Os partidos de esquerda da França disseram a Emmanuel Macron que querem formar o próximo governo, nesta sexta-feira (23), quando o presidente francês deu início às consultas sobre quem poderia ser o primeiro-ministro, quase sete semanas após as eleições parlamentares.
Macron, que não se manifestou publicamente após sua reunião com a esquerda, até agora ignorou suas demandas, ressaltando que, apesar de ter ficado em primeiro lugar na votação do início de julho, a aliança da esquerda Nova Frente Popular estava longe de ter a maioria absoluta.
“Dissemos a ele que cabia à força política que ficou em primeiro lugar (na eleição), a Nova Frente Popular, formar um governo”, disse Lucie Castets, uma funcionária pública sênior de 37 anos, escolhida pela esquerda como candidata a primeira-ministra, após a reunião com Macron.
Depois de semanas de tensões entre os campos políticos rivais, os líderes da esquerda pareceram um pouco mais otimistas e disseram que Macron reconheceu a necessidade de mudança, embora ainda não se saiba o que isso implicaria.
Como Macron se reunirá com centristas e conservadores nesta sexta-feira e com a extrema-direita na segunda-feira (26), os líderes da esquerda disseram que esperam uma resposta rápida depois disso.
Desafios
Quem quer que Macron nomeie terá uma tarefa difícil, com a aprovação parlamentar do orçamento de 2025 como um dos muitos desafios em um momento em que a França está sob pressão da Comissão Europeia e dos mercados de títulos para reduzir seu déficit.
Quem será o primeiro-ministro e se conseguirá fazer com que um Parlamento dividido apoie qualquer reforma ainda são questões em aberto, sem nenhum sinal ainda de uma coalizão mais ampla que teria uma maioria estável.
A aposta de Macron de convocar eleição parlamentar antecipada saiu pela culatra, com sua coalizão centrista perdendo dezenas de assentos em uma votação que resultou em um Parlamento sem maioria.
Ele pediu aos líderes que fizessem acordos além das linhas partidárias para formar um governo que tivesse uma maioria sólida – e uma fonte próxima a Macron disse no início deste mês que ele achava que o equilíbrio de poder estava mais com o centro ou a centro-direita.