Por redação
Antônio de Almeida Sobrinho é graduado em Engenharia de Pesca (UFC), com Pós-Graduação em Análise Ambiental na Amazônia Brasileira (UNIR), Pós-Graduação em Tecnologia do Pescado (UFRPE/FAO/Ministério da Agricultura); Pós-Graduação (Stricto sensu) em nível de Mestrado, através da UNIR – RO; Pós-Graduação (Lato sensu) em Docência no Nível Superior, UCAM/PROMINAS-MG; Pós-Graduação MBA em Gestão de Cooperativas, IFRO/Porto Velho-RO; Licenciatura Pedagógica: Formação Pedagógica para Graduados não Licenciados, IFRO/UAB; Pós-Graduação (Lato sensu) Engenharia de Segurança do Trabalho (PROMINAS-MG); Pós-Graduação (Lato sensu) Tecnologias Educacionais para a Docência da Educação Profissional e Tecnológica – (UEA-AM); Pós-Graduação (Lato sensu) Gestão de Educação EAD – em fase de conclusão (IFRO-Porto Velho- RO.
Como servidor público, Antônio de Almeida Sobrinho atuou como Extensionista Pesqueiro, no quadro da ASTER-RO, depois, EMATER-RO, no período de 1978 a 1996, passando pela EMBRAPA, por dois (2) anos, SEDAM, por dois (2) anos; como Coordenador Regional da SUDEPE – Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (extinta) deu início aos primeiros trabalhos, no âmbito da Pesca e Aquicultura no estado de Rondônia, no período de 1986 a 1989, culminando com a viabilização e implementação da Estação de Piscicultura de Rondônia e início de uma nova fase do setor produtivo primário: a piscicultura, em nível de produtor rural e de piscicultor; junto a ELETRONORTE, atuou por três (3) anos, quando viabilizou o Projeto Unidades Produtivas Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-rede, junto à Colônia de Pescadores Z-6 de Candeias do Jamari, no período de 2002 a 2005; em Convênio de Cooperação; junto ao Governo de Rondônia, SEPLAN/PROTA, como Bolsista do CNPq, no período de dois (2) anos; junto ao IBAMA, como Bolsista do PNUD, no período de dois (2) anos, lotado no CNPT quando realizou a qualificação tecnológica para as comunidades extrativistas do estado de Rondônia.
Antônio de Almeida Sobrinho em 2006 defendeu uma Monografia de Mestrado, através da Universidade Federal de Rondônia, sob o tema: Sub-bacia hidrográfica do baixo rio Candeias e a viabilidade da piscicultura em tanques-rede, sob a orientação do Prof. Dr. Osmar Siena, ex-Reitor da UNIR e Dr. em Desenvolvimento Sustentável, com a Banca de Avaliadores formada por o Dr. Ênio Glória da Silveira e Dr. Júlio Sancho Linhares Teixeira Militão, ambos conceituados professores da UNIR.
NewsRondonia: Você como colaborador deste Portal de Notícias há anos temos acompanhado a sua atuação e trajetória — desde os primeiros passos no nascimento e desenvolvimento da piscicultura, com início ainda nos idos do ex-Território Federal de Rondônia e, depois, no Novo estado de Rondônia, com a implementação da SUDEPE (extinta), até nossos dias. Como está hoje a piscicultura em Rondônia?
Antônio de Almeida Sobrinho (AAS): A atividade da piscicultura em Rondônia deveria estar bem melhor e não atingiu ainda a sua capacidade máxima sustentável de produção por falta de gestão pública do próprio Governo do Estado que não tem aproveitado a mão de obra qualificada que o Estado dispõe — que são os Engenheiros de Pesca, graduados nos últimos anos, através da Universidade Federal de Rondônia, num total de mais de 80 profissionais — que vem atuando em outras áreas, enquanto profissionais sem qualificação específica têm ocupado estes espaços, sem que os produtores rurais, os micros, pequenos e piscicultores recebam uma assistência técnica de qualidade e, por isso, vem abandonando a atividade de criação de peixe por falta de assistência técnica, de atenção e prioridade do poder público.
NewsRondonia: O que o Governo de Rondônia deveria fazer para atender satisfatoriamente estas deficiências da piscicultura, em nível estadual?
