A situação das queimadas e a invasão da fumaça nas cidades da região Norte pode servir como um critério importante para o eleitor indeciso, especialmente na escolha do candidato para assumir o posto de prefeito(a) dos 450 municípios. O problema do aquecimento global já bate à porta, trazendo questões ambientais como a seca dos rios da Amazônia, o comprometimento da navegação, o desabastecimento de água potável e doenças respiratórias decorrentes da alta incidência de fumaça.
Além disso, a mudança climática exigirá da população uma adaptação forçada a novos hábitos de vida. Na Amazônia, o impacto causado pela forte estiagem ainda não foi suficiente para alertar os políticos de que a situação está fugindo do controle, especialmente os parlamentares responsáveis pela criação de leis que visam combater os crimes contra o meio ambiente. A realidade vivida atualmente em Rondônia pode ser um comparativo do que acontece com os candidatos à prefeitura de Manaus [AM] nas eleições de 2024.
Uma reportagem de “A Crítica” apontou que poucos candidatos ao cargo de prefeito de Manaus lançaram propostas de cunho ambiental. Alguns até mencionam o tema, mas não apresentam propostas eficazes e práticas, mesmo diante de uma cidade carente de políticas ambientais. Manaus vive hoje à margem do caos. A cidade está tomada por fumaça, revelando que o governo estadual e os municípios falharam em ações práticas de combate.
Nas redes sociais, o governador do Estado, Wilson Lima [U.B], vem sendo criticado por internautas por, mais uma vez, não cumprir seu dever. Segundo informações, a fumaça que invade Manaus vem da região sul do Amazonas, uma área dentro da floresta amazônica que concentra o ápice do desmatamento e das queimadas na Amazônia Legal.
A capital amazonense, assim como Porto Velho [RO], voltou a alcançar pelo segundo ano consecutivo o patamar de pior ar do Brasil. Na quarta-feira, Lima divulgou investimentos para as ações de combate.
“Seguimos trabalhando no enfrentamento aos crimes ambientais. Anunciei o aumento das diárias para as equipes em campo, o envio de 200 alunos soldados do Corpo de Bombeiros para reforçar o efetivo da Operação Aceiro e a contratação imediata de brigadistas, como adiantamento do projeto Floresta em Pé, financiado pelo banco alemão KFW”.
Em se tratando de Rondônia, exemplos de crimes ambientais não faltam para embasar propostas a serem implantadas caso os candidatos vençam as eleições de 2024 para as respectivas prefeituras dos 52 municípios. Em Porto Velho, por exemplo, a falta de arborização é uma situação antiga que contribui para o aumento da temperatura na cidade. “Pensam na pavimentação, mas não pensam na arborização. Não planejam bosques. A cidade, com isso, parece sem vida”, enfatiza uma comerciante da zona sul, que preferiu não se identificar.
Existem bairros onde as ruas não têm uma só árvore plantada. “Porto Velho continua sem planejamento”, lamenta o estudante J.N.K. Além disso, o problema das queimadas na área urbana e nos distritos poderia servir como um ponto de partida para que os candidatos apresentassem ideias em favor do meio ambiente local. “Vivemos na capital em que o esgoto é jogado sem nenhum tratamento no rio Madeira. Na capital, a qualidade de vida resume-se ao bem-estar da porta para dentro da casa do cidadão”, continua o estudante.
O atual cenário vai exigir dos candidatos à prefeitura de Porto Velho mais do que as velhas propostas de pavimentação de ruas. Com a seca que se agrava a cada ano, a falta de saneamento básico, que há décadas coloca a capital em último lugar no Brasil, será um tema inevitável para o próximo prefeito(a). Além disso, daqui em diante, essa questão decidirá até mesmo a vida política daqueles que desejam continuar na carreira.