O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adahnon, expressou, nesta segunda-feira (12), preocupação com o aumento exponencial de casos e mortes da Covid-19 no mundo e advertiu que a doença não é uma simples gripe.
"Esta doença não é gripe. Pessoas jovens e saudáveis morreram e ainda não entendemos totalmente as consequências de longo prazo da infecção para aqueles que sobrevivem", afirmou Tedros.
Em março do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em um pronunciamento veiculado na televisão: "Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido, quando muito, de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico, daquela conhecida televisão".
A frase de Bolsonaro correu o mundo e diversas autoridades alertaram que a Covid-19 não é uma gripe.
Ainda sem citar nomes e exemplos de países, o diretor-geral afirmou nesta segunda que, apesar do aumento nos casos, alguns países continuam permitindo festas e aglomerações.
"Também queremos a reabertura das sociedades e economias e a retomada das viagens e do comércio. Mas, neste momento, as unidades de terapia intensiva em muitos países estão transbordando e as pessoas estão morrendo, e isso é totalmente evitável. Em alguns países, apesar da transmissão contínua, os restaurantes e casas noturnas estão lotados, os mercados estão abertos e lotados, com poucas pessoas tomando precauções", disse.
'Não se engane, vacina não é única ferramenta'
A diretora técnica na OMS, Maria van Kerkhove, alertou que a pandemia um "ponto crítico", uma vez que as com infecções estão crescendo exponencialmente, mesmo mais de um ano após o início da pandemia.
"Estamos em um ponto crítico. A trajetória da pandemia está crescendo de forma exponencial. Não é a situação em que queremos estar 16 meses depois do início da pandemia, quando dispomos de medidas de controle eficazes", disse van Kerkhove.
Segundo o dirigente, mesmo com mais de 700 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 já aplicadas na maioria dos países, abril já registrou o quarto maior número de novas infecções em uma semana desde o início da pandemia.
"Acabamos de ver sete semanas consecutivas de aumento de casos e quatro semanas de aumento de mortes. A semana passada foi o quarto maior número de casos em uma única semana até agora (…) Isso apesar do fato de mais de 780 milhões de doses já terem sido administradas em todo o mundo".
Tedros voltou a afirmar que apenas a vacinação não será capaz de conter o coronavírus e, por isso, manter as medidas sanitárias individuais e coletivas é essencial.
"Não se engane, as vacinas são uma ferramenta vital e poderosa, mas não são a única ferramenta. (…) vamos continuar dizendo isso. O distanciamento físico funciona. Máscaras funcionam. A higiene das mãos funciona. Ventilação funciona. Vigilância, teste, rastreamento de contato, isolamento, quarentena de apoio e cuidado compassivo – todos trabalham para impedir novas infecções e salvar vidas" – Tedros Adahnon.
O dirigente afirmou, contudo, que a pandemia pode ser controlada em "questão de meses" com vacinação equitativa e medidas de saúde pública.