AAS: Não existe nenhum mistério. Através da SEAGRI-RO pode-se viabilizar um Edital para contratação de no mínimo 01 (um) profissional graduado em Engenharia de Pesca para cada Escritório da EMATER, devidamente capacitado para tal, para atuar em cada município e, assim, prestar uma assistência técnica de qualidade para os produtores rurais e os piscicultores que vem tentando, a duras penas, criar peixe em suas respectivas propriedades.
NewsRondonia: Onde você tem atuado nos últimos tempos?
AAS: Por mais paradoxal que pareça eu tive que me recorrer em participar de Editais publicados pelo Governo do estado do Amazonas, através da SEPROR – SEPA/AADESAM e fui lotado junto ao Centro de Treinamento e Tecnologia de Produção de Alevinos de Humaitá – AM – CTTPAH, de novembro de 2020 a dezembro de 2022, quando neste período tivemos a preocupação em dar início os primeiros passos da piscicultura no Sul do Amazonas, num trabalho conjunto com a SEMAPA – em Convênio de Cooperação assinado entre a Prefeitura Municipal de Humaitá-AM e Governo do Estado do Amazonas, a fim de dar início a um trabalho, no âmbito da piscicultura para os munícipios de Humaitá, Lábrea, Manicoré, Apuí, Canutama, incluindo fornecimento de alevinos de Tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) e, agora, matrinxã (Brycon sp.).
NewsRondônia: Você é conhecido como um profissional muito estudioso e que tem tirado os primeiros lugares em vários editais e concursos por onde tens participado. Isto procede ou são elogios e falácias fantasiosos de seus amigos?
AAS: É verdade. Eu adquiri desde criança o hábito por leituras e por estudos. No estado do Amazonas, não quero aqui me vangloriar, em 3 (três) Editais que participei tive a sorte e sempre me classifiquei no topo da lista. Eu tenho quase certeza que estes resultados positivos pode-se atribuir aos cursos que tenho feitos, ao longo do tempo, em diversas áreas e isto nos capacita e nos qualifica com um somatório de pontos que tem superado os demais concorrentes nesta nossa área de atuação.
Agora, mesmo, em 2022 eu conclui o Curso de Pós-Graduação (Lato sensu) Engenharia de Segurança do Trabalho, através da PROMINA-MG, curso este que agrega sobre a Graduação como profissional Engenheiro de Pesca e Engenheiro de Segurança do Trabalho, e, assim, ampliar a nossa área de abrangência no campo profissional.
NewsRondonia: Como está o estágio de desenvolvimento da piscicultura no estado de Rondônia?
AAS: Tem muita gente ganhando muito dinheiro com a piscicultura em Rondônia, sem se preocupar que esta atividade, que teve início com os primeiros colonos que por aqui chegaram e apostaram todas as suas reservas para explorar suas propriedades, conquistadas com muito sacrifício, tendo início com o aproveitamento de pequenas e médias barragens construídas para fornecer água para o gado e, depois, para criação de peixes. Após um longo período de sonhos e miragens em busca de alevinos para desenvolver a piscicultura, o Governo de Rondônia, em parceria com a então SUDEPE (extinta em 1989 e criação do IBAMA) oportunizou a produção de alevinos e daí, durante vários anos a piscicultura tomou um grande impulso — começando do momento ZERO, até chegar nos dias atuais e atingir o primeiro lugar no topo do ranking nacional de produção de pescado nativos e de água doce — com uma produção de 59,6 mil toneladas de pescado, proveniente da piscicultura, em nível de propriedades rurais, na safra de 2021/2022, de acordo com dados publicados através da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), contra 25 mil toneladas de pescado no estado do Amazonas, no mesmo período.
NewsRondônia: Por que o estado de Rondônia com um potencial de água milhares de vezes inferior ao do estado do Amazonas e atualmente produz superior ao dobro de pescado do vizinho Estado das águas?
AAS: A explicação é bem simples. Enquanto o estado de Rondônia foi colonizado por produtores rurais provenientes dos estados do nordeste, sul e sudeste do Brasil, em sua maioria com alguma experiência em piscicultura em seus estados de origens — e quando aqui chegaram receberam terra com abundância de água e para desenvolver a pecuária, tiveram que preparar pequenas e médias barragens para armazenar água para atender as necessidades para o consumo do rebanho bovino. Com as barragens preparadas + produção de alevinos + incentivo governamental = a piscicultura teve um grande impulso.
Por outro lado, no estado do Amazonas os municípios surgiram às margens dos rios, com populações ribeirinhas compostas por pescadores e silvícolas de diversas etnias, a exemplo dos índios ticunas, na Calha do rio Solimões e outras dezenas tribos indígenas nos demais municípios do Amazonas e de comunidades formadas por pescadores artesanais e por comunidades quilombolas, que vivem do extrativismo da pesca artesanal e atividades da extração de amêndoas, açaí, copaíba, mel de abelha e de raízes diversas.
NewsRondonia: Qual a sugestão que você teria a dar para o Governador Marcos Rocha para salvar a piscicultura no estado de Rondônia e se evitar um possível “boom” num futuro próximo na piscicultura?
AAS: Todos que conhecem os segredos da piscicultura sabem muito bem que do mesmo modo que a piscicultura tende a crescer, também tem uma grande probabilidade de decrescer. A piscicultura é uma atividade primária muito exigente e não pode ser exercida sem tecnologia e por oportunistas e aventureiros. Compara-se a piscicultura à gestão de administrar. Administra-se bem ou mal. Não existe um meio termo. Como a piscicultura ocorre do mesmo nível. A EMATER-RO, órgão do Governo Estadual responsável em prestar os serviços de ATER- Assistência Técnica e Extensão Rural tem uma infraestrutura com Escritórios Locais e Escritórios Regionais em todos os 52 municípios e Distritos de Rondônia e não dispõe de profissionais Graduados em Engenharia de Pesca suficientes para atender as demandas dos produtores rurais e dos piscicultores, em nível Estadual.
Viabilizar, através de Editais e concursos públicos a seleção e efetivação de profissionais com Graduação em Engenharia de Pesca – egressos nos últimos anos da Universidade Federal de Rondônia, hoje estimado em 80 profissionais fora do mercado de trabalho e outros se dedicando à docência na rede pública de educação federal, estadual e municipais e/ou com sub empregos, necessitando de uma oportunidade em atividades da pesca e aquicultura, podendo muito bem serem aproveitados para atuarem nos Escritórios da EMATER-RO, SEDAM-RO, IDARON e SEAGRI-RO e, assim, atender, a contento, as demandas da piscicultura no estado de Rondônia e região. É bem verdade que existem hoje muitos piratas atuando na condição de Engenheiro de Pesca, sem qualificação profissional, se caracterizando como exercício ilegal da profissão, em detrimento de muitos jovens que se dedicaram e passaram cinco anos dentro de uma Universidade estudando para obterem um título de Engenheiro de Pesca e ficarem fora do mercado de trabalho.
NewsRondonia: Qual uma segunda sugestão que você teria ainda a acrescentar para o Governador de Rondônia?
AAS: Em consonância com o Decreto nº 10.576 de 14 de dezembro de 2020, que dispõe a cessão de uso de espaços físicos em corpos d’água de domínio da União para a pratica da aquicultura — publicado no Diário Oficial da União em 13 de dezembro de 2020. Nós temos uma vasta experiência em criação de peixe em tanques-rede, em especial a espécie tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818), através de vários projetos exitosos que tivemos a oportunidade em elaborá-los, implementá-los e posteriormente, prestarmos assistência técnica, por um período de dois ano, ou mais, tais como:
1.Unidades Produtivas Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-rede, no rio Candeias, no município de Candeias do Jamari:
NewsRondonia: Qual a produção e a produtividade de um Projeto de Criação de Peixe em Tanques-rede deste nível, implementado no rio Candeias?
AAS: Este Projeto ora apresentado, com uma área menos de meio (1/2 ha) hectare da água, no meio do rio Candeias, composto com:
• 4 unidade de tanques-rede com as dimensões de 5m de comp. x 5m de larg. x 2 m de prof. no total de 50 m³ de água produziu-se 6,0 toneladas de tambaqui, com 3.000 exemplares de espécie tambaqui, com uma média de 2,0 kg cada exemplar, em cada tanque-rede e um total de 24 toneladas de pescado;
• 26 unidades unidade de tanques-rede com as dimensões de 3m de comp. x 3m de larg. x 2 m de prof. no total de 18 m³ de água produziu-se 1.800 kg de pescado, da espécie tambaqui, com 900 exemplares, com uma média de 2,0 kg cada exemplar, em cada tanque-rede e um total de 46.800 kg de pescado, no período de 10 meses de cultivo intensivo.
2.Unidades Produtivas Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-rede, no rio Pacaas Novos, afluente do rio Mamoré, no município de Guajará-Mirim-RO:
3.Unidades Produtivas Comunitárias para Criação de Tambaqui em Tanques-rede, no rio Guaporé, no município de Costa Marques:
NewsRondonia: Quais as vantagens do cultivo de peixes em tanques-rede?
AAS: São muitas as vantagens da criação de peixes em tanques-rede, dentre estas pode-se falar:
•distribuição de renda – enquanto o pescador passa a ter um salário digno, este faz a distribuição de renda e circulação da moeda e passa a contribuir para o desenvolvimento da economia regional e do País;
•qualificação profissional – o pescador e seus familiares se profissionalizam sobre as técnicas da piscicultura semi-intensiva e intensiva em criação de peixes em tanques-rede e tecnologia do pescado;
•segurança alimentar – o usuário do setor pesqueiro passará a ter a sua disposição a confortável certeza de que o sustento para a sua família está sendo fiscalizado, protegido e preservado no lugar seguro (tanques-rede) por vinte cinco pescadores parceiros;
•inclusão social – este contingente de excluídos de irmãos brasileiros, especialmente os formados por pescadores sem peixes passará a dispor de uma profissão e atividade especial para se dedicar, neste caso a atividade do século, a piscicultura;
•preservação dos recursos pesqueiros – enquanto o pescador se dedica à atividade da piscicultura semi-intensiva e intensiva de criação de peixes em tanques-rede este para de pescar e, assim, contribui para a redução da pressão sobre os recursos pesqueiros;
•sustentabilidade econômica do projeto – toda a receita líquida gerada durante a comercialização do produto terá a seguinte distribuição:
65% da receita líquida seremos distribuídas entre os vinte e cinco pescadores;
30% irão para um fundo para o reinvestimento e sustentabilidade do empreendimento;
5% para a Colônia de Pescadores para cobrir despesas eventuais do próprio projeto.
NewsRondonia: Quais os principais cuidados que se deve ter com o cultivo de peixe em tanques-rede para se evitar danos ao meio ambiente?
AAS: Para que um projeto de criação de peixes em tanques-rede não sofra estrangulamento torna-se necessário um aparato de tecnologias aquícola e gerencial, com o cuidado especial em cumprir fielmente a legislação ambiental pertinente à implementação de empreendimento aquícola e proceder aos seguintes estudos, em conformidade com um Plano de Controle Ambiental:
a) verificar alterações no comportamento dos animais aquáticos confinados – fazer a medição da concentração de amônia dissolvida na água;
b) ao se verificar mortandade de peixes – medir o oxigênio dissolvido na água (O2D) e capturar determinados exemplares e encaminhar ao laboratório para fazer análise;
c) ao perceber que os animais aquáticos não estão se alimentando como antes – observar e verificar se estes animais estejam com estresse, tendo como consequência barulho de máquinas e motores, pescarias em locais muito próximos ou doenças;
d) ao perceber a presença de agentes poluentes, tais como manchas de combustível ou substâncias tóxicas ao meio ambiente, como efluentes provenientes dos curtumes ou dejectos de esgotos domésticos: procurar de imediato impedi-los e criar mecanismos para desviá-los da área do projeto e evitar sua reincidência;
e) durante os trabalhos de fiscalização, ficar atento para a ação dos animais carnívoras pois estes inimigos costumam atacar à noite e quase sempre atuam neste período e devem ser afugentados com barulhos;
f) evitar a realização de pescarias, no âmbito do perímetro do projeto, como alternativa para não induzir a aproximação de cardumes visitantes, atraídos por material de iscas utilizadas e por sobras de ração que foge dos tanques-rede e, assim, competir com o oxigênio dissolvido com os peixes confinados; e,
g) promover medidas mitigadoras para minimizar a produção de gases tóxicos aos peixes, fazer a assepsia constante nos tanques-rede, utilizando-se um bomba satélite, com mangueira com bico de jato, para remover sedimentos e matéria orgânica que prolifera e se transforma em crosta na infraestrutura dos tanques-rede prejudicando ao bom desempenho do cultivo intensivo ou semi-intensivo de peixes em tanques-rede.
NewsRondonia: Você é considerado como o precursor da piscicultura no estado de Rondônia e ganhador de vários prêmios, em nível nacional e internacional. A que você atribui tantos prêmios recebidos por um profissional com formação em Engenharia de Pesca? Você poderia relacionar para que nossos leitores conhecessem os prêmios que você recebeu nos últimos anos, como reconhecimentos dos trabalhos desenvolvidos?
AAS: Com maior prazer. Desde que iniciamos as atividades de pesca e piscicultura na bacia Amazônica, fomos agraciados com os seguintes prêmios e títulos, tais como os mais importantes:
PRINCIPAIS PRÊMIOS CONQUISTADOS COM OS PROJETOS ELABORADOS POR ANTÔNIO DE ALMEIDA SOBRINHO:
•PRÊMIO MÁRIO COVAS, PREFEITO EMPREENDEDOR, promovido pelo SEBRAE, Edição 2003/2004 – Recebido pela SEDAM, ELETRONORTE e Prefeitura Municipal de Candeias do Jamari;
•PRÊMIO GESTÃO E CIDADANIA 2005, promovido pela Fundação Getúlio Vargas, em parceria com a Fundação FORD e o BNDES, recebido pela SEDAM e ELETRONORTE;
•PRÊMIO CHICO MENDES DE MEIO AMBIENTE, ano 2005, Categoria Negócios Sustentáveis, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente –MMA – Governo Federal, com a réplica do projeto UPCTR, em operacionalização no rio Pacáas Novos, afluente do rio Mamoré, no município de Guajará-Mirim;
•CONDECORAÇÃO DO VATICANO – BENÇÃO APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II, CONCEDIDA A ANTÕNIO DE ALMEIDA SOBRINHO, PELOS RELEVANTES SERVIÇOS PRESTADOS AOS PESCADORES DA REGIÃO AMAZÔNICA, EM 2003.
NewsRondonia: O que você fez para fazer jus e ser homenageado com uma condecoração Internacional: Benção Apostólica outorgado pelo Papa João Paulo II, de grande relevância na lista de homenagens?
AAS: Eu tenho consciência que esta homenagem Papal foi uma forma que Sua Santidade o Papa João Paulo II encontrou para homenagear os povos da floresta da Amazônia brasileira e, ao mesmo tempo, acenar para a Diocese do Alto Solimões, na pessoa do saudoso Bispo Dom Alcimar Caldas Magalhões, então Bispo da Diocese do Alto Solimões — que projetos bem elaborados sempre serão bem vindos ao Banco do Vaticano para ajudar as populações indígenas e carentes da Amazônia brasileira. Dom Alcimar Caldas Magalhães nos deixou recentemente, após um longo e produtivo período de trabalho de apoio as comunidades de etinia indígena ticunas, que habitam nos oito municípios da Calhas do Alto Solimões e deixou um legado de realização e de prestação de benefícios sociais e uma imensa lacuna e vai fazer muita falta, em especial para os povos da floresta. É claro que todo profissional se sentiria muito orgulhoso e gratificado em ser lembrado pelo Vaticano, ao receber das mãos do Papa João Paulo II um título tão importante como este que recebemos e, em especial, agora, após a igreja católica o canonizar após sua partida e transformá-lo como Santo, para toda Igreja Católica Apostólica e Romana, com o aval do Vaticano.
NewsRondonia: Você acredita que se o Governador Marcos Rocha viabilizar a contratação de profissionais com formação em Engenharia de Pesca e lotar cada um em cada escritório municipal irá equacionar os maiores problemas da piscicultura no estado de Rondônia?
AAS: Sim. Não temos dúvida. Caso a nossa sugestão fosse aceita, o Governo deveria viabilizar uma estrutura de coordenação junto a SEAGRI-RO ou independente, uma espécie de Superintendência Estadual da Pesca e Aquicultura para promover a qualificação e coordenação dos trabalhos, em nível Estadual, para em parceria com os serviços de ATER, através da EMATER-RO, levar tecnologia pesqueira, aquícola e gerencial para todos os produtores rurais que já iniciaram ou que que têm disposições em criar peixes em suas propriedades, de forma rentável e sustentáveis.
