Cidade histórica no coração de Guayaramérin, Cachoeira Esperança é embelezada por monumentos de arte em tamanho gigante, que enriquecem o patrimônio tombado. Em frente às corredeiras do rio Beni, Cachoeira Esperança representa o auge da riqueza e da sofisticação de uma Bolívia próspera e pujante do século XX.
Época em que o luxo europeu se rendeu ao “ouro branco”, a fortuna do maior magnata da Bolívia, Nicolás Soárez Calhaú (1851-1940), o homem que, em busca de riqueza, atravessou a Cordilheira dos Andes para desbravar a Amazônia Ocidental.

A realidade atual do complexo histórico é lamentável e tem preocupado a população. No contexto de abandono, a cidade, que já foi cenário para filmes e novelas, vem sofrendo com furtos diários.
“É uma pena enxergar a cidade desta forma. Em 2006, fui ao local gravar uma reportagem e muita gente veio falar comigo, pois ela mostrava a cidade natal dessas pessoas. Fiquei encantado com a beleza e os monumentos que cercam aquele ambiente, realmente ali expressa a história da Bolívia pela óptica da exploração da seringa”, recorda o jornalista Emerson Barbosa.
Na imagem que chegou até a redação do jornalismo do News Rondônia, um caminhão foi flagrado levando embora equipamentos que ajudam a contar a história do país. “Esta imagem nos preocupa como bolivianos, benianos e cidadãos da província de Baca Diez. Conhecemos o alto valor cultural e histórico da população de Cachoeira Esperança, que em seu momento foi um centro para a goma de importância mundial”, pontua um trecho da nota enviada às autoridades do governo.
Na carta enviada às autoridades, os moradores pedem providências a fim de combater os furtos, que, segundo eles, estão ocorrendo constantemente. “Repudiamos a atividade e pedimos às autoridades locais, municipais, estaduais e nacionais que assumam a sua responsabilidade para zelar por esse importante patrimônio histórico e cultural de Cachoeira Esperança”, solicitam.
De acordo com a nota, equipamentos do complexo estão sendo vendidos como sucata. Entidades pedem urgência na investigação dos fatos a fim de coibir o crime contra o patrimônio. “Não permitimos que o patrimônio histórico se venda como sucata”, denunciam.
Além disso, pela lei estadual Nº 50 de 2015, o vilarejo é reconhecido como Patrimônio Histórico, Cultural, Material, Urbanístico e Arquitetônico. Por último, uma lei Municipal de Guayaramérin de 2018 transforma a cidade histórica em Patrimônio Cultural e Turístico Material e Imaterial.