HUMAITÁ, sul do Amazonas – Essa parte da mesorregião do Estado amazonense há muito é considerada frágil e vive com suas divisas escancaradas até ao lado rondoniense da BR-319, a 200 quilômetros da Capital Porto Velho.
A tentativa de assalto ao carro-forte da Empresa de Transporte de Valores PROSSEGUR demonstrou isso, disse um ex-chefe de Destacamento Militar à altura do quilômetro 42, onde funcionava um Posto de Fiscalização. Agrosilviopastoril do IDARON, na divisa entre a cidade de Porto Velho e Canutama. Segundo ele, “essa é a mais perigosa para o transporte de dinheiro das empresas para bancos e desses às bases da transportadora”.
– É fato, ele enfatizou.
Os assaltantes que interceptaram o carro-forte na BR-319 ao menos três semanas, de acordo com o que disse o militar “denotaram agir como amadores, se a perícia considerar o uso de um pé-de-cabra para arrombar o cofre do veiculo”. Na ação, de diferente, “apenas o manuseio de um fuzil com o qual feriram dois seguranças, além do estouro dos pneus à média distância do teatro onde ocorreu o confronto”.
A respeito do sistema de segurança usado nos veículos que transportam dinheiro, minérios (ouro, diamante ou pedras preciosas de alto valor), apólices ou documentos confidenciais pela BR-319, “correrão sempre risco”. Ele disse que, “a partir de Porto Velho, sem barreira policial na ponte sobre o Rio Madeira, qualquer bandido ralé vai intentar contra os carros-fortes, outra vez”.
– Cheios de dinheiro ou com os cofres vazios, eis a grande dúvida, sentenciou o militar amazonense aposentado.
Já os consultores jurídicos em sistema de segurança em planejamento estratégico João Roberto, 47, e Carlos Alberto da Silva, 50, acreditam que as empresas na ponta de baixo do País nunca acreditavam nesse tipo de operação à semelhança da que acontece no resto do Brasil.
Para eles, desde às bases das transportadoras em Porto Velho e Rio Branco (AC) – onde se guardaria os valores -, “é fato a falta de investimento em tecnologia e soluções para garantir o setor de transporte e logística”.
– Apenas 200 quilômetros separam às agências bancárias de Humaitá das quadrilhas cujo acesso pelo Sul e Sudeste não seria monitorado plenamente, acreditam eles.
“Nem sempre as soluções previstas para a área de transporte de valores seria o apoio-chave para se evitar os assaltos com explosões dos carros-fortes, vazamentos de informações estratégicas por seguranças ou suas mortes na troca de tiros cruzados”, afirma Carlos Alberto.
Segundo disse ao NEWSRONDÔNIA, nessa parte Sul do Estado amazonense, “é preciso obrigar as empresas a investirem mais nos homens da segurança dos carros-fortes e na aquisição de munições e armamento pesado”. Apesar da legislação ainda dizer que “apenas é legal ouso de escopeta Calibre12 e Pistola”. Enquanto isso, as quadrilhas continuam com acesso fácil a armamentos de guerra, do tipo fuzis 562, FAL, PARAFAL e metralhadoras anti-aéreas (Calibre 50) usada para derrubar helicópteros e avião de combate.
Os dois consultores não vislumbram dias melhores para os seguranças (vigilantes) das empresas de transporte de valores, enquanto o deslocamento de dinheiro pelos carros-fortes não for monitorado por sistemas inteligentes. Segundo eles, “a base, mesmo ao longo da BR-319 e BR-364, seria acionada pelos seguranças e logo perceberia que estaria sendo roubada e dessa, os federais fechariam as entradas e saídas, tanto à Bolívia quanto ao Amazonas e Acre”.
A manter sistemas antigos, arcaicos e sem adequar os seguranças em maior ou igualdade de condições de operação com o que de mais modernos em munições e armamentos as quadrilhas usam, “a segurança dos valores e a proteção dos trabalhadores serão sempre presas fáceis de matarem”, completaram.
Na Capital rondoniense, com a morte de uma das vítimas da tentativa de assalto ao carro-forte da Empresa PROSSEGUR – a 120 quilômetros de Humaitá -, aumentou a preocupação com novas intentonas ao longo da BR-319 e BR-364. Segundo disseram ao NEWSRONDÔNIA, “o Brasil é ainda o País mais perigoso do mundo para transportar dinheiro em carros-fortes”, arremataram os consultores.