O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem tentando negociar com o movimento grevista, liderado por docentes e servidores técnicos de 59 universidades e mais de 560 institutos. Oficialmente, a greve foi deliberada em março e gradativamente deflagrada por outras instituições pelo país.
Na semana passada, após o governo federal expor o que podia cumprir do ‘combo’ de exigências, que inclui: “aumento salarial e orçamento, a reestruturação de carreira e a revogação de diretrizes aprovadas nas gestões dos presidentes Temer (MDB) e Jair Bolsonaro”, parte da categoria se viu dividida.
O governo pontuou que não tem como cumprir com o reajuste salarial para 2024, como a categoria exige, mas acenou que fará isso em “2025 com o aumento de (9% e 5%) para 2026”. Por meio do presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), Gustavo Seferian, filiados contestaram a proposta do governo. Na pauta oficial, os funcionários públicos reivindicam: “7,06% em 2024, e 9% em janeiro de 2025, e de 5,16% para 2026”.
Diante da queda de braço entre docentes e União, quem perde é o estudante. Milhares estão sem ir às aulas, outros vivendo num cenário de reféns, tendo em vista que nem todos os professores aderiram à paralisação e continuam em sala de aula. No estado, a Universidade Federal de Rondônia (Unir) é um exemplo da falta de consenso entre os próprios servidores.
Na semana passada, o conselho deliberativo reuniu-se propondo o cancelamento do calendário letivo de 2024, mas a proposta foi vetada pela maioria dos docentes. Além do mais, a fala dos diretores dos câmpus soava como uma crítica contra a paralisação; eles temem que a greve provoque ainda mais o processo de evasão de discentes na universidade.
Em reunião na quinta-feira (23), a categoria no estado também rejeitou a proposta do governo federal, afirmando que manterá a greve seguindo o rito do sindicato nacional. Para um dos conselheiros, a greve trata “minimamente de direitos para os alunos”. Porém, muitos deles não enxergam isso. De Cacoal, um estudante que por questão legal não será identificado, disse que pretende abandonar o curso de administração.
A opção é concluir os estudos numa faculdade particular. “Se realmente o aluno fosse tratado com respeito dentro da Unir, primeiro, os servidores já teriam aceitado a proposta do governo. Outra, na Unir, o estudante é visto como a última pessoa dentro daquela universidade e só nos buscam quando precisam de algo”, lamenta.
Na sexta, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, declarou que “os servidores estão recebendo bem a proposta do governo e que acredita que a greve acabe em breve”.