Em meio ao alerta do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para crise climática decorrente do aquecimento do planeta, consequência da ação humana, e os índices alarmantes – crescentes a cada ano – de desmatamento e queimadas na Amazônia, a Ação Ecológica Guaporé (Ecoporé) celebra a renovação para a terceira edição do projeto Viveiro Cidadão, que desde 2013 promove a recomposição florestal de áreas degradadas para a proteção de recursos hídricos e solo, redução de emissão de gases de efeito estufa, aumento dos estoques de carbono e apoio a agricultores familiares para a produção sustentável e de baixo carbono.
O Viveiro Cidadão, que conta com patrocínio da Petrobras, reforça o pioneirismo das ações da Ecoporé, que desde o final da década de 1990 chama a atenção para a importância da proteção e recuperação de matas ciliares e reservas legais em propriedades rurais do estado.
Histórico
Desenvolvidas em 1999 e 2000/2002, as campanhas "Mata Ciliar e Água – Preserve-as" e "Valorização de Reservas Legais e Matas Ciliares", respectivamente, foram as primeiras ações com abrangência do estado nesse sentido.
A partir de 2007, o projeto D'Alincourt marcou o início da história da recuperação da vegetação da região, proporcionou a instalação de infraestrutura para o desenvolvimento das ações, além de geração de conhecimento acadêmico e a identificação de matrizes porta sementes, culminando na realização efetiva da recuperação e proteção das nascentes em 120 hectares em apoio a 151 propriedades rurais daquela bacia.
Em 2013 o projeto foi estendido, desta vez com a missão de promover a recuperação em 59 propriedades rurais onde estão localizadas de 90 (37%) das 237 nascentes localizadas na microbacia do igarapé Manicoré, principal afluente do D'Alincourt. A ação foi essencial para reduzir problemas em áreas de mata ciliar, como a erosão, assoreamento e alterações na quantidade e qualidade da água disponível para abastecimento urbano e rural de Rolim de Moura.
Foram realizados treinamentos, extensão rural especializada, distribuição de 680 mil mudas e sementes de espécies nativas, material de isolamento das áreas de Preservação Permanente, incluindo a instalação de modelos de reflorestamentos com geração de renda. O projeto foi encerrado em 2013 com o apoio a recuperação de mais de 200 hectares em 210 propriedades rurais.
Resultados 10 anos depois
O impulso proporcionado pelas ações de restauração fica evidente quando são analisados dados de cobertura florestal para as microbacias dos igarapés D'Alincourt e Manicoré. No ano de 2005, 75,96% dos 5.867,61 hectares ocupados pela microbacia do D'Alincourt haviam sido desmatados. Em 2015 se constatou um aumento de 4,47% no índice de cobertura vegetal da mesma região, indicando um aumento de 262,37 hectares de floresta a partir de 120 recuperados, ou seja, o dobro.
"A restauração florestal na região de Rolim de Moura tem como início a resolução de um problema de abastecimento urbano, tendo o rio onde há a captação de água para o município uma grande diminuição de sua vazão principalmente pela transformação do ambiente, com suas nascentes e margens desmatadas principalmente para o plantio de pastagens visando a pecuária de leite e corte", explica Paulo Bonavigo, biólogo e presidente da Ecoporé.
A partir de 2013, ano em que se encerraram as ações do projeto D'Alincourt, a Ecoporé iniciou a primeira edição do Viveiro Cidadão, em continuidade à restauração florestal na região. Uma demanda crescente frente aos impactos ambientais decorrentes do desmatamento
Nessa primeira edição do Viveiro Cidadão, as ações de restauração foram expandidas para mais dois municípios (Novo Horizonte e Castanheiras). Renovado em 2017 e, agora, pela terceira vez, em 2021, o atendimento chegará a 10 municípios. Entre os anos de 2013 a 2019, foram mais de 500 propriedades rurais atendidas pela Ecoporé, além do apoio à restauração em 350 hectares.
Desde o início, as propostas vão ao encontro da carência de espaços para a discussão das questões socioambientais da região e de boas práticas de planejamento e uso de solo das propriedades rurais, a partir de metodologias participativas e do envolvimento da sociedade em geral.
Com ampla experiência de atuação, o projeto é hoje uma referência em restauração florestal, educação, inclusão produtiva e socioambiental não só em Rondônia, mas também dentro da carta de iniciativas socioambientais da Petrobras, contribuindo diretamente para implantação de políticas e acordos internacionais de conservação da biodiversidade e mitigação das mudanças climáticas na paisagem amazônica, alinhadas aos objetivos do desenvolvimento sustentável da agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), também conhecida como a Década da Restauração de Ecossistemas.
Principais ações
Os três eixos de mudanças propostos pelo Viveiro Cidadão são a I) Educação Ambiental, II) Recuperação de Áreas e Produção Inclusiva e Sustentável e III) Promoção da Biodiversidade. Entre as principais ações estão produção e distribuição de mudas florestais, insumos para apoio a recomposição florestal e implantação de sistemas produtivos sustentáveis; ações de educação ambiental tanto através da metodologia Viveiros Educadores quanto com a instalação do jardim sensorial voltado para crianças em primeira infância e pessoas com deficiência; implementação da Rede de Sementes da Bioeconomia da Amazônia; implantação da Escola da Restauração, entre outros.