Por Paulo Ayres de Almeida
CRÔNICA – O povo ainda se contenta com pão e circo, ou falsos salvadores da pátria. Os dias passam, mas, ainda fica aquela sensação de temor, de tormenta, afinal, a tempestade ainda é efervescente e imprevisível.
Abichornado, o momento eleitoral causa seguramente certa incomodação, diante da cegueira, do desconhecimento, das manobras que se sudecem neste país do oba-oba e do faz de conta.
O Brasil certamente não aprende com seus erros. Assim sendo, entendo ser peremptório, manifestar-me, diante deste apedeutismo histórico, em que se defende a correção na política e obviamente dos governanentes, mas, se elege um expressivo contingente de elementos nocivos, defensores camuflados do cinismo ético e moral. Depois vem aquele velho discursinho, do Brasil que eu quero.
Recentemente enquanto o país bancava obras milionárias em outros países com recursos públicos, e o crime organizado se encastelava soberanamente no poder central, se contabilizava o triste balanço da escalada assombrosa do desemprego e da insegurança pública, ao ponto do desafiar até mesmo o poderio militar. No entanto, grande parte da população aplaudia, a palhaçada das olimpíadas e seu legado de roubalheira e estelionato moral.
Como já se dizia no passado remoto, “panem et circenses”, ou seja, oferte pão e circo e o problema do povo estará contornado. O tirano Calígula usou esta estratégia com sucesso, enquanto autorizava estupros, apropriações, e outras selvagerias e matanças, a multidão o aplaudia. Durante este período ele era endeusado pelo povo. Correu muito sangue para que os olhos pudessem finalmente enxergar.
No Estado Novo, o ditador Getúlio Vargas, que impôs a prisão política para seus opositores e controlava rigorosamente a imprensa, também era endeusado e chamado carinhosamente de pai dos pobres. A matança de prisioneiros também acontecia, e ele acaba sendo eleito presidente, entre golpes e contra-golpes. Os incautos até hoje, elogiam a tal norma trabalhista implantada em seu governo, mas que na prática serviu para oficializar o controle governamental e o peleguismo sindical.
Feito estes registros, evidencio concisamente os fatos históricos recentes desta Terra de Santa Cruz.
Poucos ousaram protestar e alertar à nação, que este país empobrecido, apesar dos valorosos recursos, não tinha condições de assumir uma copa do mundo. Mas o Governo do Cinismo Moral e Ético, colocou tropas militares na rua, pintou os muros, escondeu a podridão e a miséria, e o resultado foi muito mais drástico e dramático que o 7 X 1.
Enquanto a roubalheira, a sacanagem, a molecagem grassava, poderíamos muito bem, a exemplo, de um recente passado de atrocidades, se utilizar de uma musiquinha daquela época do temido DOI-CODI e do famoso DOPS. Enquanto as atrocidades aconteciam, unhas eram arrancadas, mulheres violentadas, “coroa de cristo” trucidava a cabeça de brasileiros, e centenas desapareciam, também o povo cantava – "Pra Frente Brasil". Eis a letra:
"Noventa Milhões em Ação
Pra Frente Brasil
Do Meu Coração
Todos juntos vamos
Pra Frente Brasil
Salve a Seleção!
De repente é aquela corrente pra frente
Parece que todo Brasil deu a mão
Todos ligados na mesma emoção
Tudo é um só coração
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil! Brasil!
Salve a seleção!"
Este é um país, que retrocede, que defende a militarização de colégios como a salvação da educação, desconhecendo assim, que estes supostos tutores, deveriam ter cumprido com seu papel constitucional de garantir a segurança, através do policiamento ostensivo, repressivo e preventivo, mas, mas, mas, falharam. É uma total inversão.
Vou agora, utilizar outra musiquinha daqueles tempos nebulosos da matança até de esperanças. É a “coisa” intitulada de Eu Te Amo Meu Brasil. Este “hino”, vem antecedido de ordem de comando: ESCOLA. MARCHA! Confira, ela pode ser perfeitamente utilizada nos dias atuais, diante da cegueira coletiva e desconhecimento histórico. Eis:
ESCOLA, MARCHA!
