QUINTA-FEIRA, 04/07/2024

Garantir conteúdos seguros é obrigação de plataformas, diz professor

Canadá é um dos líderes do processo de regulamentação de redes sociais

Por Gilberto Costa – Repórter da Agência Brasil - 20

Publicado em 

Garantir conteúdos seguros é obrigação de plataformas, diz professor
Bruno Peres/Agência Brasil
O Canadá é um dos países que lideram a regulamentação do funcionamento das redes sociais e serviços on-line. A lei canadense do streaming, por exemplo, obriga plataformas a financiar a mídia local e apresentar conteúdo nacional. Outra lei, de notícias on-line, determina o pagamento dos buscadores para mostrar notícias produzidas pela mídia local. Depois dessa legislação, o Parlamento discute proposta da lei que torna mídia e plataformas responsáveis por reduzir a exposição a conteúdo nocivo, o que inclui bullying e sexualização de crianças, além de incitação ao extremismo, violência ou ódio.

A experiência canadense foi compartilhada com brasileiros por Taylor Owen, professor associado da Escola Max Bell de Políticas Públicas da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, titular da Cátedra Beaverbrook em Mídia, Ética e Comunicações; e diretor fundador do Centro para Mídia, Tecnologia e Democracia.

Na primeira quinzena de junho, Owen esteve em Brasília para uma reunião na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e para uma conferência na Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília sobre as plataformas digitais e sustentabilidade do jornalismo.

Eis os principais trechos da entrevista que Owen concedeu à Agência Brasil após a palestra na UnB:

Agência Brasil: Por que é preciso regulamentar o funcionamento das redes sociais? No Brasil, há quem diga que a regulamentação fere a liberdade de expressão. A iniciativa atinge esse direito?
Taylor Owen: Depende de como você está regulando as plataformas. As plataformas medeiam a democracia em nossa sociedade. Elas decidem quem pode falar, como a mensagem é distribuída, a quem chegam essas mensagens. O algoritmo decide se sua palavra é escutada, quando há resposta e como essa resposta é disseminada. O nosso diálogo está sendo formado pelo desenho dessas plataformas.
Creio que a regulamentação das plataformas não deve se preocupar estritamente com os atos de diálogo, mas com o desenho da comunicação, com os mecanismos das plataformas que determinam como o conteúdo se espalha, qual conteúdo é amplificado e quais tipos de comportamentos são incentivados. Isso é o que a regulação canadense tenta fazer. Não determina o que pode e não pode ser dito, mas, em vez disso, estabelece obrigações para reduzir o risco de maus conteúdos propiciados nas plataformas.

Agência Brasil: Entre os problemas apontados nas redes sociais no Brasil estão uso de dados pessoais sem autorização, casos de estelionato e golpes amorosos, difamação de pessoas públicas, desinformação, manifestações de ódio, circulação de cenas insólitas – como de desrespeito a minorias, diversos tipos de violência, abuso sexual e até pornografia infantil. Que tipo de regulamentação pode lidar com esses problemas? Uma regulamentação dá conta disso tudo?
Owen: Creio que algumas dessas coisas não devem ser incluídas em regulações. Desinformação, por exemplo, requer discernimento do que é verdadeiro e falso, e eu não acredito que agências governamentais devam definir isso. Para o abuso de imagem íntima, para o discurso de ódio, para o incitamento à violência, para a pornografia infantil, para os piores conteúdos que possamos identificar, podemos ter uma regulação que force as plataformas a lidar com cada um desses problemas e a desenvolver estratégias específicas para mitigá-los.

Agência Brasil: Nós, brasileiros, vivemos um momento de muita polarização política. Não temos nenhuma regulação das mídias tradicionais. Em pleno século 21, ainda temos pessoas totalmente iletradas, sem citar os analfabetos funcionais e os analfabetos digitais. Nesse contexto adverso, como fazer uma lei para a regulamentação digital?
Owen: O fato de que estamos cada vez mais polarizados é, em parte, por causa do desenho do nosso ecossistema digital. Esta é uma razão que reforça a necessidade de fazer a regulamentação. A polarização, que resulta em desgastar ativamente uma pessoa por não concordar com ela, é um problema muito perigoso em uma democracia. Isso está aumentando rapidamente por causa da forma como consumimos informação, o que torna a regulação mais crítica.
Devemos regular, não focando o conteúdo – seja de origem jornalística, seja aquele que pessoas individualmente preparam e postam –, mas na distribuição e no risco da exposição a esse conteúdo nas plataformas que o disseminam. A diversidade da população e da capacidade de compreender as informações na internet faz com que as plataformas tenham que assumir a obrigação de garantir que os conteúdos são seguros.

Agência Brasil: Como o Canadá conseguiu mobilizar a sociedade para ir em frente com esse tipo de regulação?
Owen: Os cidadãos que usam as tecnologias digitais estão cada vez mais conscientes dos danos e atributos negativos dessa prática. Vimos danos aos nossos filhos, vimos formas de abuso ocorrendo no ambiente on-line, vimos como isso levou as pessoas a ficar umas contra outras, como isso nos tornou mais furiosos. Todo mundo sente essas coisas. Isso levou a um desejo, um desejo expresso, crescido com o tempo, de que o governo, no caso canadense, tomasse alguma providência. Os cidadãos sentiam como responsabilidade do governo maximizar os benefícios dessas tecnologias e fazer algo com relação aos danos. Havia um grande desespero da população para que o governo fizesse algo.

Agência Brasil: Além do Canadá, a União Europeia, o Reino Unido e a Austrália lideram o processo de regulamentação das redes sociais. Existem outros exemplos no mundo, outros países fazendo isso? Eventual regulamentação no Brasil impulsaria outros países do sul global a fazer o mesmo?
Owen: Há diferentes níveis de desenvolvimento nesse caminho. Em termos de legislação completa de segurança on-line, a União Europeia, o Canadá e a Austrália são os principais. Outros países estão atualizando suas leis de privacidade, para a inteligência artificial, para apoio ao jornalismo e contra os discursos de ódio. Parece-me que países como a Indonésia, a Malásia, a África do Sul e o Brasil têm um enorme potencial se alinharem suas políticas para trazer uma internet mais segura a mais de 1 bilhão de pessoas – o que é muito mais significativo do que o que o Canadá pode fazer e que afeta 40 milhões de pessoas. Grandes democracias do sul global estão desenvolvendo regulamentos inteligentes para a internet em colaboração ou em alinhamento com outros países. Isso pode realmente mudar o funcionamento das plataformas e a vida de bilhões de pessoas.

Agência Brasil: Gigantes do jornalismo internacional, como Associated Press (Estados Unidos), Grupo Prisa (Espanha), Financial Times (Inglaterra) e Le Monde (França), fizeram acordo com a empresa norte-americana Open IA, para que o ChatGPT possa ser calibrado com notícias autênticas e atuais. Em sua apresentação na Universidade de Brasília, o senhor pareceu um pouco preocupado com isso. Por que o pessimismo? O que o senhor vê no futuro do jornalismo e da inteligência artificial?
Owen: Eu acredito que haverá benefícios. A inteligência artificial fornecerá a jornalistas novas ferramentas para ajudá-los a fazer o seu trabalho, como as investigações e a análise de dados em reportagens, e vai ajudar a alcançar e se comunicar com suas audiências. Não sou pessimista sobre isso.
Eu sou pessimista sobre os acontecimentos ou arranjos que as empresas que você mencionou estão fechando com as empresas de inteligência artificial. Pode ser uma brecha para cópia dos acervos, criados em décadas, nas bases de dados dessas empresas. A segunda razão para o meu pessimismo é que o produto que certas empresas de inteligência artificial generativas estão construindo possa ser um risco para o jornalismo. Essas companhias estão dizendo que você não precisa de jornalismo, que vão gerar jornalismo baseado no sumo total de conhecimento que podem adquirir. E isso, para mim, é um modelo insustentável. Desvaloriza o papel do jornalismo e diz que pode gerar algo melhor em cima disso. Acho que isso é uma ameaça existencial.

Publicidade
Publicidade
ELEIÇÕES
Publicidade
Publicidade
ELEIÇÕES

NEWS QUE VOCÊ VAI QUERER LER

Integração de serviços é tema do Fórum Permanente dos Detrans, em Brasília

A ação irá proporcionar ao cidadão serviços digitalizados através da Carteira Digital de Trânsito (CDT), incorporando cada vez mais serviços.
L
Plano Safra para grandes produtores rurais soma R$ 400 bilhões em 2024

Plano Safra para grandes produtores rurais soma R$ 400 bilhões em 2024

Taxas de juros do novo plano variam de 7% a 12% ao ano
L
Israel estuda resposta do Hamas à proposta de trégua, diz Mossad

Israel estuda resposta do Hamas à proposta de trégua, diz Mossad

Fonte do Hamas diz que trocou ideias com objetivo de parar a guerra
L
Sicredi disponibiliza R$ 66,5 bilhões no Plano Safra 2024/2025

Sicredi disponibiliza R$ 66,5 bilhões no Plano Safra 2024/2025

Recursos são para custeio, investimento, comercialização e industrialização, e podem ser contratados de 1º de julho a 30 de junho do ano que vem.
L
Publicidade

DESTAQUES NEWS

Casa do Agricultor e do Indígena Artesão Chega a Porto Velho

Iniciativa visa promover sustentabilidade e melhorar a renda dos artesãos indígenas de Rondônia
L

Carlos Oliveira apresenta propostas em entrevista ao Comunidade News

Pré-candidato a vereador de Porto Velho destaca compromisso com a comunidade e projetos para o desenvolvimento da capital
L

#GiroNews | Entrevista Lena Assis, pré-candidata a vereadora por Porto Velho

Nesta quarta-feira, dia 03, às 16h35, o programa Giro News traz uma entrevista exclusiva com Lena Assis, pré-candidata a vereadora por Porto Velho, Rondônia.
L

Tecnologia da inteligência artificial aprimora diagnósticos veterinários

Equipamentos e plataformas internacionais oferecem maior qualidade assistencial e produtividade
L

Comissão aprova parecer do PL que amplia Área de Livre Comércio de Guajará-Mirim para Costa Marques

Os parlamentares foram com o relator, deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) e acataram a sugestão do deputado Lúcio Mosquini (MDB).
L
Publicidade

EMPREGOS E CONCURSOS

OPORTUNIDADE: Governo de RO abre processo seletivo para contratação temporária no Corpo de Bombeiros

As vagas são para as áreas de Arquitetura e Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), para atuação em Porto Velho, Ji-Paraná e Vilhena
L

Confira as 149 vagas de emprego no Sine Municipal de Porto Velho

O Sine Municipal funciona de segunda a sexta, das 7h30 às 13h30
L

Minalinda: Oportunidade de Emprego: Auxiliar de Serviços Gerais / Produção

Estamos contratando profissionais dinâmicos e comprometidos para auxiliar nas atividades gerais e na linha de produção. Venha fazer parte da nossa equipe!
L

Minalinda: Oportunidade de Emprego na vaga de Motorista / Entregador

Estamos contratando um profissional responsável e ágil para conduzir veículos, realizar entregas e auxiliar na descarga de produtos. Faça parte da nossa equipe!
L
VAGAS DE EMPREGO: confira as vagas ofertadas pelo Sine Municipal Porto Velho

VAGAS DE EMPREGO: confira as vagas ofertadas pelo Sine Municipal Porto Velho

Os atendimentos presenciais serão realizados das 07h30 às 13h30 para os que não possuem acesso à internet.
L
Publicidade

POLÍTICA

JAIME BAGATTOLI: Plano Safra 2024/25 com valor recorde é conquista do setor produtivo e do pequeno produtor

JAIME BAGATTOLI: Plano Safra 2024/25 com valor recorde é conquista do setor produtivo e do pequeno produtor

Setor foi o que mais cresceu na economia brasileira no último ano.
L
Vereador Edimilson Dourado tem pedido atendido para melhorias nas ruas do Bairro Cidade Lobo

Vereador Edimilson Dourado tem pedido atendido para melhorias nas ruas do Bairro Cidade Lobo

Há mais de 35 anos que as ruas do bairro vem precisando de melhorias, e agora a população da região poderão usufruir de vias em condições boas para o tráfego de veículos e pessoas. 
L
ELEIÇÕES 2024: Samuel Costa e Vinícius Miguel mantêm diálogo em prol de Porto Velho

ELEIÇÕES 2024: Samuel Costa e Vinícius Miguel mantêm diálogo em prol de Porto Velho

O advogado e jornalista Samuel Costa (REDE) e o professor e cientista político Vinícius Miguel (PSB) estão em conversações avançadas para construir um projeto político democrático e popular que atenda às necessidades da capital rondoniense.
L

Dra. Taíssa solicita revitalização da RO-257 que liga o município de Ariquemes a Machadinho D’Oeste

Via encontra-se com buracos e falta de iluminação.
L

Deputados aprovam recurso de R$ 100 milhões para obras em Rondônia

Valor será destinado para manutenção de rodovias e serviços em infraestrutura.
L
Publicidade

POLÍCIA

Colisão entre motos deixa três feridos ao lado de igreja evangélica na zona sul

Equipes de resgate foram acionadas para atender as vítimas, enquanto a PM isolou o local.
14

NEWS URGENTE: Moradores fecham BR-364 em dois pontos em Porto Velho

Há informações que na Vila Princesa, o grupo de moradores estariam reivindicando pagamento de salários atrasados, em relação a uma cooperativa de materiais recicláveis.
L
Motociclista sofre fratura em acidente na Avenida 7 de Setembro

Motociclista sofre fratura em acidente na Avenida 7 de Setembro

Testemunhas contaram que o motociclista teria avançado o sinal vermelho, depois bateu em cheio na lateral do veículo.
14
Bombeiros são acionados após casa ser destruída por incêndio

Bombeiros são acionados após casa ser destruída por incêndio

A ação se deu muito pelo fato de na localidade existir dois postos de combustíveis bem próximos, o que trouxe alerta a equipe de combate incêndio.
12

ATRÁS DA SEMOB: Motociclista foge depois de causar acidente com motoboy na zona leste

De acordo com testemunhas, o motoboy seguia na Amador dos Reis quando outro motociclista invadiu a preferencial e causou a batida. Depois, o suspeito levantou-se e fugiu.
10
Publicidade

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Requerimento de Alteração da Razão Social: Jaime Maximino Bagattoli. (Confinamento)

Alteração de sua razão social e CPF
L
Brasil paga R$ 847 milhões a órgãos internacionais no 1º semestre

Brasil paga R$ 847 milhões a órgãos internacionais no 1º semestre

Governo quitou integralmente contribuição regular às Nações Unidas
L

Foguete movido a açúcar põe brasileiros no pódio de competição estudantil nos EUA

Equipe de estudantes brasileiros ocupa pódio da competição mais importante do mundo com o projeto de um foguete movido a açúçar (detalhe).
L
Estudantes brasileiros criam pulseira para surdos e ganham prêmio internacional

Estudantes brasileiros criam pulseira para surdos e ganham prêmio internacional

Os estudantes brasileiros do Sesi-DF venceram a competição com um projeto de uma pulseira para surdos.
L
Municípios mais atingidos por cheias têm até 92% dos empregos afetados

Municípios mais atingidos por cheias têm até 92% dos empregos afetados

Ipea estima danos em todas as cidades gaúchas em estado de calamidade
L
Autoridades do Fed reconhecem queda na pressão de preços, diz ata

Autoridades do Fed reconhecem queda na pressão de preços, diz ata

Ata da reunião realizada em 11 e 12 de junho foi divulgada hoje (3)
L

#GiroNews | Entrevista Dr. Santana, pré-candidato a vereador de Porto Velho

Nesta quarta-feira, dia 03, às 16h, o programa Giro News apresenta uma entrevista exclusiva com Dr. Santana, pré-candidato a vereador de Porto Velho. Conduzida por André Henrico, a conversa abordará as principais propostas e visões de Dr. Santana para o futuro da cidade.
L

Recebimento da Licença Ambiental: IMS CONSTRUTORA LTDA – EPP

Licença de Operação nº 158116
L
Ingresso da Bolívia como membro pleno deve marcar Cúpula do Mercosul

Ingresso da Bolívia como membro pleno deve marcar Cúpula do Mercosul

Reunião, que marca os 33 anos do bloco, será segunda-feira em Assunção
L