O Itamaraty anunciou nesta sexta-feira, por meio de nota, que fechou acordo com Portugal para a realização de um voo comercial extraordinário entre Lisboa e Guarulhos para repatriar brasileiros retidos no país europeu. Centenas ficaram sem conseguir voltar para o Brasil depois que o governo português suspendeu os voos entre os dois países no final de janeiro. Na semana passada, a suspensão foi prorrogada até o 1º de março.
O voo está previsto para a próxima sexta-feira, dia 26, e será efetuado pela empresa aérea TAP, segundo o Ministério das Relações Exteriores brasileiro. As viagens foram suspensas devido ao agravamento da pandemia de coronavírus em Portugal depois das festas de Natal e ao temor da chegada de novas variantes do coronavírus encontradas no Brasil.
“O voo de 26 de fevereiro é uma operação privada. Os interessados devem tratar diretamente com a TAP da marcação ou aproveitamento de bilhetes aéreos”, informou o ministério na nota. “Tendo em vista o estado de emergência e as restrições vigentes em Portugal, somente poderão ingressar no aeroporto os passageiros com bilhetes confirmados pela TAP”, completa o texto.
Segundo o MRE, as exigências de documentação para viagem permanecem inalteradas, assim como a apresentação de teste negativo para Covid-19 e o preenchimento de formulário da Anvisa (declaração de saúde do viajante) para entrada no Brasil.
A possibilidade de que novos voos sejam realizados, “em bases igualmente comerciais”, também não foi descartada, e “segue sendo tratada por ambos os governos pelos canais apropriados”, afirmou o Itamaraty.
Na última semana, duas famílias de imigrantes brasileiros que tinham passagens de volta ao Brasil compradas chegaram a dormir no chão do aeroporto de Lisboa, como havia acontecido durante a primeira onda da pandemia, entre março e abril de 2020, para pressionar o governo brasileiro a providenciar voos de repatriamento. Formou-se um grupo de WhatsApp com 360 pessoas que tinham passagens compradas, mas não conseguiam voltar.
A maior parte delas diz não ter mais condições de se manter em Portugal, por terem perdido empregos por causa da pandemia, ou de arcar com os custos extras de incluir uma conexão até países que ainda mantêm voos para o Brasil, alternativa para deixar o país recomendada pelo Consulado Geral do Brasil em Lisboa.
O GLOBO entrou em contato com o Itamaraty para mais esclarecimentos sobre as condições de viagem e o agendamento de bilhetes para o voo, mas ainda não obteve resposta.