"As praias do brasil ensolaradas
Lá lá lá lá
O chão onde país se elevou
Lá lá lá lá
A mão de Deus abençoou
Mulher que nasce aqui
Tem muito mais amor
O Céu do meu Brasil tem mais estrelas
Lá lá lá lá
O sol do meu país, mais esplendor
Lá lá lá lá
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras vou plantar amor
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo
Meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil
As tardes do Brasil são mais douradas
Lá lá lá lá
Mulatas brotam cheias de calor
La lá lá lá
A mão de Deus abençoou
Eu vou ficar aqui, porque existe amor
No carnaval, os gringos querem vê-las
Lá lá lá lá
Num colossal desfile multicor
Lá lá lá lá
A mão de Deus abençoou
Em terras brasileiras vou plantar amor
Eu te amo meu Brasil, eu te amo!
Meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil
Eu te amo meu Brasil, eu te amo!
Ninguém segura a juventude do Brasil!
Adoro meu Brasil de madrugada, lá, lá, lá, lá
Nas horas que eu estou com meu amor, lá, lá, lá, lá
A mão de Deus abençoou
A minha amada vai comigo aonde eu for
As noites do Brasil tem mais beleza, lá, lá, lá, lá
A hora chora de tristeza e dor, lá, lá, lá, lá
Porque a natureza sopra e ela vai-se embora enquanto eu planto amor
Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil
Eu te amo meu Brasil, eu te amo
Ninguém segura a juventude do Brasil."
“Panem et circenses”, pão e circo, ou atualizando, promova a enganação e terá o povo ao seu lado. A barganha dos recursos públicos para manter sob controle até as manifestações culturais, é uma realidade. Pareceres e discursos são logo arranjados. As entidades culturais, também sucumbem. Grande parte da imprensa se rende as bondosas verbas públicas de publicidade. Perdem graciosamente a independência.
Então, nos bancos escolares, a criançada e a juventude se lapidam em leitores de quinta categoria, que não entendem, que não compreendem, que não sabem interpretar. Vai se formatando um contingente de brasileiros conspiradores de botequim, que pregam e cobram, mas que se possível, são adeptos do jeitinho brasileiro. Se enfurecem mais com a derrota do time na partida de futebol do que com a selvageria dos hospitais públicos.
Este é o Brasil, dos escândalos, da falência do SUS, da entrega de suas riquezas, onde tem general afirmando que o negro é malandro e o índio preguiçoso. O país das desigualdades e dos privilégios, das universidades de costas para sua população, e que ainda tem brasileiro pagando R$ 300,00 para assistir o Mengão.
Então, meus caros, é hora de uma outra musiquinha, que contrasta com o triste enredo do relatório da Comissão Nacional da Verdade. O tema da fatídica musiquinha é “Este É Um País Que Vai Pra Frente”. Confira, é atual:
“Este é um país que vai pra frente
O o o o o
De uma gente amiga e tão contente
O o o o o
Este é um país que vai pra frente
De um povo unido de grande valor
É um país que canta trabalha e se agiganta
É o Brasil do nosso amor”
A arte enganando a vida, enquanto o povo cantava, muita gente sofria e morria. A história vem se repetindo, e o brasileiro insiste em não aprender.
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AUTOR: PAULO AYRES
Mensagem: “Trilhei por caminhos estreitos, como o fio de uma navalha, mas mantive a correção dos meus atos. Combati o bom combate. Paguei caro, mas não desviei do caminho.”
Atuação profissional: Jornalista, Radialista, Técnico Legislativo, Professor, Analista em RH, Tecnólogo em Gestão de RH, Consultor em Gestão de RH, Consultor em Ouvidoria na Administração Pública e Consultor em Gestão Ética na Administração Pública.
Funções exercidas: Presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Rondônia; Presidente do Lions Club Porto Velho Centro; Presidente da Associação dos Tecnólogos em Gestão de Recursos Humanos do Estado de Rondônia; e Diretor de Comunicação Social da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia.