A Br-319 chegou a ser cogitada no [Novo-PAC], do Governo Federal, mas por questões ambientais, o empreendimento, construído e abandonado em plena Floresta Amazônica, passou a ser tratado isoladamente, dado a complexidade da reabertura nos tempos de desmatamento desenfreado e invasões por piratas da terra na Amazônia.

Na semana passada, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), após tantos burburinhos de políticos e empresários, os mais interessados na revitalização da rodovia Porto Velho-Manaus, resolveu criar um grupo de trabalho.

Com base nas informações da Folha, o grupo vai focar nos estudos de viabilidade. A diferença é que a pasta que será coordenada pelo Ministério dos Transportes, e não terá a participação do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Os trabalhos, serão coordenados por quatro instituições, todas elas ligadas ao Ministério dos Transportes, chefiado pelo ministro Renan Filho. Em entrevista a rádios da Região Norte, o presidente Lula, apontou interesse na reconstrução da Br-319, mas deixou claro que tudo dependeria dos estudos feitos pelos órgãos responsáveis.

Antes de ser finalizada, a rodovia Br-319 já mostra sinais de prejuízos contra a Floresta Amazônica. Invasões nas terras públicas, abertura de estradas e vicinais, comprovam os efeitos prejudiciais ao meio ambiente. Nada muito satisfatório ao que vivemos hoje como aquecimento global.
Na divisa de Rondônia com o Amazonas, os efeitos da destruição já têm até nome: AMACRO. As invasões descontroladas na floresta já são, segundos pesquisadores, ‘os efeitos’ da possível reconstrução da Br-319. O Amazonas, que até meados de 2008, não demonstrava o menor interesse em ligar com o estado de Rondônia, 15 anos após, puxa a fila pela integração entre os estados. Para os pesquisadores, “o Amazonas propaga um interesse duvidoso, partindo da premissa de quem não tem timbre para a agricultura”.

O atual chefe do Executivo costuma afirmar que a reconstrução seria uma forma de tirar o Amazonas do isolamento. Mas o mandatário, e fiel escudeiro do Bolsonarismo no estado, é desmentido pelo pesquisador Lucas Ferrante, da Universidade Federal do Amazonas. “O Amazonas não está isolado como alegam os defensores da obra porque existem outras vias de transporte para a região, como o rio Amazonas que mantém tráfego e escoamento de mercadoria para Manaus”, alega.

Ainda, segundo o especialista da UFAM, existe a necessidade de que os serviços envolvam especialistas do setor ambiental, principalmente, quanto ao interesse do Dnit, que tem feito “propaganda” para a execução da obra. Lucas, volta a criticar o governador amazonense que costuma culpar outras federações para safar-se dos próprios erros administrativos.
Consequência da Br-319 para Porto Velho. Onde estão as pesquisas de viabilidade no cenário urbano?
Quanto a ligação com Rondônia? Ambientalistas afirmam, que é preciso manter estudos que comprovem a viabilidade da obra e os efeitos dela na capital Porto Velho. “Sabemos que Porto Velho até hoje sofre com os efeitos de carretas passando dentro da cidade, tendo em vista da Br-319 cortar a capital. Sem planejamento, PVH pode sofrer consequências ainda maiores pelo problema que não vem sendo comunicado para os moradores”, afirma uma das coordenadoras da A-CLAPV, Alice Leyla.
Efeitos da Br-319: crime organizado pode chegar a capital de Rondônia?
Nos últimos anos, o Amazonas passou a ser palco do crime organizado, com a proliferação das facções criminosas que matam a luz do dia. Como também a ampliação do tráfico de drogas, principalmente com a Colômbia e o Peru. Em plena capital Manaus, o confronto de traficantes com a polícia é constante e sempre com tiroteios. O temor é que o cenário que já ocorre no Amazonas, seja transferido também para o estado rondoniense.