Na gestão feita ao então Governador Confúcio Moura eu montei uma equipe multidisciplinar e nos dedicamos durante um bom período de tempo para elaborar um Projeto de Governo e, assim, subsidiá-lo com a criação de uma estrutura governamental para gerir os destinos dos setores pesqueiro e aquícola do estado de Rondônia e entregou-se este Documento em suas mãos – material pronto para ser implementado quando se pretendia viabilizar a estruturação de uma Secretaria de Estado da Pesca e Aquicultura – SEPA, capaz de dinamizar as pilastras de sustentação da cadeia produtiva do pescado em Rondônia.
Por falta de discernimento e de vontade política, o mencionado governante preferiu o improviso e entregou os destinos da piscicultura a pessoas inabilitadas e aproveitadora de plantão, sem conhecimento técnico, sem escrúpulos e sem compromissos com os destinos do setor aquícola de Rondônia e o resultado está ai para todo mundo ver: estima-se que mais de 50% dos micros e pequenos piscicultores desistiram da ideia de criar peixes em suas propriedades, enquanto dezenas de produtores rurais aterraram seus viveiros que seriam para criar peixes e utilizaram estas áreas para outras atividades primárias, por falta de incentivo governamental, inexistência de assistência técnica, de coordenação técnica e ausência de insumos – como alevinos, calcário dolomítico e os altos preços de ração.
NewsRondonia: Quais os exemplos que você tem para mostrar para o Governo Estadual para que com o aproveitamento da mão de obra disponível no mercado de trabalho a piscicultura de Rondônia possa tomar um novo impulso?
AAS: Não precisamos ir muito longe. Aqui no vizinho estado do Amazonas o governador eleito em 2018, Wilson Lima, viabilizou a contratação de mais de 100 profissionais Graduados pela UFAM em Engenharia de Pesca e outros, inclusive este que vos fala, e os lotou junto à SEPA/SEPROR, variando de 1 a 2 engenheiros de pesca e outros profissionais em cada município, dependendo das necessidades, com um salário de acordo com o teto mínimo profissional, preconizado pelo CREA-AM, e os resultados foram exitosos e satisfatórios. A fim de complementar e fortalecer esta Secretaria de Estado de Pesca e Aquicultura, umbilicalmente encravada dentro da Secretaria de Estado de Produção Rural – SEPROR, dezenas de Engenheiros de Pesca, através de Concurso Público foram também contratados e lotou nos escritórios do IDAM (ex-EMATER-AM) dando, assim, maior eficiência e eficácia aos trabalhos de ATER, em níveis de municípios, com potencias para a pesca e para a piscicultura.
Um outro exemplo que não pode também ser esquecido é o caso do Governador Ratinho Júnior, eleito em 2018, como Governador no estado do Paraná, que de imediato se preocupou em contratar todos os profissionais Engenheiros de Pesca que estavam fora do mercado de Trabalho no estado do Paraná e os lotou em todos os municípios com potenciais para produzir peixes, em níveis de propriedades rurais, e o resultado está ai para todos verem: o estado do Paraná, de acordo com a Associação Brasileira de Piscicultura) Peixe BR, aponta mais uma vez o estado do Paraná como o maior produtor de pescado do Brasil, proveniente da piscicultura, com um crescimento de 9,3%, em relação a produção de pescado de 2021, com um crescimento de 16 mil toneladas de pescado, atingindo o primeiro lugar no ranking nacional de produção de pescado, com uma cifra de 188 mil toneladas, enquanto o estado de Rondônia poderia muito bem atingir a este mesmo patamar e vem patinando em apenas 59,6 mil toneladas por carência de tecnologia e falta de prioridade do poder público.
NewsRondônia: O que você teria ainda a falar e avisar para a classe política e, em especial, para o Governador Marcos Rocha?
AAS: Aproveitando esta oportunidade, venho de público agradecer esta oportunidade que nos foi dada pelo Jornalista Mauro Brisa, Diretor do Portal NewsRondônia, em poder falar para o nosso público e leitores que tem nos acompanhado ao longo de vários anos, através desta Coluna ESPINHA NA GARGANTA, e falar que eu estou profissionalmente disponível para continuar com minha experiência e profissionalismo para contribuir com tecnologia, lealdade a fim de melhorar a qualidade da pesca e da piscicultura do estado de Rondônia e região. Estou livre no mercado de trabalho para o que der e vier.