No dia 21 deste mês, servidores e o corpo discente elegeram os novos responsáveis pela administração da Universidade Federal de Rondônia (UFRO). No quadro de candidatos, duas mulheres, até então desconhecidas do público, surpreenderam.
Marília Pimentel e Viviane Ricciotti são, respectivamente, a reitora e a vice-reitora, eleitas com 36,5% e 33,6% dos votos. Escolhida para o cargo de reitora, Marília Pimentel, natural de Porto Velho (RO), conta com 25 anos de casa. Na Unir, é responsável pela coordenação do curso de Letras Vernáculas, justamente o setor que, apesar do tempo de instalação, mantinha incerta a realocação dos estudantes que viviam alternando de sala em sala.
REITORAS PRECISAM CRIAR UM AMBIENTE DE COMUNICAÇÃO E UNIFICAÇÃO
Com base em informações concedidas pelos próprios servidores, as eleitas enfrentam desafios a serem sanados para trabalhar em uma Unir dominada por um campo de forças obscuras. Colocar a casa em ordem é o primeiro deles. Foi apurado que a instituição sofre com problemas herdados de gestões anteriores. Até quem passa pela rodovia BR-364 consegue identificar os problemas na Unir.
- DA PINTURA DESBOTADA AOS PRÉDIOS SEM REPAROS: CAMPUS É IMENSO, MAS SEM JARDIM
Da pintura desbotada aos prédios antigos, necessitando de reparos logísticos, as necessidades da Unir transportam a instituição para uma realidade de omissões. “A Unir está abandonada”, declara um(a) servidor(a) com décadas de serviço, que preferiu manter sua identidade em sigilo.
UFAC, UFAM E UEA: MODERNIDADE DOS CAMPUS REVELA QUE A UNIR PAROU NO TEMPO
Ao observar as universidades nos estados vizinhos a Rondônia, como a Universidade Federal do Acre (UFAC), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Universidade Estadual do Amazonas (UEA), nota-se um contraste que envergonha acadêmicos e egressos da Unir. Na UFAC, a gestão de Minoru Kimpara, iniciada em 2012, foi decisiva para modernizar a instituição, respeitando a arborização, a jardinagem e o conforto dos discentes. Na época, Kimpara enfatizou a importância da união entre servidores e discentes para transformar a UFAC.
- CAMPUS UNIR: ALUNOS DISPUTAM ESPAÇO COM CÃES E GATOS ABANDONADOS
No campus de Porto Velho da Unir, conforto é um conceito desconhecido pelos alunos. A conquista de um Restaurante Universitário (RU) foi fruto de muita luta e manifestações estudantis. A pressão popular levou a antiga reitoria a concretizar o contrato com a empresa de serviços de cozinha. No entanto, os estudantes ainda buscam locais improvisados para alimentar-se, muitas vezes dividindo espaço com cães e gatos abandonados no campus.
TEM MUITA TEORIA, MAS A PRÁTICA AINDA É UM PRÉDIO FECHADO
Apesar de haver estudantes de teatro, o prédio do teatro universitário continua subutilizado, sendo mais um dos “elefantes brancos” do campus. Um incidente com um hidrante em um dos pavilhões, que por pouco não atingiu alunos e servidores, foi rapidamente resolvido, mas destacou a tendência de problemas menores serem ignorados.
- BIBLIOTECA: SETOR PRECISA DE NOVOS EXEMPLARES
A Biblioteca Setorial Prof. Roberto Duarte Pires oferece um ambiente ideal para estudos, mas carece de atualização no acervo. Muitos livros datam da época da mudança da Unir para o atual prédio, em 1985. “A troca poderia acontecer, mas depende do interesse dos professores em adquirir novos exemplares”, comenta um estudante de engenharia.
ESTRUTURA PODE SER AMPLIADA COM CRIAÇÃO DE QUIOSQUES
Há potencial para aproveitar espaços com quiosques literários divulgando obras de autores rondonienses e docentes, mas isso ainda é apenas uma ideia entre os funcionários. “A Universidade Federal de Rondônia parece caminhar num ambiente de pensamentos individuais, onde o corpo docente parece desinteressado nas necessidades dos discentes”, aponta um aluno de arqueologia.
- UM FINAL QUE PODE SER FELIZ OU TUDO CONTINUARÁ COMO O VELHO ‘BURACÃO’
Quanto às reitoras, elas enfrentam uma tarefa exaustiva. Para terem sucesso até 2027, precisam criar mecanismos que incluam as vozes dos discentes e dos servidores com pensamentos modernistas. Caso contrário, um orçamento milionário será insuficiente para mudar a realidade da Unir, evitando que novos prédios se tornem apenas mais ‘buracões’ aos olhos dos acadêmicos.