Por Wanglézio Braga
Os níveis dos rios que banham os municípios do Acre continuam subindo sem precedentes e desalojando milhares de pessoas em diversos municípios. No último boletim da Defesa Civil, publicado na tarde de hoje (28), quatro cidades decretaram situação de emergência. Só em Rio Branco, as enxurradas atingiram 38 mil pessoas.
Em Brasiléia, na fronteira com a Bolívia, oito bairros foram atingidos, mais de nove mil pessoas foram atingidas, obrigadas a saírem de suas casas. O quadro não é diferente em Epitaciolândia, cidade-gêmea de Brasileia. Trezentas famílias estão sendo levadas para abrigos improvisados em escolas e ginásio. A BR-317 que liga as duas cidades está bloqueada para o tráfego, sem rota alternativa, por tanto, as cidades estão isoladas.
Em Xapuri, terra do líder seringueiro Chico Mendes, as águas do Rio Acre invadiram o Hospital Geral. Equipamentos e pacientes foram levados para a sede da Universidade Federal do Acre (UFAC) na cidade. A prefeitura tem dois abrigos funcionando. Ao todo, 125 famílias desabrigadas e 62 pessoas atuam na remoção de pessoas alagadas, por meio da sala de situação no comando da Polícia Militar do município.
Em Manoel Urbano, o Rio Purus já deu sinais de aumento dos níveis e pode provocar enchentes nas próximas horas. Por volta das 13 horas (horário de Rondônia), a régua da Defesa Civil registrou 11m78cm. A cota de alerta é de 13m50cm e a cota de transbordamento é de 14m.
Em Sena Madureira, sete bairros foram atingidos pelas águas do Rio Iaco, 30 famílias estão desabrigadas. Hoje o nível do Rio atingiu 15m10cm, faltando apenas 10 centímetros para atingir a cota de transbordo de 15m20cm.
Por falar na primeira capital do Acre, um vídeo circula nas redes sociais mostrando o exato momento em que um posto de combustível flutuante é atingido pelos famosos balseiros (galhos e troncos de árvores), apesar da violência ninguém ficou ferido.
Em Feijó, os níveis do Rio Envira também estão aumentando consideravelmente e provocando alagamentos em algumas partes baixas da cidade. Desde domingo, Bombeiros estão procurando os corpos de duas crianças que morreram afogadas durante um naufrágio ocorrido nas proximidades do porto da cidade.
Em Rio Branco segue o cenário de destruição provocado pelas enchentes dos igarapés e do Rio Acre. Pela manhã, a Defesa Civil realocou 22 famílias indígenas que estavam abrigadas numa escola, após o prédio sofrer ameaça de enchente. O grupo que estava ilhado foi levado para outra escola na parte da alta da capital acreana.
Ainda em Rio Branco, a Defesa Civil verificou o nível do Rio Acre e a expectativa é de crescente. Às 15h (horário do Acre), o manancial registrou 16,84 cm. Portanto, está com 2,84 metros acima da cota de transbordo, que é de 14 metros.
Fontes oficiais falam em 38 mil moradores da capital acreana que foram atingidos, no entanto, o número pode ser bem maior.
Mais de 2 mil pessoas estão desabrigadas e a estimativa é de que o número de desalojados esteja acima de 3,8 mil pessoas. Trinta e seis bairros foram atingidos. Até o momento, 38 abrigos provisórios foram erguidos.