Passavam das 20h de segunda,15 quando a sentença do réu, João Carlos da Silva foi anunciada após pouco mais de dez horas de julgamento. Na íntegra, o juiz de Direito leu a sentença. João Carlos da Silva o “Guiga”. “Os jurados reconheceram a materialidade e autoria delitiva negando a absolvição”
O conselho, também reconheceu as “qualificadoras”, ou seja, os motivos fúteis do autor no cometimento do assassinato da vítima Ari. “Considerando a vontade soberana do Tribunal Popular do Júri, declaro por sentença à procedência da pretensão punitiva estatal para o fim de condenar o réu, João Carlos da Silva, qualificado nos autos dando no incurso nas penas do artigo 121, parágrafo 2º, incisos, 2 e 4 combinados com o artigo 14 inciso 1, todos do Código Penal”, destaca à leitura.
O conselho, também levaram em consideração o comportamento do réu, considerado uma pessoa fria. “A vítima foi assassinada em um local e o seu corpo foi posteriormente levado para outro. O transporte do corpo da vítima demonstra um comportamento ‘frio’ por parte do réu evidenciando uma ação planejada que buscava ainda dificultar o reconhecimento da autoria do crime. Em razão do exposto, fixo a pena base em 15 anos de reclusão, segue o trecho.
Sem o reconhecimento das atenuantes “que poderiam agravar o recurso que dificultou a defesa da vítima”, o juízo multiplicou em mais três anos a sentença, conferindo ao réu João Carlos da Silva uma pena 18 anos de reclusão. O criminoso já estava preso desde 2022 e será mantido em regime-fechado.
Para Ivaneide Cardozo, da Associaçao Etnoambiental – Kanindé, a sentença é pontuada como a justiça fazendo o seu papel, no caso do Ari Uru-Eu-Wau-Wau (Jupaú). Ainda assim, Ivaneide não descarta que o crime tenha por trás um mandante. “Esse julgamento do Ari mostrou que a justiça se realiza. Precisamos que o mandante, quem ajudou ele (Guiga) a assassinar o Ari também seja punido e responda pelo crime”, conclama Neidinha Suruí.
Ainda, segundo Neide Cardozo, a sentença trouxe um alívio momentâneo para os Uru-Eu-Wau-Wau. “Hoje a gente consegue dormir um pouquinho mais em paz com esse resultado. Justiça a gente corre atrás, brigamos para fazer. Brigamos agora para que o mandante ou cumplice sejam localizados e punidos. Ari vive! Ari presente!”.
O julgamento de Ari-Uru-Eu-Wau-Wau, aconteceu no Fórum do município de Jaru. Na audiência, além de amigos estava a irmã de Ari, a indígena Mondai Uru que prestou depoimento bastante emocionada. Segundo o inquérito policial, Ari foi assassinado no dia, 18 de abril de 2020. Seu corpo foi encontrado jogado em uma estradinha de chão na divisa dos municípios de Governador Jorge Teixeira, Jaru e Tarilândia.