O governo de Israel afirmou que quatro batalhões do Hamas estão agora em Rafah, juntamente com os reféns raptados durante o assalto de 7 de outubro, mas enfrenta a pressão dos Estados Unidos, da Europa e das Nações Unidas para não invadir a cidade, onde centenas de milhares de civis palestinos deslocados estão abrigados.
“A operação em Rafah ainda é limitada no espaço e nos alvos”, informou o porta-voz militar tenente-coronel Nadav Shoshani, nesta quinta-feira (16), acrescentando que os ataques foram baseados em informações específicas sobre a atividade dos militantes.
No Norte da Faixa de Gaza, em Jabaliya, um campo de refugiados com décadas de existência, as forças israelenses bombardearam o principal mercado.
Quatro palestinos morreram hoje, em um bombardeio israelense que teve como alvo uma residência no centro de Rafah, segundo o hospital desta cidade no extremo Sul de Gaza, onde estão entrincheirados os últimos batalhões do Hamas, segundo Benjamin Netanyahu.
No Sul de Gaza, os tanques mantiveram suas posições nos bairros orientais e nos arredores de Rafah, mantendo a pressão com bombardeios aéreos e terrestres. No oitavo mês de guerra entre Israel e o movimento islamita palestino Hamas, o Norte e o Centro da Faixa de Gaza foram alvo, durante a noite, de bombardeios e ataques de artilharia israelense, informou a agência de notícias AFP.
Médicos revelaram à Reuters que um projétil de um tanque israelense atingiu uma praça no interior de Rafah, matando um palestino e ferindo vários outros, enquanto residentes disseram que grupos de casas nos arredores da cidade, para onde Israel orientou os civis para evacuarem, tinham sido destruídos pelo exército.
Os residentes afirmaram que um bombardeio pesado de tanques atingiu três casas no subúrbio do bairro Brasil, a Leste de Rafah, enquanto os médicos informaram que um ataque aéreo nos arredores da cidade de Khan Younis, mais ao norte, matou e feriu várias pessoas.
Israel frisa que os ataques tinham como alvo os militantes do Hamas. “Estamos operando em locais específicos de acordo com as nossas informações e onde sabemos que os terroristas do Hamas estão escondidos, e onde pensamos que podemos encontrar túneis ou infraestruturas terroristas ou munições de vários tipos”, informou o porta-voz Shoshani.
“Encontramos muitos mísseis antitanque, e estamos tentando evitar os próximos disparos contra civis israelenses a partir dessa região”, acrescentou.
Ajuda humanitária
O exército israelense se mantém posicionado em Rafah, no lado palestino do ponto de passagem com o Egito, que é crucial para a entrada de ajuda humanitária, incluindo combustível, essencial para o funcionamento das infraestruturas.
O Egito e Israel se acusam mutuamente desta interrupção, enquanto a ajuda humanitária não passa pelo principal ponto de passagem com Israel, Kerem Shalom.
Na quarta-feira (15), os combates tiveram lugar em “zonas específicas” no leste de Rafah, onde o exército declarou ter efetuado uma operação contra um centro de treinamento do Hamas, considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.
Mercado de Jabaliya
Nesta quinta-feira, os tanques israelenses bombardearam fortemente o principal mercado no coração do campo de refugiados Jabaliya, e várias lojas foram incendiadas, revelaram os residentes e os meios de comunicação social do Hamas.
Anteriormente, o braço armado do Hamas afirmou que seus combatentes em Jabaliya tinham destruído um veículo de transporte de tropas israelenses com um foguete antitanque Al-Yassin 105 de fabricação local, deixando membros da tripulação mortos e feridos.
“Eles estão nos bombardeando como loucos, destruindo as casas e o mercado principal do campo”, disse um dos residentes de Jabaliya à Reuters.
Segundo o exército de Israel, cinco soldados foram mortos e sete ficaram feridos por dois projéteis disparados por um blindado contra um edifício onde se estavam reunidos ontem à noite, no campo de refugiados, palco de confrontos violentos com unidades do Hamas.
O exército israelense atualizou a lista de soldados mortos em Gaza e acrescentou os nomes de cinco pessoas, todas com idades entre 20 e 22 anos.
Os residentes disseram que os tanques também recuaram para a entrada da cidade vizinha de Beit Hanoun, no Norte, enquanto escavadeiras israelenses demoliam fábricas e propriedades na área.
As equipes médicas palestinas afirmaram ter conhecimento de relatos de mortes em Jabaliya, mas não conseguiram chegar até elas devido à intensidade dos bombardeios israelenses e à incursão ativa do exército.
Entre os mortos está o jornalista palestino, Mahmoud Jahjouh, e sua família, informaram médicos e colegas jornalistas.
Israel diz ter eliminado muitos homens armados em Jabaliya, mas não comentou a evolução da situação, na manhã de hoje.
Na cidade de Gaza, ao Sul do enclave, as equipes médicas e os serviços de emergência civil afirmaram que continuavam procurando vítimas nos subúrbios de Zeitoun e Sabra, depois de dezenas de corpos terem sido recuperados na sequência de um ataque do exército que durou seis dias.
Hezbolah no Líbano
O Hezbolah libanês disparou, nesta quinta-feira, dezenas de foguetes Katyusha contra posições militares israelenses em retaliação aos ataques aéreos noturnos que atingiram posições da organização fundamentalista islâmica xiita no Leste do Líbano.
Esta nova onda de violência entre a formação pró-irã e o exército de Israel surge após a morte, na noite de terça-feira, de um comandante local do Hezbollah em um ataque israelense ao sul do Líbano.
Os combatentes do Hezbollah “lançaram um ataque com mais de 60 foguetes Katyusha” contra várias posições militares israelenses nas Colinas de Golã, ocupadas e anexadas por Israel, afirmou o Hezbollah em comunicado.
Trata-se de uma “resposta aos ataques do inimigo israelense na noite passada, na região de Bekaa”, acrescentou.
Cinco ataques israelenses tiveram como alvo a região de Baalbeck, um reduto do Hezbollah no Leste do Líbano, perto da fronteira com a Síria, segundo a agência de notícias libanesa ANI, que adiantou que há um ferido e “vários danos”.
Segundo uma fonte próxima ao Hezbollah, um dos ataques teve como alvo “um acampamento militar” da formação, que tem um grande número de bases nesta região.
Um porta-voz do exército israelense “confirmou que um ataque aéreo foi realizado nas profundezas do Líbano” contra um alvo ligado a um projeto de fabricação de “foguetes de precisão” do Hezbollah.
Os ataques aconteceram depois de o Hezbollah ter dito, na noite de ontem, que tinha como alvo uma base militar perto de Tiberíades, no norte de Israel, a cerca de 30 quilômetros da fronteira com o Líbano.