Na prevalência da subalimentação a inanição avança desenfreada, enquanto a perniciosidade da fome atinge o vergonhoso índice de 9,8% da população global. A aversão e execração ao outro, e o distanciamento exacerbado entre a política pública e os famintos, são esferas afrontosas que asfixiam a vida e o lar, e condenam sem comiseração os marginalizados da terra ao infortúnio degradante da humanidade.
A fome arranca o dadivoso da alma, debilita o vigor físico e faz com que o ser humano entre danosamente em estado fúnebre da derrocada. Tratados ao desdém da honra, os exclusos da terra marcham na estrada da morte em vida até descansarem cadavéricos na catacumba escura, um lugar onde não há espaço para o sofrimento, mas há espaço para a condecoração eterna da liberdade.
Cordões “sub-humanos” desfilam fincados à terra, ninguém mais escuta os gritos dos excluídos, o embuste dos Estados Nacionais adormece na empáfia, enquanto os direitos humanos são criminalmente enclausurados em nome do capital hostilizante e espoliador.
Enquanto o poder hegemônico descansa na improbidade, os seus incautos gargalos adotam a incúria, e nesse insidioso impropério, os espíritos bélicos vão deixando rastros de sangue e ceifando a vida das almas benevolentes.
Na devassidão do conluio e desregramento, os cordões “sub-humanos” continuam resistindo, e nessa inaceitável rede de invisibilidade, eles caminham agora conscientes e politizados, mostrando ao mundo a força vitoriosa das sombras da exclusão.