Colegas, familiares e amigos estão reunidos na manhã desta quinta-feira (02/05/2019) para dar o último adeus ao professor Júlio Cesar Barroso de Souza, 41 anos, assassinado a tiros por um aluno dentro da Escola Estadual Céu Azul, em Valparaíso (GO), no Entorno do Distrito Federal. O velório ocorre na capela Divino Espírito Santo, em Santa Maria.
Muito emocionada, a viúva Daiane Alves, 31, se mantém ao lado do corpo do marido dentro da igreja. A todo momento, recebe abraços de colegas de Júlio, que também estão muito abalados com a tragédia. “Eu fui uma das primeiras a chegar na sala e ver o corpo. Estou sem dormir, só pensando nisso”, relatou uma professora, que não quis se identificar.
Também docente da unidade de ensino, Mateus Alves, 45, descreveu o coordenador como uma pessoa “pacata, tranquila, serena e equilibrada”. O enterro do corpo de Júlio será também nesta quinta, no Cemitério de Brazlândia.
“A escola terá que passar por uma transformação radical. A sala dos professores não tem condição alguma de permanecer onde está”, ressalta. Segundo Alves, o colégio ficará de ponto facultativo até dia 13 de maio.
Apesar da tragédia, Mateus espera transmitir uma mensagem de esperança a todos que atuam na profissão. “Meu recado para todos os professores é não desistir jamais, nunca deixar de acreditar na humanidade. Não é o primeiro episódio assim e não será o último, mas não deve trazer um desespero. O educar pesa mais do que todas essas dificuldades”, disse.
A cerimônia do velório foi conduzida pelo padre Luiz Meire, que teve contato com Júlio Cesar durante a catequese. “Ele era fiel e assíduo nas atividades da igreja”, conta o pároco. “Eu disse à esposa dele para que ela ficasse tranquila e confiasse no Senhor”, acrescentou.
Alunos do Colégio Estadual Céu Azul também marcaram presença na homenagem, alguns vestidos de preto, em sinal de luto. Um colega de sala do estudante apreendido diz que “nunca imaginou que ele fosse chegar a esse ponto”. Segundo o garoto de 17 anos, o suspeito de ter cometido o crime era calado e conversava com poucos. “Eu estava passando perto da escola no dia e só vi a multidão correndo desesperada, dizendo que tinham acertado alguém”, lembra.
Estudante apreendido
Menos de 24 horas depois de entrar na escola e disparar dois tiros contra o coordenador, o adolescente de 17 anos foi apreendido, no feriado de 1º de Maio. Segundo a Polícia Civil de Goiás, a própria mãe indicou onde o filho estava.
Mesmo abalada, a mulher levou os policiais até o esconderijo do garoto, que é aluno do segundo ano do ensino médio da escola. Por volta das 12h30 dessa quarta-feira (01/05/2019), ele foi encontrado em cima de uma árvore, na casa de uma conhecida da família dele, no Pedregal, Novo Gama (GO). A mulher pediu e o estudante se entregou.
A mãe contou que o filho estava escondido em uma casa. “Ela foi até ele e o menino desceu da árvore. Os dois trocaram um abraço e o garoto se entregou”, relatou o delegado Rafael Pareja, que conduz as investigações. O adolescente passou a noite na delegacia do Valparaíso. Nesta quinta-feira (02/05/2019), será apresentado ao juiz e promotor da Vara da Infância e da Juventude. Depois, seguirá para um centro de internação de menores.
O crime ocorreu por volta das 15h de terça-feira (30/04/2019). Após ter sido repreendido pelo coordenador, pela manhã, o estudante saiu dizendo que voltaria. À tarde, ele retornou armado e deu dois tiros em Júlio Cesar – um deles na cabeça da vítima, que já estava caída no chão. O docente deixa a esposa e dois filhos pequenos.