Às 10h da manhã da segunda-feira (16), o vaivém do trator esteira novamente se incorpora ao cenário rotineiro de ciclistas, motociclistas, pessoas a pé e caminhoneiros que transportam contêineres carregados de grãos e mercadorias diversas.
Passado o inverno amazônico (chuvas regulares, e às vezes intensas, possivelmente até abril) na região, começa a pavimentação da Estrada Belmonte, em Porto Velho. O ritmo de trabalho então se intensificará.
A rodovia que escoa a produção agrícola no município e move diversas cargas de exportação pelas águas do Madeira, situa-se entre as águas desse rio e uma área pantanosa sempre sujeita ao acúmulo de sedimentos. Há um trecho prejudicado pela erosão.
No momento, a equipe desembarca carregamentos de pedras dinamitadas na Hidrelétrica Santo Antônio. Nos dias de estiagem, caminhões-caçamba aumentarão o volume de pedras.
Assim, o DER marca sua presença no período, com a garantia de impulsionar os serviços no próximo verão. Mas já começou a fazer o possível: tapar buracos numa extensão de um quilômetro a partir do acesso pela Avenida Farquhar.
“Os insumos estão em fase de licitação, teremos ali 8.640 metros cúbicos de asfalto CBUQ”, anuncia o engenheiro civil do Departamento de Estradas de Rodagem, Heitor Santos Lozada.
Segundo o coordenador de operação e fiscalização do DER, engenheiro Diego Corrêa, a parceria com a Usina Hidrelétrica possibilitará a elevação do greide (nível do aterro) de 50 cm, obra em que o governo estadual investirá R$ 1,4 milhão. A Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento de Porto Velho custeia o combustível das máquinas.
Segundo Lozada, na sequência está previsto o asfaltamento de quatro quilômetros e, posteriormente, mais cinco de patrolamento e cascalhamento, inteirando a obra que se estenderá totalmente a dez quilômetros.
Até segunda (16), as máquinas deram conta da estabilização do solo e do assentamento de 400 metros da pedra rachão.
O BGS (brita graduada simples) será aplicado em camada de 20 centímetros, o asfalto CBUQ (concreto betuminoso usinado a quente) em camada de 9 cm.
Com o início do verão, mais 240 metros de enrocamento serão construídos no trecho com erosão. Enrocamento é o revestimento que serve de fundação, utilizando pedras de grande dimensão, servindo de base ao massame.
Na poeira que cobre o leito após qualquer estiagem, ou no barro das chuvas fortes da estação, eles se esforçam para concluir a base do primeiro trecho. Às 7h a equipe de seis homens pega duro no trecho inicial, com intervalo para almoço. A jornada é concluída às 17h.
TRABALHADORES MADRUGAM
Começam nesse horário, porém, se levantam bem antes, conta Emerson Pinheiro Rodrigues, chefe de campo. “Moramos todos distantes daqui”, comenta o lançador de rochas.
Janderson Rocha Ribeiro, por exemplo, vem do bairro Cristal da Calama, onde mora com a mãe, dona Maria do Espírito Santo Torres Rocha. Eram três na família, mas dois irmãos dele faleceram. “Eu me levanto todo dia às 6h”, diz enquanto explica a importância e a eficácia da pedra rachão.
Nos próximos meses e durante o segundo semestre de 2020, a equipe terá, pelo menos, o triplo de operários para cumprir o cronograma previsto pelo DER.
O greide tem que ser elevado: de um lado está o rio Madeira, de outro, área pantanosa
PEDRA RACHÃO E BGS
“É um material de primeira qualidade, originário da reciclagem de insumos construtivos, serve para tudo na estrada”, diz.
A pedra rachão é também conhecida também como pedra de mão, uma das maiores pedras utilizadas que não passar por processos em que são utilizados britadeiras.
Unido à pedra rachão, o BGS fará aparecer de fato a “nova” estrada. Trata-se de material usinado de produtos de britagem de rocha.
Na engenharia de construção, usado em proporções adequadas, o BGS resulta no enquadramento numa faixa granulométrica contínua, revelam as normas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Quando bem compactada, a BGS oferece o produto final com estabilidade e durabilidade.
Montezuma Cruz
Fotos: Daiane Mendonça