O desafio nas redes era que os universitários postassem fotos deles no primeiro e último períodos, para mostrar se —e o quanto— mudaram neste intervalo de tempo. O recém-formado em Educação Física Thomas Reis, que passou pela transição de gênero enquanto estudava, aceitou a proposta, e viralizou.
No post em seu Twitter, replicado mais de seis mil vezes e com mais de 110 mil curtidas, seguidores chegam a duvidar que se trata da mesma pessoa. "Era um homem de peruca", escreveu um. Thomas não deixou passar em branco.
Primeiro período // oitavo período https://t.co/ykSDyQPaKs pic.twitter.com/HCzueGZn2x
— thomas (@thomasscristian) January 22, 2020
Num outro post, uma seguidora diz acreditar que a transição de Thomas não deve ter sido fácil, e ele fala em privilégio por ter recebido apoio.
Era um homem de peruca.
— Lei Costa (@leicosta_) January 24, 2020
Outras pessoas trans também aproveitaram para mostrar suas mudanças.
Primeiro período // oitavo período https://t.co/ykSDyQPaKs pic.twitter.com/HCzueGZn2x
— thomas (@thomasscristian) January 22, 2020
Em entrevista para Universa, Thomas conta que sempre se sentiu no corpo errado. Aos 5 anos, por exemplo, recorda-se que não gostou da festa de aniversário, com temática da Cinderela, personagem da Disney. "Coloquei um vestido rosa horroroso, e troquei porque aquilo não era o que eu queria".
Mas somente enquanto estudava Educação Física na Universidade Estadual de Goiás, aos 20 anos, começou a ler pesquisas sobre a transição de gênero, ao mesmo tempo em que passou a ser acompanhado por uma psicóloga. Dois anos após esses estudos, ele diz, contou para os pais de sua decisão. A recepção não foi das melhores no início, mais por medo do preconceito, mas ele fala que no final a família ficou ao seu lado:
"Ouvi da minha mãe o que ela falou quando me assumi lésbica: 'dentro de casa posso te proteger, mas fora não, e o mundo é mau."
A faculdade, ele aponta, também o tratou com respeito, e hoje Thomas segue os estudos na Espanha, onde começará um mestrado:
"Quero que as pessoas trans enxerguem que é direito delas ocupar o espaço que quiserem. O mundo é delas também. Já escutei que não seria ninguém, e hoje estou na Europa estudando. Sou uma porcentagem mínima privilegiada, mas quero espalhar conhecimento e mostrar que é possível estar dentro de ambientes escolares".