o metano (CH4) e o dióxido de carbono (CO2), dois dos principais causadores do aquecimento global.
O uso de biodigestores pode, ainda, prevenir a contaminação de rios, lagos e solos ao evitar o descarte inadequado de resíduos no ambiente. Além disso, a implementação dessa tecnologia tem o potencial de reduzir a dependência de fertilizantes químicos e gás de cozinha (GLP), gerando uma economia significativa, especialmente para pequenas comunidades e empresas locais.
Inovações e desafios tecnológicos
O biodigestor é uma tecnologia social inovadora, com o objetivo de transformar resíduos sólidos e/ou dejetos de animais em biogás e biofertilizante orgânico. Entretanto, existem desafios técnicos e logísticos, como a adaptação da tecnologia para diferentes contextos regionais e a necessidade de capacitação técnica para implementar e operar os sistemas.
O desenvolvimento e implementação de biodigestores são fundamentais para estimular práticas sustentáveis em diversos setores, especialmente na agricultura e no setor industrial. Ao promover o reaproveitamento de resíduos, o biodigestor ajuda a diminuir a quantidade de resíduos descartados na natureza e contribui para a redução dos impactos ambientais.
Caminhos para o futuro
A implementação dos biodigestores é uma solução econômica e ambientalmente viável tanto para empresas quanto para governos. Além do custo-benefício da substituição do GLP (gás de cozinha) e fertilizantes químicos, a adoção dessa tecnologia pode impulsionar a transição para práticas mais sustentáveis, estimulando uma economia circular e promovendo o desenvolvimento resiliente, especialmente em áreas rurais.
À medida em que mais políticas públicas e incentivos sejam criados para facilitar o uso de biodigestores no Brasil, o impacto positivo na redução das emissões de gases de efeito estufa e na promoção de um desenvolvimento mais sustentável será cada vez mais evidente. O futuro dos biodigestores no país passa pela inovação contínua, com o objetivo de tornar essa tecnologia acessível a mais regiões e segmentos da sociedade.
A Engenharia Pública, por meio de iniciativas como essas, se consolida como um instrumento poderoso de transformação social, econômica e ambiental.