A greve dos técnicos-administrativos e professores federais tem virado quase que uma minissérie. Entre favoráveis e contrários à paralisação, servidores e alunos compõem um cenário cheio de incertezas. Na audiência na tarde desta terça-feira (21), servidores e conselheiros da Universidade Federal de Rondônia (UNIR) foram apresentados ao documento que prevê a suspensão do calendário acadêmico 2024.1 da UNIR (Campus) e dos seus oito campi espalhados pelo interior do estado.
Com o documento e as cláusulas lidas, ficou evidente que nem todos os campi concordam com o movimento grevista no estado. Além do mais, muitos rejeitam a proposta do cancelamento letivo, enxergando até certa demora por parte dos dirigentes da UNIR para tomar uma decisão. “Muitas das universidades que resolveram suspender os calendários, a decisão foi muito próxima da deflagração da greve. Pelos docentes da UNIR foi a partir do dia 15 de maio. Já estamos no dia 21/05, ou seja, pelo calendário acadêmico estamos com 37 dias letivos”, pontua o professor e conselheiro, Jadiael Rodrigues.
Do campus da UNIR de Ariquemes, a preocupação da diretora, Marcia Ângela, decorre da evasão que a greve poderá causar. “Em 2015 e 2016 foi mencionado que não tivemos evasão nessas respectivas greves. Não foi o que vivenciamos em Ariquemes. Numa turma de 45 alunos sobraram 14. De oito anos para cá, mesmo no período de não greve, já estamos perdendo estudantes. Imagina com a suspensão do calendário? Temo muito por essa questão”, lamenta.
Pela UNIR em Porto Velho (RO), o professor Ariel Adorno defende a proposta do cancelamento letivo. O docente fala que a greve, além da exigência por aumento salarial, reivindica melhorias. O docente também explicitou problemas administrativos na UNIR, que, segundo ele, são decorrentes da falta de recursos financeiros.
“Não consigo organizar um ar-condicionado em uma sala porque a Universidade não tem verba. Não tem dinheiro disponível para trocar um ar em uma sala. Na perspectiva de pensar em suspender o calendário acadêmico, não é fazer coação contra outros professores que estão trabalhando. Pelo contrário, ela vai no sentido de mitigar e garantir que a gente consiga repor essas aulas. Outra coisa, o relatório é claro: quem deu as aulas neste momento não perde as que foram ministradas”, declara.
Durante a audiência via YouTube, estudantes lamentam o que chamam de indecisão do movimento grevista. “Quando voltar, teremos que correr contra o tempo. É tipo um semestre dentro de um mês”, ironizou um estudante.
Outra aluna fala até em desistência dos demais. “Não vai ter alunos depois da greve. O pessoal vai desistir da UNIR. Uma sala que cabe 40 alunos tem apenas 10”, manifesta.
Nesta terça, 21/04, enquanto ocorria o encontro de conselheiros, os sindicatos que comandam a greve nacional dos servidores e técnicos-administrativos se reuniam em Brasília. A classe rejeitou a proposta do governo federal e propõe o pagamento de 9% a contar de janeiro de 2025, tendo o restante 3,5% pagos em maio de 2026. A reivindicação dos funcionários públicos é de três parcelas de 10,34%, tendo a primeira delas já para este ano e o restante em 2025 e 2026. Em Rondônia, a greve é mantida pelos servidores seguindo a direção nacional. Na próxima quinta, 23, a partir das 14h, acontecerá uma plenária no Campus. Assuntos inerentes à paralisação e ao cancelamento do calendário letivo serão tratados. Assista a reunião: