Autor: Sérgio Pires
A bagunça que virou as alianças na política brasileira, apelidada agora de Federação, ficou muito clara na relação entre PSDB, um partido de centro e o Cidadania, neto do PCB e filho do PPS, ou seja, uma sigla claramente de esquerda. Como misturar água e óleo, principalmente via acordos regionais? A dificuldade dos acordos ficou muito clara em Rondônia, onde alguns tucanos não aceitavam o apoio à reeleição do governador Marcos Rocha, mas a maioria do partido ganhou, no voto, pela parceria. Ocorre que o grupo do Cidadania, ou seja, que representa a filosofia esquerdista historicamente, não quer apoiar nem Rocha e muito menos qualquer sinal de aval à candidatura à Presidência de Jair Bolsonaro, a quem, em nível nacional, o partido faz oposição. Praticamente uma sigla de um líder só, o antigo comunista Roberto Freire, o Cidadania sempre defendeu muito mais teses petistas, do PSOL e outras siglas que lutam pelo socialismo do que quaisquer outras posições. Ora, como então dois partidos tão diferentes, com situações regionais complexas, com lideranças que geralmente se digladiam nos Estados, vão acertar uma Federação? Embora o comando nacional tucano e seus pensadores (leia-se Fernando Henrique Cardoso e vários dos seus seguidores) tenham um pé nos projetos socialistas, o PSDB nunca foi um partido de extremos, como o é o Cidadania. Qualquer amador na política veria que o acordo nacional não ia dar certo. E não deu. Na última sexta-feira, uma convenção conjunta dos dois partidos, na sede do PSDB, em Porto Velho, deixou isso muito claro. Além da oposição da minoria entre os tucanos (candidatos a deputado estadual como Carlinhos Camurça e Johnny Paixão não queriam o acordo com Rocha), o comando do Cidadania chegou a ameaçar não assinar a ata da convenção, caso o acordo de adesão ao atual Governador fosse mantido. É uma medida apenas política, porque se a maioria tucana decidiu pelo acordo, não há necessidade legal de que o Cidadania assine.
Foto: Sérgio Pires
As conversas e trocas de farpas nos bastidores começaram fortes, tão logo a convenção terminou. Um dos antigos membros do partido, José Guedes, que queria ser candidato a Governador, sequer apareceu na convenção. Instado pelo comando nacional do partido a disputar uma vaga à Câmara Federal, Guedes não topou. A este blog, afirmou: "Não serei candidato a deputado Federal. Eu só faria esse sacrifício se me fosse entregue a presidência e a maioria da Executiva Provisória do PSDB e da Federação PSDB/Cidadania". Ou seja, chance zero. Os candidatos tucanos que disputarão cadeiras na Assembleia e que não queriam a aliança, certamente trabalharão por outros nomes, mas terão alguma influência? Objetivamente: a resposta é não!
ACORDO FOI DECIDIDO PELA MAIORIA DOS TUCANOS E ROCHA GANHA MAIS ESPAÇO NO HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO
Todo o imbróglio ainda vai longe, com muita conversa, troca de farpas e confrontos, até que a situação se acalme. Nos bastidores, tucanos comentavam que o ex-presidente do Cidadania, Vinicius Miguel, estaria manobrando para que o acordo com Rocha não fosse fechado. Ele hoje é candidato a deputado federal e está no PSB, que apoia a candidatura de Daniel Pereira. Vinicius nega e diz que são "os donos" do PSDB quem manobraram contra o interesse de vários membros do partido e do próprio ninho tucano, para a aliança com o Palácio Rio Madeira/CPA. A verdade é que o PSDB e o Cidadania vão rachados para a eleição. Como, aliás, qualquer amador poderia prever. Mas a Federação está mesmo fechada com a candidatura de Rocha, que terá mais um importante espaço no horário eleitoral gratuito. Os tucanos, que já representaram um dos maiores e mais populares grupos políticos de Rondônia, se esfacelaram pelo caminho, como ocorreu em nível nacional. O PSDB já estava cambaleando, mas a pífia candidatura de João Dória à Presidência, empurrada goela abaixo do partido, foi a pá de cal. O tucanato começou a revoada e pouquíssimos ainda permanecem no ninho. Em Rondônia, afora Hildon Chaves, prefeito da Capital, que liderou o projeto de aliança com Marcos Rocha, quem mais restou?
FOTOMONTAGEM FAKE IRRITA MEMBROS DO GOVERNO. MAS ALGUÉM ACREDITOU QUE A CENA PUDESSE SER VERDADEIRA?
É uma montagem tão grosseira que, não fosse a época de uma dura disputa eleitoral que se avizinha, poderia não passar apenas de alguma criação humorística. Quem acreditaria num encontro fraterno entre o governador de Rondônia, o bolsonarista de primeira hora e o ex-presidente Lula, maior adversário de ambos? Ora, se a tentativa foi de mostrar Rocha como um eventual parceiro de Lula, não passou de uma ação sem graça, numa tentativa de oposicionistas de prejudicarem o Governo. Pelo menos na visão do Palácio Rio Madeira/CPA. A foto, que o Governador e seus parceiros mais próximos republicaram, chamando de Fake News, mostra dois sorridentes Rocha e Lula, apertando as mãos. Não passou de pura bobagem. A cena original, quem está sorridente e apertando a mão do Governador é seu parceiro político, o presidente da Assembleia Legislativa e presidente do Republicanos, Alex Redano. Sobre o rosto de Redano foi aplicada a foto de Lula. A tentativa idiota foi deixar os aliados de Rocha preocupados? Se foi isso, claro que não colou. A questão que fica é: alguém acreditou nesta fotomontagem? Talvez apenas alguns que não tenha qualquer informação do mundo da nossa política e não saibam da forte ligação de Rocha com Bolsonaro e o zero de possibilidade do Governador aparecer como se estivesse ao lado do arqui-inimigo do ocupante atual do Planalto. Afora esses poucos, quem mais acreditaria?
ESQUERDA SE MOBILIZA E DÁ DEMONSTRAÇÃO DE FORÇA NO LANÇAMENTO DE DANIEL PEREIRA AO GOVERNO
Que não se subestime a força política dos partidos que representam a esquerda e que, todos, apoiam a eleição do ex-presidente Lula. Neste domingo, na convenção do Solidariedade, PCdo B, PV e apoio do PSB, um grande público superlotou o local do encontro, na avenida Rio de Janeiro, foi apoiar o lançamento oficial da candidatura de Daniel Pereira ao governo rondoniense. A chamada Frente Popular mostrou uma força acima do esperado, até porque as últimas convocações para manifestações de rua, em Porto Velho e nas principais cidades do interior, sempre vinham reunindo um público muito pequeno. Mas não neste domingo. Daniel fez um discurso otimista, destacando a preocupação com a agricultura familiar, com as mulheres e com as questões ambientais. Foi muito aplaudido. Na convenção, com muita gente representando os partidos de esquerda, mas principalmente o PT, foi também confirmado o ex-deputado federal de três mandatos, Anselmo de Jesus, como o candidato a vice. Nomes poderosos do partido, como a ex-senadora Fátima Cleide e o ex-presidente da Assembleia Legislativa, Hermínio Coelho, também foram destaques durante o evento. A Frente Popular lançará também uma forte nominata para a Câmara Federal (Fátima do PT, Mauro Nazif e Vinicius Miguel, do PSB são alguns dos nomes) e também várias candidaturas para disputar as 24 cadeiras da ALE.
FRENTE POPULAR OFICIALIZA DANIEL, MAS PSOL E REDE CAEM FORA E LANÇAM PIMENTA DE RONDÔNIA
Quem disse que dessa vez a esquerda estaria unida num só Frentão? Pelo enésima vez, isso não aconteceu, embora até meados da semana passada, essa possibilidade parecia ser possível. No domingo, o Solidariedade e o PT confirmaram as candidaturas de Daniel Pereira ao Governo e o PT confirmou a dobradinha, cedendo o nome de Anselmo de Jesus como vice. PC do B e PV também estão no pacote. A convenção do PDT, nesta semana, deve confirmar o nome do ex-conselheiro do Tribunal de Contas, como candidato ao Senado. Sua primeira suplente já está definida. Trata-se da empresária Ana Gurgacz, esposa do atual senador Acir Gurgacz. Contudo, PSOL e Rede Sustentabilidade, partidos que em Rondônia jamais elegeu sequer um vereador, caíram fora da Frente Popular. As duas siglas fizeram convenção conjunta, escolhendo outro candidato ao Governo: será Pimenta de Rondônia, presidente do PSOL, que já concorreu outras vezes ao Governo e à Prefeitura da Capital. Faltam agora a definição do PSB, outro grande partido que faz parte da frente, oficializar seus nomes e seus apoios.
JESUALDO PIRES MANTÉM DECISÃO DE NÃO DISPUTAR ESTA ELEIÇÃO E AGRADECE CONVITE DE LÉO MORAES PARA SER SEU VICE
O ex-prefeito de Ji-Paraná e ex-deputado Jesualdo Pires poderia voltar à ribalta da política, graças a insistentes convites que recebeu para ser o candidato a vice na chapa do deputado Léo Moraes, que vai disputar o Governo pelo Podemos. Jesualdo é do PSB, mas havia decidido não participar da eleição deste ano. Nos últimos dias, contudo, ele ouviu de amigos, parceiros e eleitores, que seria muito positiva sua participação na campanha deste ano. Mas, depois de muito pensar e ouvir principalmente sua família, mesmo dizendo-se honrado com o convite, ele manteve sua decisão de não entrar na disputa este ano. Com isso, Léo ainda está tentando novas parcerias. Tem até a sexta-feira desta semana para decidir. Se tivesse topado, Jesualdo seria, sem dúvida um reforço de grande peso, na candidatura de Léo Moraes, que, até agora, fechou apenas uma parceria, embora das mais fortes e importantes, com Jaqueline Cassol e o PP, já que ela será a candidata ao Senado na aliança feita. Jesualdo é uma liderança incontestável em Ji-Paraná e na região, mas também em todo o Estado. Na eleição que disputou ao Senado, em 2018, praticamente sozinho e sem dinheiro, fez quase 196 mil votos, 48 mil deles só em Porto Velho e outros 42 mil em sua cidade, Ji-Paraná. Embora tenha decidido, há algumas semanas, ficar de fora da eleição deste ano, Jesualdo é nome quentíssimo para voltar à prefeitura de Ji-Paraná, cidade que comandou por dois mandatos, com grande sucesso. Este projeto, para daqui a dois anos, está mantido!
NÃO DEU OUTRA: MINISTÉRIO PÚBLICO JÁ QUESTIONA AUTORIZAÇÃO DO IBAMA SOBRE ASFALTAMENTO DA BR 319
Não demorou nem 48 horas. Mal o Ibama anunciou a autorização ambiental para as obras do trecho do meio da BR 319, o Ministério Público Federal do Amazonas já avisou que vai tentar barrar a obra e investigar dos motivos da autorização ter sido dada pelo órgão yão em cima da eleição de outubro deste ano. Ou seja, antes, apoiava o Ibama que demorou 13 anos para dar o aval ao reasfaltamento da 319 e agora coloca o órgão sob suspeita, porque autorizou. O jornalista Alan Alex, do blog Painel Político, confirmou as informações. Segundo o blog, "o Ministério Público Federal do Amazonas vai realizar uma análise para "definir medidas cabíveis" sobre autorização prévia concedida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente, Ibama, para a reconstrução do trecho do meio da BR-319 – que liga Manaus a Porto Velho". Agora, o problema seria o fato do Ibama ter ignorado "orientação" do PMF, dada em setembro de 2019, para que as diligências em relação à autorização da obra fossem suspensas até que fosse feita uma consulta aos "aos povos indígenas e povos tradicionais potencialmente impactados pela reconstrução da rodovia". É bom lembrar o que aqui, nesta espaço, tem se comentado constantemente: há forças muito poderosas, no Brasil e fora dele, querendo impedir que um dia Manaus fique ligado novamente ao resto do Brasil, por terra. Não será fácil a obra ser mesmo realizada, mesmo com autorização do Ibama, que, agora, já tem seus poderes de decidir sobre a BR 3189 questionados.
MÉDICO HIRAN GALLO, DO CFM, RECEBEU VISITA HISTÓRICA DE BOLSONARO E SERÁ HOMENAGEADO COM COMENDA PRESIDENCIAL
O rondoniense Hiran Gallo, que orgulha nosso Estado, comandando o Conselho Federal de Medicina (CFM), que reúne mais de 600 mil médicos do país, teve uma quarta-feira especial, na semana passada e terá uma sexta-feira também cheia de emoção, amanhã. Gallo e a diretoria do Conselho receberam, na semana passada, pela primeira vez, na longa história da entidade, a visita de um Presidente da República. Dias antes, Hiran Gallo tinha falado por telefone com Bolsonaro, apresentando algumas importantes reivindicações do setor. Para surpresa dele, o Chefe de Governo avisou que iria pessoalmente, para uma visita ao CFM, para tratar dos assuntos em pauta. Do encontro, participaram o ministro da saúde, Marcelo Queiroga e dois rondonienses: o senador Marcos Rocha e a deputada federal, médica e candidata ao Senado, Mariana Carvalho. Entre outras reivindicações, o CPF pede melhor qualidade e ensino nas faculdades de Medicina, e o Revalida ao menos duas vezes por ano, com provas para que médicos formados no exterior possam trabalhar no Brasil. Bolsonaro determinou estudos sobre estes temas e outros, reivindicados. Já nesta sexta, Dia Nacional da Saúde, Hiran Gallo recebe mais uma homenagem. Decreto Presidencial concedeu ao médico rondoniense a Comenda da Ordem do Mérito Médico, na Classe Grande Oficial, "pelos relevantes serviços prestados à saúde pública brasileira" O anúncio da homenagem é assinado pelo ministro da saúde, Marcelo Queiroga.
MDB TEM CANDIDATA AO SENADO, MAIS TRÊS MULHERES PARA A CÂMARA E OUTRAS SEIS PARA A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Cláudia Moura, irmã do ex-governador e atual senador Confúcio Moura foi conformada, oficialmente, pela ata da convenção do partido, como a candidata ao Senado. Ainda não foram anunciados os nomes dos suplentes. O MDB, que por maioria de votos decidiu que apoiará a candidatura à reeleição do governador Marcos Rocha, lançou também nove nomes para a Câmara Federal e 19 para a Assembleia Legislativa. São três mulheres (Sandra Santos, Cláudia Rodrigues e Marcela Bonfim) e seis homens (Lúcio Mosquini, Thiago Flores, Tiziu Jidalias, Professor Uberlando Leite, Rafael Maziero e Silmar Camarini). Para a Assembleia Legislativa são 19 nomes. Elas: Glaucione Rodrigues, Daiana Huff, Maria Cleuza Silva Souza, Eduarda Carolini Couto, Renata Carmo Rebelatto e Matula Verolande Carvalho. Eles: Jean Oliveira, Willames Pimentel, Nélio Alencar, Adriano Lima, Luis Eduardo Schincaglia, Jeferson Silva, Willinton Góes da Fonseca, Nelson Fernandes, Enoque do Carmo, Francisco França, Valdinei Francisco, José Carlos Martins e Francisco Alves Oliveira. O MDB sonha com duas cadeiras na Câmara Federal e entre três ou quatro na Assembleia. Há muita gente do partido que gostaria que mais dois nomes constasse nesta lista de candidatos: o ex-senador Valdir Raupp e a ex-deputada federal Marinha Raupp. Em breve, quem sabe, os dois estarão de volta…
PERGUNTINHA
Alguém aí já ouviu, alguma vez na vida, o nome da senadora Soraya Thronicke, do Mato Grosso do Sul, que pode ser a nova candidata do União Brasil à Presidência da República?