O batelão ribeirinho tornou-se uma peculiar tradição dos seringais da Amazônia Sul – Ocidental brasileira. Ele sobrevive entranhado aos modos de vida das populações tradicionais do rio Abunã e seus afluentes da fronteira Brasil Bolívia.
O batelão ribeirinho é casa. Nele os seringueiros passam uma boa parte do tempo desenvolvendo as suas atividades, e estabelecendo metas no sentido de alcançar a relevante sobrevivência. É nele onde as coletividades amazônicas depositam a fé, a esperança e o ecoequilíbrio do mundo vivido. O batelão como casa, aloja a vida, protege o lar e abriga os imaculados sentimentos do homem e o seu imbricado relacionamento com a natureza.
O batelão ribeirinho é o principal transportador de produtos do homem seringueiro. Para o escritor e jurista Pedro Ranzi, o batelão é uma embarcação regional que serve para transportar pessoas, animais ou mercadorias, e é construído de madeira, com motor de centro ou na popa (rabeta).
O batelão ribeirinho é também regatão. Pedro Ranzi nos diz que regatão é um pequeno comércio fluvial em que se vende de tudo no batelão, sendo ao mesmo tempo, casa, armazém e escritório, e segundo o mesmo autor:
“o regatão adquire os produtos bem mais baratos nas cidades e vende aos seringueiros e ribeirinhos a preços exorbitantes e adquire os produtos regionais”.
O batelão ribeirinho é também o local de nascimento de novas vidas. No próximo capítulo falaremos sobre o parto da mulher brasiviana ocorrido no batelão e o desfecho de luta e sobrevivência de uma mãe para trazer a sua filha ao mundo.