Após ser questionada por jornalistas do UOL acerca das medidas que vêm sendo tomadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para mitigar a catástrofe no Rio Grande do Sul (RS), a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, não hesitou ao descrever os efeitos do aquecimento global no Brasil.
A definição foi respondida no melhor estilo Silva, considerando o que já aconteceu e o que será determinante com base nos efeitos observados em 2023. “Os cientistas estão dizendo que, possivelmente no ano passado, com a mudança de chave, o que era extremo passou a ser o normal, e o que vai ser o ‘triângulo’ nem sabemos ainda”, declarou.
Para Silva, a realidade do novo clima daqui para frente já mudou. A ministra cita a floresta amazônica: “A Amazônia já apresenta uma perda muito grande de umidade”, explica.
Ao pontuar o pulmão do mundo, a ministra estabelece o que ficou comprovado a partir daquela estiagem. Os incêndios em florestas úmidas e a perda de água por segundo nos principais rios do bioma Cerrado ajudam a estabelecer a gravidade do problema.
“O que ocorreu no ano passado e que nós identificamos: os incêndios sempre acontecem por desmatamento e ganham força ao entrar na floresta. Como se trata de uma floresta úmida, eles se apagam. No ano passado, os incêndios na floresta primária aumentaram em 37%, coincidindo com os estudos científicos que reafirmam que a floresta está perdendo umidade”, destaca.
Estudos, segundo a ministra, comprovam a perda de água nos rios do Cerrado. O acontecimento tem por trás uma combinação de fatores. “Já tínhamos uma perda de 19 mil m³ por segundo nos principais rios do Cerrado. Temos um processo de combinação de chuvas torrenciais e secas muito severas, ou seja, estamos vivendo sob uma nova normalidade climática, que para a natureza agrupa, de acordo com os elementos que vão configurando-a”, esclarece.
Para finalizar, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, explica que a humanidade está vivendo sob os efeitos daquilo que foi desconfigurado. Ela menciona o dever de casa que os governantes mundiais não fizeram ao longo das décadas.
“Infelizmente, o normal que vimos foi desconfigurado. Há 300 ou 400 anos, desde o Mercantilismo e a Revolução Industrial, o planeta vem sendo desconfigurado. Na década de 70, concluiu-se que se deveriam tomar providências urgentes; infelizmente, as providências não foram tomadas. A mais importante seria a de reduzir o CO2 pelo uso de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo, gás e pelo desmatamento. Isso não aconteceu no tempo adequado. Agora já estamos vivendo as consequências e vamos ter que nos adaptar”.
Com informações: UOL