Na quarta-feira (3) de março, o Estado de Rondônia alcançou a marca das 2.944 mortes. O número de óbitos é mais que o triplo de óbitos ocorridos desde o início da pandemia no Uruguai, país com quase 4 milhões de habitantes. No Estado em que a população não chega aos 2 milhões, as medidas de saúde pública – de um lado tentam apaziguar os efeitos devastadores provocados pelo novo coronavírus. Enquanto que na outra parte suplicam um endurecimento das regras pelo governo estadual, “que ao tentar resolver o caos cria situações que acabam desorganizando o sistema sanitário e a própria economia. Não adianta ter decreto se não tem lei”, declara a publicitária Uiliana Bezerra.
Um virologista na área de saúde em Rondônia que prefere não se identificar, explica, que o erro principal que levou o Estado ao cenário caótico em que se encontra hoje, está justamente nas medidas adotada e sem grandes relevâncias pelo governo estadual. “Quando o governador Marcos Rocha (sem partido) assina um decreto afirmando o que não se deve fazer nesse período, em seguida aparecem as entrelinhas que suavizam as determinações. E são nessas entrelinhas que escondem as brechas “do isso pode e aquilo não pode, com a condição que.” É como se ele estivesse dando margem para que os desrespeitos ocorressem. Isso demonstra total incapacidade de ação do chefe do executivo para resolver problemas. Rocha precisa decidir para quem e a quem ele governa. Ao povo ou para uma minoria de empresários portovelhenses. Os decretos mais recordam o trecho do soneto de Camões: “É contentamento descontente”, explica virologista .
As ações policiais em andamento, indo de encontro com aquelas pessoas que insistem em estar nas ruas, manter as aglomerações, desrespeitar as medidas de distanciamento, mostram claramente o resultado da falta de rigor do governo em cobrar a população. “Em dezembro praticamente tudo foi liberado. O governo de Rondônia sabia do cenário de casos e de mortes que o Estado atravessava naquela época. Ainda assim, autorizou a abertura de bares, boates, e festas de final de ano. Isso não sou eu que estou afirmando. Procurem os decretos. As decisões estão todas lá. Autorizações explícitas que ao invés de resolver pela ausência de deveres, acabaram fazendo com que o povo não creditassem mais nos decretos. Agora no atual momento de tensão, pra não dizer aflição, a Polícia precisa está fazendo o trabalho de babá de marmanjos irresponsáveis que deveriam sair da porta de bares direto para a cadeia. O problema é que não existe na prática punição para essas pessoas. Mas como já vimos antes, nem mesmo os decretos punem”, destaca.
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Rondônia conta com 332 leitos de Unidade de Terapia Intensiva, o que atualmente é insuficiente para a demanda que explode de forma vertiginosa todos os dias. A quantidade chega a ser invejável até mesmo para um país com PIB menor existente na América Latina. Para ter ideia do cenário desesperador que enfrenta o Estado, pouco mais de 102 pessoas aguardam por leito de UTI. A grande dúvida é se essas pessoas sobreviverão à espera de algo que é urgente.
Em mais um decreto estadual lançado na terça-feira, o governo mantém o estado de calamidade pública, com fins na prevenção e enfrentamento à pandemia. Além disso, revogou o Decreto nº 24.871, de 16 de março de 2020, restringindo a locomoção de pessoas nas fases 1 e 2 das 21 as 6h. Exceto serviços essenciais. A restrição de locomoção e circulação pessoas, das 21 de sexta-feira até as 6h de segunda-feira, para os municípios nas fases 1 e 2.
Criticado nas redes sociais, o governador Marcos Rocha começa a sentir a pressão popular de quem vive o drama da doença em casa, na rua e nos hospitais públicos e privados. Ontem o Estado bateu mais um triste recorde, ao marcar, 28 óbitos em menos de 24 horas. Não é difícil prevê que o número ainda é de longe o ápice do que pode se transformar o Estado de Rondônia em poucos dias.