O Brasil é um país rico. Muito rico mesmo. Esta semana passou a figurar entre as oito maiores economias do mundo. Tem um PIB, Produto Interno Bruto, superior a 2,3 trilhões de dólares. Ultrapassa, portanto, países tradicionais e civilizados como a Itália e o Canadá. Há mais de 50 anos que o nosso país figura no topo desta relação, que sempre foi liderada pelos Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido. E hoje já conta com a China e a Índia como países emergentes de PIB também muito alto. Embora rico, o Brasil é um país de uma população pobre. Muito pobre mesmo. Esse PIB descomunal que temos sempre esteve concentrado nas mãos de uma elite reacionária e privilegiada que nunca cansou de mandar em todos a sua volta. Essa minúscula elite manda na política, nos governos, nos negócios, nas pessoas, nas leis, nas terras e até no destino dessa gente.
O Brasil tem 203 milhões de habitantes. Uns 3 milhões pertencem à elite ou estão lutando bravamente para chegar ao topo da pirâmide financeira. O restante são pessoas pobres e miseráveis que mal têm o que comer. Até há pouco tempo, havia no país cerca de 35 milhões de famintos. Em termos de política ideológica, os ricos e poderosos são, evidentemente, da direita e da extrema-direita. Os pobres e miseráveis geralmente não entendem nada de política nem de sociedade e geralmente comungam das mesmas aspirações políticas e ideológicas de seus algozes. Não é à toa que com democracia ou sem democracia, foram os ricos e poderosos que sempre estiveram no poder determinando todo tipo de política para gerir essa sociedade paupérrima. Privados de bons serviços públicos, sem escolarização e escravos da burguesia, os pobres são obrigados a obedecer.
Se a direita e a extrema-direita querem manter tudo do mesmo jeito sem mexer em nenhum de seus muitos privilégios e nem na exploração contínua da mão de obra que lhe produz toda a riqueza, para que mudar, então? Assim, mecanismos são criados para manter o pobre sempre cada vez mais pobre e subserviente aos mais ricos. É a velha fórmula da Casa Grande e Senzala que nunca deixou de existir em nossa injusta e cruel sociedade. Pobre não tem ideologia nem preferência política. Geralmente segue por obrigação e por conveniência o que lhe mandam seguir. Rondônia, por exemplo, é um dos estados mais pobres e miseráveis da nação. Mas é talvez o mais direitista e reacionário do país. Em Porto Velho, sua suja e imunda capital, quase toda a mídia é de direita e para as próximas eleições não existe um candidato sequer que seja da esquerda ou progressista.
O problema é que a esquerda do Brasil também é outra porcaria. Usa o pobre e a pobreza como fetiche para seus discursos vazios e mentirosos. De um modo geral, muitos brasileiros se dizem de direita e de extrema-direita, já outros se dizem de esquerda ou de centro. Só que todos eles são vassalos da elite endinheirada que sempre ditou as regras do jogo. O Brasil nunca teve um governo que beneficiasse os mais pobres, o trabalhador, aquele que produz a riqueza com o seu trabalho. Somos a oitava potência econômica do mundo e pagamos um salário de apenas 265 dólares enquanto Portugal paga quase 800 dólares. Nem o pobre nem o rico precisam ser de esquerda ou de direita respectivamente. Devia ser mais humano e fraterno e para isso precisa melhorar mais sua leitura de mundo e aprofundar mais seus poucos conhecimentos. Já pensou se os pobres do Brasil lessem e entendessem Eduardo Galeano, Paulo Freire, Karl Marx, Gramsci, Nietzsche ou Voltaire?